Copa 2023: Campeão da era pré-FIFA, Itália usa as glórias do passado para projetar futuro promissor
As Azzurre vem de passado glorioso e tem se reinventado para conseguir título inédito da Copa do Mundo da FIFA
Divulgação
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
A Itália é um país que respira futebol. E por conta disso, não é surpresa alguma quando se diz que as italianas tem um longo histórico na prática do esporte. Nos anos pré-FIFA, chegaram a dominar o esporte e até conquistar um título equivalente a Copa do Mundo da época. Entretanto, os anos em que a entidade máxima do esporte passou a organizar a modalidade não foram gentis com a nação, que amargou péssimos resultados e tem renascido lentamente para se firmar no cenário europeu e mundial.
Origem antiga e luta contra o preconceito
O ano de 1933 é marcante para o futebol feminino italiano. Na cidade de Milão, um grupo chamado Gruppo Femminile Calcistico se reunia para realizar atividades com bola, contando com um grande número de mulheres de 14 a 20 anos. Entretanto, proibições de entidades esportivas em relação a prática do futebol feminino se tornaram corriqueiras, fazendo com que a modalidade entrasse na clandestinidade e se tornando uma opção quase secreta para suas praticantes.
Dessa maneira, apenas no pós-guerra que o futebol feminino voltou aos holofotes com a existência dos clubes Triestina e as Ragazze di San Giusto, que excursionavam pelo país no final dos anos 40. Em 1950, foi fundada a Associação Italiana de Futebol Feminino (AICF), que fomentou a criação de novos clubes por toda a Itália.
Com o fim da associação em 1959, foi só apenas em 1968 que surgiu outra entidade esportiva ligada à prática feminina: a Federação Italiana de Futebol Feminino (FICF), fundadora do primeiro campeonato italiano do país. Paralelo a isso, foi a primeira vez que uma seleção feminina italiana atuou em uma partida, vencendo a Checoslováquia por 2 a 1.
Esta equipe nacional, nos primórdios dos primeiros confrontos entre seleçõe, faturou a não-oficial Competição Europeia de Futebol Feminino de 1969 (organizado pela própria FICF) com a presença de França, Dinamarca e Inglaterra.
Meses depois, a Itália participou da primeira Copa do Mundo Feminina, também na Itália, em que as dinamarquesas conseguiram a revanche e faturaram a competição. Este torneio - sem aval da FIFA e não reconhecido até hoje - ainda teve uma nova edição em 71, no México, com as Azzurre ficando no terceiro lugar atrás das bicampeãs escandinavas e das donas da casa. Em 79, uma nova Competição Europeia organizada na Itália colocou novamente Dinamarca no topo ao derrotar novamente as donas da casa.
Nos anos 80, a Itália também participou das edições do Mundialito e chegou a final de todas as edições, vencendo três (1981, 1984 e 1986) e perdendo as edições de 1985 e 1988 para a Inglaterra.
Primeiros torneios oficiais e participação em Copas
Com a UEFA assumindo a organização do futebol feminino europeu, a Itália garantiu vaga na primeira edição oficial da Eurocopa ao vencer as eliminatórias continentais contra França, Suíça e Portugal. Na disputa do torneio, com apenas quatro clubes, foi derrotada pela Suécia, primeira campeão oficial do continente.
Em 87, as italianas voltaram ao torneio depois de superaram Hungria, Espanha e Suíça nas qualificatórias. Em mais um torneio com quatro equipes, perdeu para a Noruega (campeã da edição) e faturou a inédita disputa de terceiro lugar contra a Inglaterra. Em 89 e 91, novas participações e novas derrotas nas semi, dessa vez para o mesmo adversário: a Alemanha Ocidental, campeã das duas edições.
Com a criação da Copa do Mundo de Futebol Feminino pela FIFA em 1991, as equipes participantes da Euro representaram o continente no torneio. E pela sua chave, as Azzurre venceram Taiwan e Nigéria, perdendo para as germânicas e chegando ao mata-mata da competição. Nas quartas de final, caíram para a Noruega com um placar de 3 a 2.
A Euro de 1993 é até hoje uma das melhores marcas da seleção italiana na competição. Sede do torneio, derrotaram a Alemanha nas semi e foram para a final, mas acabaram derrotadas pela Noruega por 1 a 0.
Depois de não conseguir vaga na Euro 95, a seleção italiana voltou a competição em 97 e conseguiu outro vice-campeonato, perdendo desta vez para a equipe germânica na decisão. Dois anos depois, as Azzurre venceram a qualificatória para a Copa e retornaram ao Mundial de 1999. No torneio, ficaram na fase de grupos com um empate contra a Alemanha, uma derrota para o Brasil e triunfo sobre o México.
Novo século e falta de vaga nas copas
Com um cenário ainda amador e o nível cada vez mais crescente do futebol continental, a Itália perdeu o protagonismo na modalidade e amargou uma série de resultados inferiores as suas campanhas passadas.
Na Euro de 2001 ficou na primeira fase abaixo de Dinamarca e Noruega. Já nas eliminatórias da Copa de 2003 sequer disputou playoffs, superada por Rússia e Islândia na sua chave. No torneio continental de 2005, amargou a lanterna da chave com Alemanha, Noruega e França e na Copa de 2007 mais uma vez não participou, ficando atrás de Noruega (classificada) e Ucrânia pelas qualificatórias.
Com o aumento de participantes, a Euro de 2009 se torna um ponto de mudança em relação aos últimos ano do selecionado. Derrotando Inglaterra e Rússia na primeira fase, a equipe perde para a Suécia e avança como segundo colocado. Nas quartas, cai para o time da Alemanha, campeão desta edição.
Apesar da melhora em torneios continentais, a vaga par a Copa se tornava mais complicada a cada ano. Em 2011, por exemplo, a Itália vence seu grupo na qualificatória, mas é derrotado nos play-offs pela França. Vencendo a repescagem continental, enfrenta os Estados Unidos por uma vaga no Mundial e acaba eliminada.
Na Euro 2013, nova segunda colocação na chave leva novamente ao mata-mara, com mais uma eliminação perante a Alemanha, também vencedora dessa edição. Já na Copa 2015, novo tropeço perdendo a repescagam para a Holanda.
Retorno à Copa e novo desafio para 2023
Depois de amargar a lanterna de seu grupo, pela primeir fase da Euro 2017, o foco da equipe passou a ser o retorno ao Mundial. Batendo na trave nas duas últimas ocasiões, o Esquadrão Azul não queria repetir o fiasco e se preparou dentro e fora do campo para retornar ao Mundial depois de 20 anos.
Em um grupo com Bélgica, Portugal, Romênia e Moldávia, as italianas não deram chance ao azar e lideraram a chave para garantir sua classificação direta para o torneio. Na Copa de 2019, venceram Austrália e Jamaica para depois serem derrotadas pelo Brasil, mas com classificação já garantida ao mata-mata como primeiro lugar. Nas oitavas, derrotou a China por 2 a 0, indo as quartas e caindo perante a Holanda pelo mesmo marcador.
O retorno à Copa deu uma atenção especial ao futebol feminino no país. Entretanto, a equipe não fez uma boa campanha na Euro de 2022, ficando mais uma vez na lanterna do grupo com França, Bélgica e Islândia, ligando o alerta para as eliminatórias mundiais de 2023. Com planejamentos audaciosos da federação, que passou a profissionalizar o campeonato feminino naquele ano, a Itália fez uma campanha histórica à frente da Suíça - com apenas uma derrota e nove triunfos - retornou ao Mundial mais uma vez em sua história.
Itália na Copa do Mundo 2023
As Azzurre chegam ao Mundial no Grupo G, com três jogos na Nova Zelândia. Sua estreia acontece contra a Argentina no dia 24/7 em Wellington, com a Suécia sendo sua adversária na segunda rodada em Dunedin e as sul-africanas fechando a primeira fase no dia 2/8 novamente em Wellington.
Para o retorno ao torneio, o destaque vem por conta de Cristiana Girelli, artilheira da equipe e ponto de referência no ataque da Azzurre. Com mobilidade e precisão no chute, a italiana foi o grande destaque da equipe em 2019 ao lado de Aurora Galli e quer levar seu país para além das quartas de final.
"Espero que todas sejamos tão ousadas como fomos em 2019. Ou seja, espero que possamos jogar um pouco mais livremente, conscientes de nossos pontos fortes, enquanto aproveitamos o momento. Queremos jogar sem muita pressão, sem muitas expectativas", comentou.
Além dela, os italianos também colocam suas expectativas nas atacantes Barbara Bonansea e Valentina Giacinti, além da meia Valentina Cernoia e da zagueira Elena Linari.
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A Itália é um país que respira futebol. E por conta disso, não é surpresa alguma quando se diz que as italianas tem um longo histórico na prática do esporte. Nos anos pré-FIFA, chegaram a dominar o esporte e até conquistar um título equivalente a Copa do Mundo da época. Entretanto, os anos em que a entidade máxima do esporte passou a organizar a modalidade não foram gentis com a nação, que amargou péssimos resultados e tem renascido lentamente para se firmar no cenário europeu e mundial.
Origem antiga e luta contra o preconceito
O ano de 1933 é marcante para o futebol feminino italiano. Na cidade de Milão, um grupo chamado Gruppo Femminile Calcistico se reunia para realizar atividades com bola, contando com um grande número de mulheres de 14 a 20 anos. Entretanto, proibições de entidades esportivas em relação a prática do futebol feminino se tornaram corriqueiras, fazendo com que a modalidade entrasse na clandestinidade e se tornando uma opção quase secreta para suas praticantes.
Dessa maneira, apenas no pós-guerra que o futebol feminino voltou aos holofotes com a existência dos clubes Triestina e as Ragazze di San Giusto, que excursionavam pelo país no final dos anos 40. Em 1950, foi fundada a Associação Italiana de Futebol Feminino (AICF), que fomentou a criação de novos clubes por toda a Itália.
Com o fim da associação em 1959, foi só apenas em 1968 que surgiu outra entidade esportiva ligada à prática feminina: a Federação Italiana de Futebol Feminino (FICF), fundadora do primeiro campeonato italiano do país. Paralelo a isso, foi a primeira vez que uma seleção feminina italiana atuou em uma partida, vencendo a Checoslováquia por 2 a 1.
Esta equipe nacional, nos primórdios dos primeiros confrontos entre seleçõe, faturou a não-oficial Competição Europeia de Futebol Feminino de 1969 (organizado pela própria FICF) com a presença de França, Dinamarca e Inglaterra.
Meses depois, a Itália participou da primeira Copa do Mundo Feminina, também na Itália, em que as dinamarquesas conseguiram a revanche e faturaram a competição. Este torneio - sem aval da FIFA e não reconhecido até hoje - ainda teve uma nova edição em 71, no México, com as Azzurre ficando no terceiro lugar atrás das bicampeãs escandinavas e das donas da casa. Em 79, uma nova Competição Europeia organizada na Itália colocou novamente Dinamarca no topo ao derrotar novamente as donas da casa.
Nos anos 80, a Itália também participou das edições do Mundialito e chegou a final de todas as edições, vencendo três (1981, 1984 e 1986) e perdendo as edições de 1985 e 1988 para a Inglaterra.
Primeiros torneios oficiais e participação em Copas
Com a UEFA assumindo a organização do futebol feminino europeu, a Itália garantiu vaga na primeira edição oficial da Eurocopa ao vencer as eliminatórias continentais contra França, Suíça e Portugal. Na disputa do torneio, com apenas quatro clubes, foi derrotada pela Suécia, primeira campeão oficial do continente.
Em 87, as italianas voltaram ao torneio depois de superaram Hungria, Espanha e Suíça nas qualificatórias. Em mais um torneio com quatro equipes, perdeu para a Noruega (campeã da edição) e faturou a inédita disputa de terceiro lugar contra a Inglaterra. Em 89 e 91, novas participações e novas derrotas nas semi, dessa vez para o mesmo adversário: a Alemanha Ocidental, campeã das duas edições.
Com a criação da Copa do Mundo de Futebol Feminino pela FIFA em 1991, as equipes participantes da Euro representaram o continente no torneio. E pela sua chave, as Azzurre venceram Taiwan e Nigéria, perdendo para as germânicas e chegando ao mata-mata da competição. Nas quartas de final, caíram para a Noruega com um placar de 3 a 2.
A Euro de 1993 é até hoje uma das melhores marcas da seleção italiana na competição. Sede do torneio, derrotaram a Alemanha nas semi e foram para a final, mas acabaram derrotadas pela Noruega por 1 a 0.
Depois de não conseguir vaga na Euro 95, a seleção italiana voltou a competição em 97 e conseguiu outro vice-campeonato, perdendo desta vez para a equipe germânica na decisão. Dois anos depois, as Azzurre venceram a qualificatória para a Copa e retornaram ao Mundial de 1999. No torneio, ficaram na fase de grupos com um empate contra a Alemanha, uma derrota para o Brasil e triunfo sobre o México.
Novo século e falta de vaga nas copas
Com um cenário ainda amador e o nível cada vez mais crescente do futebol continental, a Itália perdeu o protagonismo na modalidade e amargou uma série de resultados inferiores as suas campanhas passadas.
Na Euro de 2001 ficou na primeira fase abaixo de Dinamarca e Noruega. Já nas eliminatórias da Copa de 2003 sequer disputou playoffs, superada por Rússia e Islândia na sua chave. No torneio continental de 2005, amargou a lanterna da chave com Alemanha, Noruega e França e na Copa de 2007 mais uma vez não participou, ficando atrás de Noruega (classificada) e Ucrânia pelas qualificatórias.
Com o aumento de participantes, a Euro de 2009 se torna um ponto de mudança em relação aos últimos ano do selecionado. Derrotando Inglaterra e Rússia na primeira fase, a equipe perde para a Suécia e avança como segundo colocado. Nas quartas, cai para o time da Alemanha, campeão desta edição.
Apesar da melhora em torneios continentais, a vaga par a Copa se tornava mais complicada a cada ano. Em 2011, por exemplo, a Itália vence seu grupo na qualificatória, mas é derrotado nos play-offs pela França. Vencendo a repescagem continental, enfrenta os Estados Unidos por uma vaga no Mundial e acaba eliminada.
Na Euro 2013, nova segunda colocação na chave leva novamente ao mata-mara, com mais uma eliminação perante a Alemanha, também vencedora dessa edição. Já na Copa 2015, novo tropeço perdendo a repescagam para a Holanda.
Retorno à Copa e novo desafio para 2023
Depois de amargar a lanterna de seu grupo, pela primeir fase da Euro 2017, o foco da equipe passou a ser o retorno ao Mundial. Batendo na trave nas duas últimas ocasiões, o Esquadrão Azul não queria repetir o fiasco e se preparou dentro e fora do campo para retornar ao Mundial depois de 20 anos.
Em um grupo com Bélgica, Portugal, Romênia e Moldávia, as italianas não deram chance ao azar e lideraram a chave para garantir sua classificação direta para o torneio. Na Copa de 2019, venceram Austrália e Jamaica para depois serem derrotadas pelo Brasil, mas com classificação já garantida ao mata-mata como primeiro lugar. Nas oitavas, derrotou a China por 2 a 0, indo as quartas e caindo perante a Holanda pelo mesmo marcador.
O retorno à Copa deu uma atenção especial ao futebol feminino no país. Entretanto, a equipe não fez uma boa campanha na Euro de 2022, ficando mais uma vez na lanterna do grupo com França, Bélgica e Islândia, ligando o alerta para as eliminatórias mundiais de 2023. Com planejamentos audaciosos da federação, que passou a profissionalizar o campeonato feminino naquele ano, a Itália fez uma campanha histórica à frente da Suíça - com apenas uma derrota e nove triunfos - retornou ao Mundial mais uma vez em sua história.
Itália na Copa do Mundo 2023
As Azzurre chegam ao Mundial no Grupo G, com três jogos na Nova Zelândia. Sua estreia acontece contra a Argentina no dia 24/7 em Wellington, com a Suécia sendo sua adversária na segunda rodada em Dunedin e as sul-africanas fechando a primeira fase no dia 2/8 novamente em Wellington.
Para o retorno ao torneio, o destaque vem por conta de Cristiana Girelli, artilheira da equipe e ponto de referência no ataque da Azzurre. Com mobilidade e precisão no chute, a italiana foi o grande destaque da equipe em 2019 ao lado de Aurora Galli e quer levar seu país para além das quartas de final.
"Espero que todas sejamos tão ousadas como fomos em 2019. Ou seja, espero que possamos jogar um pouco mais livremente, conscientes de nossos pontos fortes, enquanto aproveitamos o momento. Queremos jogar sem muita pressão, sem muitas expectativas", comentou.
Além dela, os italianos também colocam suas expectativas nas atacantes Barbara Bonansea e Valentina Giacinti, além da meia Valentina Cernoia e da zagueira Elena Linari.
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