Contra McGregor, hoje, José Aldo tem seu maior desafio para manter hegemonia do UFC

José Aldo é o Rei. São mais de cinco anos de hegemonia no UFC, como único campeão peso pena do evento e a posição de número 1 no ranking peso por peso, que, na prática, o coloca como melhor lutador da atualidade.

Sentar no trono permitiu a ele apelidar seu próximo rival de bobo da corte, tantas foram as provocações e graças proferidas pelo falastrão Conor McGregor. Mas, de bobo o irlandês não tem nada. Ele representa, na verdade, o maior desafio da carreira do manauara e um obstáculo para ele manter a maior dinastia da organização.

O UFC 194 encerra uma novela, já que a luta deveria ter acontecido em julho, mas uma fratura na costela tirou Aldo de ação. Assim, McGregor encarou Chad Mendes, nocauteou, conquistou o cinturão interino e agora o combate é uma unificação.

Em uma carreira com tantos desafios, por que McGregor surge como maior desafio para Aldo? Uma junção de fatores responde a essa questão. O primeiro problema para Aldo é a inatividade. São 14 meses sem lutar. Seu último combate foi a dura vitória sobre Chad Mendes, no Rio.

O segundo, é claro, é o potencial de Conor McGregor. Excelente na trocação, com um estilo próprio, chutes rodados imprevisíveis e mãos que nocautearam seus quatro rivais nas últimas lutas que fez no Ultimate, o irlandês é perigoso, ainda que seu jogo de chão seja fraco ? e esta é uma saída para o manauara. Vencer Chad Mendes, que só havia perdido para Aldo em sua carreira, foi o passo final para ele provar que merecia uma chance de ser campeão dos penas.

E o terceiro é toda a pressão que se criou sobre os ombros do campeão dos penas. Tanto por conta das lesões, quanto pelas provocações nem sempre respondidas à altura e o talento do irlandês, Aldo virou azarão nas casas de apostas, que bancam McGregor como favorito dos jogadores.

Experiente, gabaritado e mais completo que o campeão interino, José Aldo tem as armas necessárias para conseguir sua oitava defesa de cinturão e garantir a permanência no trono. Ele é o único campeão dominante que sobrou de uma geração de astros, após as quedas de Anderson, Jones, GSP e Ronda Rousey. Colado a ele há Demetrious Johnson, peso mosca que também já defendeu o cinturão sete vezes, mas está longe do prestígio do brasileiro.

Para Aldo, usar sua maturidade vai ser importante, o que ele já vem mostrando, ao deixar de entrar na ?pilha? de Aldo e apostar na tranquilidade, mesmo diante de tantas provocações.

?A experiência conta nessas horas. É preciso saber lidar com isso. Estou bem focado. Posso falar que estamos bem preparados, muito mais do que na primeira luta. Estou bastante adaptado e a provocação é preciso saber lidar. A gana de vencer continua. Dá para superar tudo. Tento não cair em pilha e me concentrar no que treinei. Não adianta colocar raiva no coração. Ele pode falar qualquer coisa. Nada vai tirar a minha concentração?, disse o manauara.

McGregor segue com seu jeitão. Ele, que já avisou como venceria lutas anteriores a essa e cumpriu, tem uma nova promessa: ?Se ele aparecer para lutar, eu vou acabar no primeiro (round). Cada movimento que eu fizer, vai gerar uma reação exagerada dele, porque ele se deixou levar emocionalmente. O Brasil todo? Tudo está nos seus ombros. Vejo ele reagindo exageradamente, se esforçando demais, e então sendo nocauteado?, afirmou o falastrão.

McGregor chega ao UFC 194 sem perder desde 2010. Ele tem só duas derrotas na carreira, ambas por finalização. José Aldo, faixa-preta de jiu-jítsu, só vence desde seu único revés, em 2005, e há anos tenta acabar de varrer a categoria pena, para, se o UFC deixar, tentar um cinturão no peso de cima o leve.