Seedorf crê em caráter para Zico assumir a Fifa: ?Futebol está doente?

A candidatura de Zico à presidência da Fifa ganhou o respaldo de um nome de respeito no futebol internacional. Convidado para participar de um congresso promovido pelo Palmeiras, em São Paulo, o holandês Clarence Seedorf afirmou que uma vitória do Galinho poderia ser importante no processo de reformulação da entidade. ?Zico é limpo e tem valores. Seria muito positivo se pessoas como ele estivessem participando [da coordenação] das seleções?, disse.

Zico ganhou força na corrida para suceder Joseph Blatter após Michel Platini ficar impedido de concorrer ao pleito marcado para fevereiro de 2016. O mandatário da Uefa foi suspenso pelo Comitê de Ética da Fifa por conta de um pagamento suspeito de 2 milhões de francos suíços (R$ 8 milhões) que ele recebeu de Blatter há quatro anos. O francês diz que o dinheiro era referente a serviços prestados entre 1999 e 2002, mas os investigadores trabalham com a hipótese de que ele recebeu a quantia para desistir de uma candidatura à presidência da entidade em 2011.

Blatter, o ex-secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o ex-vice-presidente da instituição, Chung Mong Joon, também foram afastados do futebol pelo Comitê devido às denúncias de corrupção. Embora tenha desenvoltura para falar sobre assuntos extracampo, Seedorf se calou quando foi perguntado sobre a série de escândalos. ?Não acho que este seja o momento de falar sobre a Fifa. Estão acontecendo tantas coisas que é melhor eu ficar em silêncio e observando o que se passa?, despistou o holandês.

Seedorf, no entanto, chamou a atenção para a influência negativa que o dinheiro tem exercido no futebol internacional. ?O mundo do futebol está doente, assim como o mundo no geral também está um pouquinho doente. A gente precisa voltar a dar importância aos valores, ao respeito e à transparência?, disse. O tema foi um dos pontos centrais no discurso proferido pelo holandês no congresso. Ele ressaltou que a ?decadência na qualidade e na mentalidade dos jovens jogadores ocorre por conta da política que prioriza somente os resultados e do dinheiro que supervaloriza os atletas?.

?É fácil se perder. Ninguém aprende a lidar com fama e dinheiro do nada?, declarou. Para o holandês, é fundamental que os treinadores priorizem a formação do caráter dos atletas nas categorias de base e atentem para o psicológico das jovens promessas. ?As crianças de hoje não são iguais às de 20 anos atrás, quando conseguíamos passar mais tempo na rua jogando bola. Melhorávamos nossa criatividade e aprendíamos coisas que só acontecem por lá. E isso não é culpa dos jovens. Nós é que temos que ser flexíveis e criativos para dar a eles algo que possa ser mais natural dentro de campo?, discursou.

O último clube na carreira profissional de Seedorf foi o Botafogo. O ex-jogador ajudou a equipe brasileira a se classificar para a Copa Libertadores de 2014, mas optou por se aposentar antes do torneio. O motivo foi uma oferta de trabalho para assumir o comando do Milan, onde ele teve uma passagem vitoriosa como atleta. Irregular no banco de reservas, o holandês comandou os italianos por menos de cinco meses antes de ser demitido pela diretoria. Ele tem mais sete meses de contrato com os rossoneros, mas não exerce mais funções técnicas no time.