Conheça a história de Elano Passos, artista que iniciou a carreira com uma postagem no Facebook
Elano Passos inaugura mais um ateliê itinerante nesta sexta-feira (23/3), no Rio Vermelho
Elano Passos era criança quando descobriu que gostava de desenhar, mas, por muitos anos, achou que fosse só isso, um "gostar". Na adolescência, seguiu o caminho natural, ou melhor, o que todos esperavam dele, e começou a trabalhar com o pai na rede de farmácias da família - lá, Elano, que chegou a cursar ciências contábeis, mas nunca concluiu, passou mais de 10 anos.
“Terminei entrando na linha da contabilidade. Quase eu virava contador, é uma coisa tão engraçada! Eu tinha comércio, né, a gente tinha uma empresa familiar. Terminei assumindo espontaneamente, já que os meus irmãos não iriam entrar nesse ramo. Mas, depois, percebi que não era muito bem isso que eu queria fazer. Desde que me conheço, sempre trabalhei com o meu pai e a minha mãe, devo ter passado uns 10 anos nisso. Tive uma farmácia sozinho também”, relembrou.
É porque o que Elano queria mesmo fazer sempre esteve relacionado à criatividade: desenhar, pensar conteúdos, viajar… pirar o cabeção mesmo. E aí, veio a primeira guinada da vida profissional dele: aos 25 anos, saiu da empresa da família e começou a estagiar em uma agência de marketing digital - e começou cru, sem saber quase nada, foi aprendendo no dia a dia. Na agência, fez de um tudo: começou como designer e acabou chegando na área de planejamento.
“Bati na porta de uma agência e consegui. Lá, começou a minha formação criativa. Digo muito que foi em cima disso, né, mas eu assumo que o lado criativo já era uma coisa de infância. Já acho que era um gatilho para a minha carreira artística, porque o design não deixa de ser uma maneira de você expressar sua arte. Eu abracei o design digital, era a minha paixão, e continua sendo”.
O TRAÇO
Elano passou mais de 20 anos planejando e criando sites e campanhas digitais. Até que, em uma “horinha de descuido” em casa, longe do trabalho, veio a segunda grande guinada da vida profissional dele: enquanto brincava com o filho, ele desenhou um traço - literalmente. E esse traço foi o bastante para que ele descobrisse que também era artista. Esse traço, feito pela primeira vez há seis anos, já ocupa espaços públicos de Salvador e região metropolitana, hotéis em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, o aeroporto de Salvador, e já está para sair do país.
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“Foi assim, da água para o vinho. Meu filho adora desenhar, então, desde cedo, a gente faz isso. Ele queria desenhar um super-herói. Fiz um traço para ele e falei: ‘Olha, desenha dessa forma’. Quando eu fiz esse traço, aquilo me chamou a atenção. A gente acabou de brincar e, no dia seguinte, eu peguei esse traço e fiz uma Nossa Senhora, já trabalhando com nanquim -um tipo de tinta voltada para trabalhos artísticos-. Na época, eu tinha o Facebook, que era muito forte, e publiquei o desenho. Uma arquiteta viu e perguntou onde eu estava vendendo aquilo. Aquela Nossa Senhora, então, foi a minha entrada nas artes plásticas, e foi dessa maneira: desenhei com o meu filho uma arte que interessou um profissional. Mergulhei nesse processo, e estou aprendendo muito”.
Com esse mesmo traço, que já se tornou uma marca, Elano Passos começou a trabalhar em telas. Depois, foi para muros. Um dia, foi chamado para pintar a Bahia em um corredor inteiro do Hotel Pestana, em São Paulo, um trabalho que levou cerca de dois anos para ser totalmente concluído.
“Comecei com trabalhos em exposição em ambientes fechados, depois surgiram oportunidades como no Aeroporto de Salvador, na época da ampliação. Fizemos um projeto bem bacana com material da própria obra do aeroporto. Depois, veio uma segunda exposição, que ainda que está lá, com quadros”.
ITINERANTE
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Na Bahia, é possível encontrar a obra de Elano em muros e fachadas no Rio Vermelho, em Salvador, na entrada de Portão, em Lauro de Freitas, em exposições em shoppings e no ateliê itinerante do artista, projeto que ele já toca há anos. Funciona assim: de tempos em tempos, Elano leva o local de trabalho dele para algum ponto diferente da cidade. Ele já esteve em um restaurante, hotel, espaços culturais e, nesta sexta-feira (24/3), vai abrir um novo ateliê em um espaço bastante inusitado: uma academia no Rio Vermelho.
“Tem a ver com isso de alcançar públicos diferentes e estar sempre em contato com pessoas. Não me incomoda que tenha gente vendo. No Aeroporto de Salvador, eu pintei todas as peças no próprio local. Imagine que você tinha 25 mil pessoas passando diariamente, é um fluxo diário muito grande. Eu pintava com fone de ouvido e não sabia o que estava acontecendo atrás de mim. Até que, uma vez, enquanto estava pintando uma Nossa Senhora, uma senhora parou e se benzeu. Me deixou muito feliz e emocionado perceber que eu não estava fazendo apenas uma arte, era uma imagem que representava diversos significados para as pessoas”.
Durante o percurso, e também como uma surpresa, a arte de Elano se misturou à música - ele pintou a capa de uma canção de Saulo e duas capas de álbuns de Luís Caldas. Na mesma época, a arte dele também foi parar na literatura: as ilustrações do livro “Poesia que Transforma”, do poeta Bráulio Bessa, são do artista baiano. “Eu tive a honra de ilustrar esse livro todo e, no final do ano passado, ilustrei o segundo livro dele”, comentou.
E não há limite: no momento, há um projeto em andamento na Europa e o artista já lançou uma linha própria de camisas ilustradas. Agora, Elano, que já faz arte com sobra de material de obra, planeja explorar ainda mais essa expressão artística e já fala até em trabalhar com design de móveis. “Quando eu chego numa obra, eu já pego alguma coisa que está sobrando e penso em transformar em algo”.
Para ele, a palavra-chave que embasou todo esse caminho até aqui é aprendizado - e, pelo visto, é assim que deve seguir: “Estou sempre tentando aprender, crescer um pouquinho todo dia”.
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