Aratu On Explica: como surgiu o dia 29 de fevereiro e porque a data só existe a cada 4 anos
Ano bissexto compensa "sobra" de quase seis horas na rotação da Terra ao Sol.
Bruna Castelo Branco/Aratu On
Se ontem foi dia 28 de fevereiro, hoje deve ser 1º de março, certo? Depende! Se você olhar bem o calendário, vai notar que hoje ainda é fevereiro, dia 29. Esse fenômeno acontece por causa do ano bissexto. Mas por que no ano passado fevereiro teve 28 dias e em 2024 não? É o que o Aratu On Explica para você.
https://www.youtube.com/watch?v=dJEQoVCriN0
ANO BISSEXTO
Em 2024 ganhamos um dia a mais no nosso calendário (e isso não tem nada a ver com o último mês de janeiro que pareceu eterno). Na verdade, a cada quatro anos, fevereiro tem 29 dias, é o chamado "Ano Bissexto". A explicação disso é relacionada com o movimento de translação da Terra, aquele movimento do planeta em torno do sol, que dura um ano. Na realidade, esse giro dura um pouco mais que um ano, dura 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 56 segundos.
De acordo com a astrônoma do Observatório Nacional, Josina Nascimento, o como o calendário civil utilizado não leva em consideração esse "pouquinho" que sobra da translação, é preciso fazer uma espécie de compensação. "Se arredondar isso para seis horas, você vê que à cada quatro anos, você acerta o passo acrescentando um dia", contou à Rádio Agência.
Ou seja, se há essa sobra de seis horas, somando isso à cada quatro anos, você ganha um novo dia: 6 + 6 + 6 + 6 = 24 horas (um dia).
Mas essa história de um dia a mais não começou por agora, mas sim bem antes de Cristo, na Roma Antiga e tem relação direta com a concepção dos calendários.
IMPÉRIO ROMANO
Sendo digitais ou com folhas destacáveis, o calendário sempre teve função de importância nas sociedades, uma vez que organizar o tempo representava uma marca de poder e soberania, especialmente no Império Romano.
O primeiro exemplar de calendário foi feito por Rômulo (753-717 a.C.) àquele mesmo que é representado com o irmão, Remo, mamando em uma loba. Nele, o ano era divido em dez meses e ainda possuía 304 dias, se baseando na órbita lunar. Sucessor de Rômulo, o imperador Numa Pompilo (717-673 a.C.) fez mudanças no calendário, alterando a duração dos meses para que acabassem em 29 ou 31 dias, pois os romanos acreditavam que números pares eram fatídicos. Além disso, foram criados dois novos meses: Januarius e Februarius, que eram os últimos do calendário. Assim, a conta de dias ficava em 355, sendo necessário criar um mês de 22 ou 23 dias a cada dois anos para suprir o déficit e coincidir o calendário romano com o solar.
Quem organizou mesmo as coisas foi Júlio César (100-44 a.C.). Com auxílio do astrônomo Sosígenes, além de trazer Januaris para o primeiro mês do ano no lugar de Martius, o imperador alterou o 1º dia do ano para que coincidisse com a primeira lua nova pós-solstício de inverno. Apesar da confusão inicial no ano anterior a troca, Júlio fez por merecer e garantiu um mês em sua homenagem.
DIAS REPETIDOS
Ainda assim, houve uma confusão nas datas após a morte de Júlio, com o bissexto acontecendo a cada três anos, só parando com a intervenção do imperador César Augusto (44 a.C. – 37 d.C.). Para não ficar atrás do antecessor, ele também quis um mês para chamar de seu, e que tivesse o mesmo número de dias que Julho, nascendo assim Agosto, com 31 dias. Dessa forma, para que não houvesse ainda mais prejuízo, Februarius acabou perdendo dias para os meses dos imperadores e o bissexto não era 29 de fevereiro, mas dia 24, que se repetia duas vezes, ou seja: 22, 23, 24, 24, 25...
Como havia algumas incoerências e complicações de datas, o Papa Gregório, em 1582, ordenou novos ajustes no calendário e alterou, por exemplo, a data do bissexto, que passou a ser 29 de fevereiro. Ainda assim, a reforma não foi aceita de imediato e vários países se opuseram ao modelo, aceitando anos mais tarde, como a Rússia, que só adotou o modelo em 1923 (perdendo 13 dias com a mudança).
OUTROS CALENDÁRIOS
Apesar de ser aceito na maioria dos países do mundo, o calendário gregoriano não é unanimidade, por isso, diversos povos têm sua própria contagem de tempo. Existe, por exemplo, o calendário judaico, que diferentemente do gregoriano, não estabelece como ano um o nascimento de Jesus Cristo, mas sim a época do Êxodo, aproximadamente no ano 1447 a.C., estando no ano de 5784.
Há também o calendário chinês, e esse é o Ano do Dragão do elemento de madeira. Baseado no sol e na lua, atualmente estamos no ano 4722. Diferente do modelo romano, esse calendário considera ciclos e o início do ano varia se considerarmos o sol ou a lua. Por exemplo, pela contagem solar, o começo do ano sempre ocorre entre 3 e 5 de fevereiro; se for lunar, o novo ano pode iniciar entre 21 de janeiro e 21 de fevereiro.
LEIA MAIS: Cuidados, remédios e vacina: Aratu On explica o que você precisa saber sobre a dengue
Com informações do "Espaço do Conhecimento UFMG" e "Planeta.rio"
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 – 7440. Nos insira nos seus grupos!
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ANO BISSEXTO
Em 2024 ganhamos um dia a mais no nosso calendário (e isso não tem nada a ver com o último mês de janeiro que pareceu eterno). Na verdade, a cada quatro anos, fevereiro tem 29 dias, é o chamado "Ano Bissexto". A explicação disso é relacionada com o movimento de translação da Terra, aquele movimento do planeta em torno do sol, que dura um ano. Na realidade, esse giro dura um pouco mais que um ano, dura 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 56 segundos.
De acordo com a astrônoma do Observatório Nacional, Josina Nascimento, o como o calendário civil utilizado não leva em consideração esse "pouquinho" que sobra da translação, é preciso fazer uma espécie de compensação. "Se arredondar isso para seis horas, você vê que à cada quatro anos, você acerta o passo acrescentando um dia", contou à Rádio Agência.
Ou seja, se há essa sobra de seis horas, somando isso à cada quatro anos, você ganha um novo dia: 6 + 6 + 6 + 6 = 24 horas (um dia).
Mas essa história de um dia a mais não começou por agora, mas sim bem antes de Cristo, na Roma Antiga e tem relação direta com a concepção dos calendários.
IMPÉRIO ROMANO
Sendo digitais ou com folhas destacáveis, o calendário sempre teve função de importância nas sociedades, uma vez que organizar o tempo representava uma marca de poder e soberania, especialmente no Império Romano.
O primeiro exemplar de calendário foi feito por Rômulo (753-717 a.C.) àquele mesmo que é representado com o irmão, Remo, mamando em uma loba. Nele, o ano era divido em dez meses e ainda possuía 304 dias, se baseando na órbita lunar. Sucessor de Rômulo, o imperador Numa Pompilo (717-673 a.C.) fez mudanças no calendário, alterando a duração dos meses para que acabassem em 29 ou 31 dias, pois os romanos acreditavam que números pares eram fatídicos. Além disso, foram criados dois novos meses: Januarius e Februarius, que eram os últimos do calendário. Assim, a conta de dias ficava em 355, sendo necessário criar um mês de 22 ou 23 dias a cada dois anos para suprir o déficit e coincidir o calendário romano com o solar.
Quem organizou mesmo as coisas foi Júlio César (100-44 a.C.). Com auxílio do astrônomo Sosígenes, além de trazer Januaris para o primeiro mês do ano no lugar de Martius, o imperador alterou o 1º dia do ano para que coincidisse com a primeira lua nova pós-solstício de inverno. Apesar da confusão inicial no ano anterior a troca, Júlio fez por merecer e garantiu um mês em sua homenagem.
DIAS REPETIDOS
Ainda assim, houve uma confusão nas datas após a morte de Júlio, com o bissexto acontecendo a cada três anos, só parando com a intervenção do imperador César Augusto (44 a.C. – 37 d.C.). Para não ficar atrás do antecessor, ele também quis um mês para chamar de seu, e que tivesse o mesmo número de dias que Julho, nascendo assim Agosto, com 31 dias. Dessa forma, para que não houvesse ainda mais prejuízo, Februarius acabou perdendo dias para os meses dos imperadores e o bissexto não era 29 de fevereiro, mas dia 24, que se repetia duas vezes, ou seja: 22, 23, 24, 24, 25...
Como havia algumas incoerências e complicações de datas, o Papa Gregório, em 1582, ordenou novos ajustes no calendário e alterou, por exemplo, a data do bissexto, que passou a ser 29 de fevereiro. Ainda assim, a reforma não foi aceita de imediato e vários países se opuseram ao modelo, aceitando anos mais tarde, como a Rússia, que só adotou o modelo em 1923 (perdendo 13 dias com a mudança).
OUTROS CALENDÁRIOS
Apesar de ser aceito na maioria dos países do mundo, o calendário gregoriano não é unanimidade, por isso, diversos povos têm sua própria contagem de tempo. Existe, por exemplo, o calendário judaico, que diferentemente do gregoriano, não estabelece como ano um o nascimento de Jesus Cristo, mas sim a época do Êxodo, aproximadamente no ano 1447 a.C., estando no ano de 5784.
Há também o calendário chinês, e esse é o Ano do Dragão do elemento de madeira. Baseado no sol e na lua, atualmente estamos no ano 4722. Diferente do modelo romano, esse calendário considera ciclos e o início do ano varia se considerarmos o sol ou a lua. Por exemplo, pela contagem solar, o começo do ano sempre ocorre entre 3 e 5 de fevereiro; se for lunar, o novo ano pode iniciar entre 21 de janeiro e 21 de fevereiro.
LEIA MAIS: Cuidados, remédios e vacina: Aratu On explica o que você precisa saber sobre a dengue
Com informações do "Espaço do Conhecimento UFMG" e "Planeta.rio"
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