Após identificação de cemitério, Iphan interdita estacionamento da Pupileira

O Iphan interditou o estacionamento, após a confirmação de que o local abriga um antigo cemitério com mais de 100 mil corpos de pessoas escravizadas

Por Dinaldo dos Santos.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) determinou a interdição do estacionamento localizado na Pupileira, no bairro de Nazaré, em Salvador, após a confirmação de que o local abriga um antigo cemitério com mais de 100 mil corpos de pessoas escravizadas. A medida foi tomada para preservar o sítio arqueológico, considerado de grande relevância histórica e cultural.

Cemitério está na área do estacionamento da Pupileira. Foto: Reprodução | Google Maps

Iphan interdita estacionamento da Pupileira

De acordo com o órgão federal, estudos arqueológicos apontaram que o terreno, usado atualmente como estacionamento, funcionou como um dos maiores cemitérios de pessoas negras escravizadas do período colonial. Os pesquisadores identificaram ossadas humanas e vestígios de sepultamentos datados entre os séculos XVIII e XIX.

O Iphan informou que a área deverá passar por novas escavações e análises antes de qualquer decisão sobre seu uso futuro. A interdição visa garantir a integridade dos achados e possibilitar o aprofundamento das pesquisas.

De acordo com o Iphan, o cemitério foi cadastrado como sítio arqueológico, com homologação do Centro Nacional de Arqueologia (CNA). O órgão federal ressaltou que todos os sítios arqueológicos presentes em território nacional, incluindo cemitérios, são salvaguardados, sendo proibido o aproveitamento econômico, a destruição ou mutilação, para qualquer fim, desses mesmos sítios. 

A Pupileira, sede da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, era historicamente associada a ações de caridade e acolhimento, mas os estudos recentes revelaram que parte de sua área serviu também como local de sepultamento de pessoas escravizadas que morriam em condições precárias.

O caso reacende o debate sobre o reconhecimento e a preservação de espaços ligados à memória da escravidão no Brasil. Especialistas defendem que o local seja transformado em um memorial dedicado às vítimas do período escravocrata.

LEIA MAIS: Estudo aponta mais de 100 mil corpos de escravizados em cemitério na Pupileira

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