DUPLA VITÓRIA: Casal masculino vence concurso de forró, levanta debate e aponta dedo para o preconceito
DUPLA VITÓRIA: Casal masculino vence concurso de forró, levanta debate e aponta dedo para o preconceito
Foi uma dupla vitória. Ao conquistarem o II Concurso de Forró do Center Lapa na tarde deste domingo (18/6), os amigos Marcos Vinícius Ribeiro e Júlio Viterbo, de 27 anos, levaram para casa muito mais do que o prêmio de R$ 2 mil. Havia, em ambos, a sensação de dever cumprido que vai além do que o dinheiro, por mais importante que seja, pode significar:
?É uma felicidade muito grande. Houve uma aceitação por parte do público, dos jurados. A gente tinha alguns receios, não imaginávamos que iríamos tão longe?, conta Marcos, em um bate-papo por telefone com o Aratu Online.
Os medos eram todos justificáveis. Dois homens dançando forró em uma apresentação é algo pouco usual, para dizer o mínimo. A coragem e ineditismo de ambos motivou uma matéria no nosso portal, que gerou aplausos, mas também gritos de revolta. Fato que, garante Marcos, não abalou a dupla.
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?Sabíamos disso. Não é fácil trazer o diferente. Alguns aceitam, outros não. Nós temos consciência de que fomos provocadores, mas conseguimos passar a nossa mensagem de que é preciso enxergar a dança como algo democrático. Durante o concurso, alguns pessoas protestaram, dizendo que devíamos ter sido eliminados por sermos dois homens, mas o próprios jurados nos procuraram, parabenizaram pela iniciativa e elogiaram a nossa ideia?.
E pequenos obstáculos encontrados pelo caminho não seriam capazes de derrubar aqueles que foram para a final vestidos com os trajes e espírito guerreiro de Lampião. Veja vídeo:
Longe de quererem se transformar em mártires, eles continuam a lutar por um futuro no qual o gênero seja retirado da equação da dança. Mas, para isso, ações práticas se fazem necessárias. ?Penso em realizar um workshop com o meu grupo de forró, o Alumiar, já no mês de agosto, que terá como foco a questão da dança compartilhada e a quebra de papéis. Convidei Julinho e outros professores que conheço. A gente precisa que isso seja revertido de forma cada vez mais rápida?.
E se expor em um concurso, dar a cara a tapa, foi um dos passos de quem pretende construir e viver uma nova realidade. Para Marcos, não há vitória e satisfação melhor do que a pessoal.
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?Não vou ser hipócrita. Claro que a grana do concurso foi algo legal, mas acho que a nossa ideia foi a melhor coisa. Foi possível sentir a resposta de todos, até mesmo dos concorrentes, e deixamos uma mensagem para a dança, para o forró e para a vida?.
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