30 anos de Axé: a explosão de Robson Morais e de Prefixo de verão
30 anos de Axé: a explosão de Robson Morais e de Prefixo de verão
No ano em que se comemora os 30 anos do Axé Music, o Aratu Online homenageia os grandes nomes que marcaram a história do ritmo na Bahia e no Brasil. Faltando apenas 17 dias para o Carnaval, o portal realiza uma contagem regressiva, onde a cada dia um artista será o protagonista desta história de muito sucesso.
Os mais jovens, que pulam e gritam atrás dos trios elétricos de hoje talvez não se lembrem, mas aqueles que curtem o Carnaval desde a década de 90 certamente já ouviram ao menos alguns acordes de Prefixo de Verão, que virou hit na boca dos foliões de todo o país. Composição de José Alberto da Silva, a música ganhou vida e alma na voz de Robson Morais, 47 anos, 30 deles dedicados à música. Ele foi um dos primeiros rostos a ser destacar ainda nos primórdios da axé music, quando o ritmo ainda começava a dar os seus primeiros passos.
Robson integrou a segunda formação da ?Bamdamel?, grupo que surgiu no final da década de 80 e logo ganhou destaque na cena musical baiana, lançando sucessos como ?Bagdá?, ?E lá vou eu?, ?Baianidade Nagô?, ?Bateu Saudade? e ?Veraneio?, esta também interpretada por ele. ?Nós buscávamos uma renovação do axé, e lançamos um samba reggae romântico, não se prendendo apenas a letras de protesto, raça, negritude?, explicou o artista em contato com o Aratu Online.
Mas sem dúvida, a canção de maior destaque do grupo é ?Prefixo de Verão?. Uma das mais tocadas pelas rádios do país à época, foi considerada o hino do Carnaval de 1991 e até hoje tem sua execução nos shows exigida pelos fãs do grupo. Parte desse imenso sucesso se deve a interpretação de Robson Morais. Cantor de voz suave, mas nem por isso menos marcante, ele conseguiu se apropriar da letra e melodia como poucos artistas do gênero tinham feito até então. Não por acaso, recebeu o prêmio de cantor revelação da festa naquele ano.
Robson permaneceu três anos no grupo. Apesar de rápida, a passagem se mostrou produtiva, já que foram três discos lançados nesse período. Ele conta que foi convidado a voltar a Bamdamel, que tem realizado shows pelo país em celebração aos seus 30 anos, mas recusou por conta de um processo trabalhista que mova contra a direção da banda.
Quando faz uma reflexão sobre a sua época de ouro à frente do grupo e sobre o seu papel para a consolidação do axé e do Carnaval como a maior festa popular do mundo, Robson se mostra realizado, mas também crítico: ?Me sinto feliz de ter participado disso, feliz de ter participado do clipe da prefeitura (em comemoração aos 30 anos do axé). Acho que quando todo mundo está bem, fortalece o axé. Não adianta querer monopolizar com dois ou três artistas, e eu me refiro aos empresários. Quanto mais gente estiver em evidência mais fortalece o ritmo?, afirmou.
Ele ainda cita como problemas a falta de renovação do ritmo e o esquecimento a que foram relegados diversos artistas do passado. ?Hoje só tem 5 a 6 músicas que considero fortes para o Carnaval. Não tem nada de novo, parece que as músicas estão descartáveis. Acho que deveria colocar uns 10 trios divididos nos dois circuitos, com os artistas antigos. Tem gente que está ai passando fome. Eu, graças a Deus, trabalho. Mas até hoje nossas músicas são cantadas e estão na memória das pessoas”.
Carreira de Robson Morais:
Robson começou a carreira em 1985, com o Trio Top 69, onde cantava música baiana de artistas como Gereba e Valtinho Queiroz, mas também rock nacional, como Kid Abelha e Paralamas do Sucesso. Depois participou da banda Realce, onde conheceu Orlando Costa, percussionista renomado que tocou com Caetano Veloso, entre outros grandes nomes da música brasileira. Através dele, foi convidado para ir pra Bamdamel, onde substituiu Nonato Pablo. ?Algumas pessoas acham que eu substituí Buck Jones, mas não?, conta.
Após três anos no grupo, deixou a Bamdamel junto com Márcia Short, com que lançou um novo projeto, a Bandabah, também voltado para o axé. Juntos, eles conquistaram quatro prêmios Caymmi. Após o término do projeto, seguiu em carreira solo e realiza até hoje shows por todo o país. No Carnaval deste ano, se apresentará na segunda-feira, no camarote da Schin e puxará dois trios independentes com data e horários a serem definidos.