Educação e relações raciais
Sabe-se o quanto as relações raciais estão enraizadas na vida social de indivíduos, grupos e classes sociais. Frequentemente, as desigualdades sociais se manifestam nos estereótipos e nas intolerâncias, polarizadas em torno de etnias e outras diversidades. Em síntese, a dinâmica das diversidades e das desigualdades dá margem contínua e reiteradamente às intolerâncias e preconceitos. Nesse contexto, as relações raciais tornam-se um desafio nas escolas brasileiras, e trata-se de algo que existe há muito tempo.
Nesse tocante, observa-se a forma de produção da vida material e imaterial que compõe um sistema de significações envolvido em todas as formas para essas culturas e atividades. Historicamente, não se pode ignorar sua dimensão no terreno do conhecimento como formação humana, ou seja, a cultura é o elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade e, nesse sentido, tem duplo caráter: o intermediário entre a sociedade e a formação do indivíduo.
Sendo assim, a cultura aparece como esse elo entre o indivíduo a tantos outros caminhos que definem o seu aperfeiçoamento para um encontro consigo e com o meio que vive, sendo de suma importância para a formação humana e respeito ás diferenças.
Pensar na formação humana torna-se objeto da educação, que se traduz em atividade didático-pedagógica, onde o currículo age como a porção e/ou parte da cultura nos termos de conteúdos e práticas para superarmos essas anomalias.
Para se adotar o principio da diversidade cultural na educação, é preciso uma abertura ao diálogo, um olhar amplo sobre a realidade, uma tolerância ao diferente, uma postura para o diálogo e aprendizagem. Assim, formar os professores preparados para trabalhar a diversidade cultural não está relacionado somente em construir estratégia ou inserir conteúdos multiculturais, mas o saber para a construção de uma formação intercultural é a reforma do pensamento. Para o professor Edgar Morin (2000) é necessário adotar uma postura de afirmação, onde diz que é preciso reformar o pensamento para reformar a escola.
Considerando a relevância de um currículo voltado para a perspectiva multicultural, precisamos ressaltar a importância da lei 11.645/08, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena".
A lei 11.645/08 possibilita uma reflexão acerca de uma a escola com uma série de questões que antes eram silenciadas, ou simplesmente ignoradas pela sociedade. Essa lei possui grande relevância, pois, a partir dela, percebemos a pluralidade cultural da sociedade brasileira, formada por um mosaico étnico, histórico e cultural, onde essas singularidades aparecem na escola. Propor um espaço escolar como um local de diferentes sujeitos, com uma imensa riqueza cultural, é refletir a prática docente que onde o mesmo será um grande regente das relações didáticas-pedagogicas e antagonismos de ideias. Superar a hierarquização racial eurocêntrica - imposta pelos aparelhos ideológicos formadores da sociedade brasileira - é questão central para pensarmos numa escola que respeite os sujeitos com suas diferenças e aproximações, contribuindo para uma formação cidadã e uma sociedade mais justa e igualitária.
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