Família

A "positividade tóxica" é fruto do medo de olhar para a própria dor

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
A "positividade tóxica" é fruto do medo de olhar para a própria dor

Foto: ilustrativa/Pexels

 


Quando alguém relata uma dor (qualquer que seja) e a primeira reação de quem ouve é tentar tamponar o sofrimento alheio, isso termina por revelar seu medo ou angústia.


Esse "mal estar" do(a) ouvinte pode estar relacionado com um tema específico ou com a própria angústia de ter que encarar a dor do outro.


Sentindo-se mal por não conseguir se defrontar com aquela cena, o bom conselheiro começa então a lançar mão, desesperadamente, do seu arsenal de "ideias "positivas". Tudo isso para se defender da própria dor.


Algumas pessoas fazem isso de forma automática, quase sempre com a melhor das intenções.


Todos nós, certamente, conhecemos infinitos exemplos de como é possível invalidar a dor de alguém tentando ser "POSITIVO". 


Mas, na medida em que o nosso mundo interno vai se descortinando, vamos ficando mais exigentes e aquele conselho barato, aquela resposta rápida, aquele convite para tomar uma cerveja e esquecer os problemas já não cola mais.


Ao contrário, tudo isso começa a parecer ofensivo, porque tudo que precisamos é somente sermos ouvidos e ter a nossa dor legitimada e validada naquele instante.


Com as crianças e adolescentes funciona da mesma forma. Precisamos ter a coragem de nos deparar com a dor deles, para auxiliar os nossos filhos e filhas a nomear e elaborar melhor a dor, cabendo a nós, muitas vezes, somente ouvir e acolher. É difícil, mas necessário.


A sugestao então é que, quando uma pessoa ou um filho(a) resolver compartilhar com a gente alguma dor ou sentimentos que nos pareçam negativos,  em vez de corrermos para tentar fazer essa pessoa se sentir melhor ou pensar mais positivamente, a ideia é respirarmos por um segundo e pensar sobre o nosso próprio desconforto ou medo de ouvir, para que possamos escutar e atuar de forma mais livre e respeitosa.


A sensação de desamparo já faz as pessoas se sentirem sozinhas e isoladas. Quando tentamos silenciar essas emoções, especialmente a de um filho(a), dói muito. 


A boa intenção do conselho positivo vira "positividade tóxica" no exato instante em que a dor do outro é ignorada!


Precisamos ter atenção extrema com isso!


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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