Mãe é mãe, pai é pai! Será?
Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
ilustrativa/Pexels
Quando o assunto é a criação de filhos(as), sempre aparece alguém que, sem qualquer estudo ou base científica, funda suas opiniões nos velhos costumes, crenças e ditados populares. A ideia central dessas pessoas não está necessariamente no cuidado, mas sim na manutenção de um padrão que entendem como adequado e lutam para manter.
De fato, alguns costumes, crenças e ditados se encaixam tão perfeitamente que parecem mesmo servir para todas as circunstâncias, de modo pleno. Mas, também me valendo de uma expressão popular, "o buraco é mais embaixo"!
A expressão popular "mãe é mãe", bem como sua derivação "pai é pai", por exemplo, faz presumir que todas as mães e pais possuem uma espécie de salvo-conduto para fazer livremente o que bem-queiram. Ou seja, se eu sou mãe, e "mãe é mãe", logo, todos os meus atos carregam uma espécie de validação prévia e ai daquele que ouse julgar qualquer dos meus atos. Isso vale também para os pais!
Por outro lado, essas mesmas expressões também são utilizadas para fomentar uma espécie de oposição entre pai e mãe, presumindo que a mãe possui atributos que a tornam mais apta que o pai para algumas funções. De um jeito ou de outro, a expressão termina por colocar pai e mãe em caixas, catalogando ambos como se pertencessem a determinados grupos de pessoas idênticas entre si.
O perigo disso é que, quando viajamos nesse imaginário, onde os pais e mães sempre são isso ou aquilo, perdemos a chance de enxergar as PESSOAS que estão por trás das funções paterna e materna.
Seus erros e acertos terminam ficando encobertos. Passamos a "julgar o livro pela capa", ou pior, pelo seu título (pai/mãe).
Quando cogitamos haver uma regra, há um grande risco de se presumir o zelo de uma mãe (ou um pai) e terminar por desproteger a criança. Ou, ao contrário, presumir a incapacidade e terminar por negar acesso da criança ao afeto daquele tido como incapaz.
No fundo, não há regra! Pais e mães são pessoas. Pessoas erram, acertam, devaneiam, superam, negligenciam, cuidam, machucam, protegem, violentam e vacilam mesmo sem intenção.
Então, precisamos dar menor importância às crenças, parar de olhar para a figura simbólica do "pai" e da "mãe", e voltar os nossos olhos com maior cautela para a forma com que estas pessoas estão exercendo as suas funções (materna e paterna).
O que legitima mesmo os atos de um pai ou mãe é a forma como tratam seus filhos(as) e a forma como estes se sentem diante das figuras que fazem o papel de pai e mãe em suas vidas.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
De fato, alguns costumes, crenças e ditados se encaixam tão perfeitamente que parecem mesmo servir para todas as circunstâncias, de modo pleno. Mas, também me valendo de uma expressão popular, "o buraco é mais embaixo"!
A expressão popular "mãe é mãe", bem como sua derivação "pai é pai", por exemplo, faz presumir que todas as mães e pais possuem uma espécie de salvo-conduto para fazer livremente o que bem-queiram. Ou seja, se eu sou mãe, e "mãe é mãe", logo, todos os meus atos carregam uma espécie de validação prévia e ai daquele que ouse julgar qualquer dos meus atos. Isso vale também para os pais!
Por outro lado, essas mesmas expressões também são utilizadas para fomentar uma espécie de oposição entre pai e mãe, presumindo que a mãe possui atributos que a tornam mais apta que o pai para algumas funções. De um jeito ou de outro, a expressão termina por colocar pai e mãe em caixas, catalogando ambos como se pertencessem a determinados grupos de pessoas idênticas entre si.
O perigo disso é que, quando viajamos nesse imaginário, onde os pais e mães sempre são isso ou aquilo, perdemos a chance de enxergar as PESSOAS que estão por trás das funções paterna e materna.
Seus erros e acertos terminam ficando encobertos. Passamos a "julgar o livro pela capa", ou pior, pelo seu título (pai/mãe).
Quando cogitamos haver uma regra, há um grande risco de se presumir o zelo de uma mãe (ou um pai) e terminar por desproteger a criança. Ou, ao contrário, presumir a incapacidade e terminar por negar acesso da criança ao afeto daquele tido como incapaz.
No fundo, não há regra! Pais e mães são pessoas. Pessoas erram, acertam, devaneiam, superam, negligenciam, cuidam, machucam, protegem, violentam e vacilam mesmo sem intenção.
Então, precisamos dar menor importância às crenças, parar de olhar para a figura simbólica do "pai" e da "mãe", e voltar os nossos olhos com maior cautela para a forma com que estas pessoas estão exercendo as suas funções (materna e paterna).
O que legitima mesmo os atos de um pai ou mãe é a forma como tratam seus filhos(as) e a forma como estes se sentem diante das figuras que fazem o papel de pai e mãe em suas vidas.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.