O puerpério é um caos e precisamos falar sobre isso
Foto: ilustrativa/Pexels
Há 45 dias estamos vivendo no caos, com pitadas da fofura de Amora em nossos braços.
Falar do caos do puerpério soa como sacrilégio ou mi-mi-mi, pois a maternidade e a paternidade são romantizadas, e a chegada de uma criança é sempre anunciada como um momento divino, um presente de Deus.
Mas fora desse romance, a real é que o caos impera numa casa no puerpério. É justamente essa ideia fantasiosa, deslocada da realidade, que gera o mal estar nas mães e pais e, não raras as vezes, desaguam numa depressão pós-parto.
Coisas fora do lugar, hormônios fora do lugar, vida fora do lugar, mente fervendo, palpites externos, medo, desamparo, choro, choro de criança, noites sem dormir, discussão sem sentido, mama ferida, dilemas na amamentação, questões envolvendo trabalho e dinheiro, mais choro, mais medo, mais palpites, mais sensação de desamparo!
Um caos!
Do meu interior surgem vozes como: não reclama, senão piora! Foi você quem pediu! Vocês não queriam? Passa rápido! Será? Posso chorar agora? Posso reclamar? Posso sentir sono? Posso ter dúvida? Mas você não estuda e escreve sobre isso?! Você não é o cara do @paivemca? Que tipo de pai é você?
A real é que mesmo quando já se tem filho, o puerpério sempre abala as estruturas. Desestrutura a gente por dentro (para quem se permite sentir, lógico).
O nascimento de uma criança expõe nossas vulnerabilidades diante do espelho! Nossa criança grita a cada choro! Pede socorro!
Cuidem de mim, grita Amora! Grito eu! Grita Lore!
Não bastasse toda a agonia, brota em nós a dor de não dar conta do choro daquele pequeno ser que depende de você.
Por aqui recebemos apoio de parte da família e de pessoas que a gente jamais imaginou!
A dureza do puerpério precisa ser falada, exposta, para que as pessoas se preparem, se fortaleçam, se amparem, se preocupem, perguntem como os pais e mães estão.
O puerpério, em geral, não é lindo, como parece nas redes sociais. É padecer no caos, com pitadas da fofura da criança que se carrega no colo, e que tanto se quer proteger.
Se cuidem!
Texto publicado originalmente no 'Pai, Vem Cá!'
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.