Família

Para onde nos leva uma paternidade ou maternidade sem julgamento?

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
Para onde nos leva uma paternidade ou maternidade sem julgamento?

Foto: ilustrativa/Pexels

 


Uma famosa empresa de perfumes recentemente lançou uma campanha do Dia das Mães, na qual uma mulher é julgada pelos seus atos, numa espécie de tribunal.


Ela é acusada de não criar uma rotina com a criança, não amamentar, dar doces, expor às telas, sair cedo e voltar tarde, e todos aqueles julgamentos sociais pelos quais algumas mães sofrem. A ideia da campanha é propor uma MATERNIDADE SEM JULGAMENTO.


As mães merecem respeito. Sim. Mas é preciso olhar para essa cena com atenção voltada para todos os envolvidos, especialmente para as crianças.


Todos fugimos da culpa, homens e mulheres. Corremos léguas dos tais julgamentos e não há nada de errado nisso. É uma questão de sobrevivência, inclusive mental.


Mas precisamos ter cuidado para que, nesse movimento de afastamento da tão temida culpa e dos julgamentos, não termine havendo também uma fuga da responsabilidade. Isso é mais comum do que se imagina. Funciona como um movimento de defesa.


Enquanto as responsabilidade estiverem "ok", enquanto os pais e mães estiverem ao menos tentando acertar, é inadmissível ficar apontando seus supostos "erros". As mulheres, em especial, sofrem muito com isso e merecem que isso acabe logo!


Mas e quando as responsabilidades não forem minimamente cumpridas por esses pais?


Ampliando um pouco mais o debate, imagina se uma mãe (ou um pai) começa a praticar atos negligentes se valendo da ideia de uma "maternidade ou paternidade sem julgamentos"...


Essa pessoa não deveria ser julgada? Não precisaria ser chamada para a responsabilidade? Mereceria viver sem ser afetada pelo sentimento de culpa?


Vamos combinar que os homens são bem menos julgados que as mulheres no quesito "criação de filhos", mas acho que vale a pena trazê-los para esse contexto, para refletirmos sobre os diversos ângulos dessa mesma cena.


Não se admitiria, por exemplo, falar em uma "paternidade mal compreendida" diante dos frágeis discursos daqueles homens que não cumprem com suas responsabilidades paternas, financeira ou afetiva.


Então, como estamos vivendo momentos estranhos no seio social, precisamos ficar atentos tanto aos discursos ferozes, quanto aos discursos de não culpabilização desses pais, para que isso também não vire uma panaceia, pronta para remediar a todos e todas, deixando, contudo, as crianças desprotegidas..


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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