Família

Liberdade de expressão começa em casa!

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
Liberdade de expressão começa em casa!

Foto: ilustrativa/Pexels

 


A liberdade de expressão virou assunto nas últimas semanas, por questões políticas. Mas será que as mesmas pessoas que supostamente defendem uma liberdade na íntegra, aplicam isso em casa?


Ser livre para pensar, se expressar e dar opiniões, é direito de TODOS, incluindo as crianças e adolescentes, que possuem esse direito assegurado no art. 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente.


Embora esse direito exista na lei, ainda são poucas as famílias em que as crianças e adolescentes são verdadeiramente ouvidos, levados em consideração e respeitados enquanto indivíduos.


O discurso é mais ou menos esse: "CRIANÇA NÃO TEM QUERER! QUANDO VOCÊ TIVER SUA CASA, VOCÊ FAZ DO SEU JEITO!"


Alguns pais têm verdadeiro pavor de se imaginar "dando ouvidos" aos filhos. Muitos não foram ouvidos e repetem o ciclo. A impressão que se tem é que a casa irá virar um caos e que os filhos perderão a noção de limite.


Outros, na ideia de dar voz aos filhos, resolvem fazer "combinados" que, na prática, nunca foram efetivamente combinados com a criança.


Existe uma confusão gigante entre liberdade e indisciplina. Mas é possível sim educar os filhos, ser firme e, ainda assim, abrir espaço para ouvir e respeitar suas opiniões.


Quando estamos dispostos a ouvir o outro (a exemplo de um filho), conseguimos, em um só ato, acolher, dar ao outro dignidade, e, de quebra, ampliamos o diálogo e as chances de sermos melhor compreendidos.


Relações fortes e ambientes democráticos se constroem exatamente assim.


O que não se admite é que a criança ou o adolescente se ampare nessa ideia de liberdade de expressão para MENTIR, FERIR ou OFENDER quem quer que seja. Esse direito não garante um passe livre!


Por isso, recomenda-se educar as crianças e adolescentes para fazer uso da liberdade de expressão. É importante que eles se preparem, desde cedo, para respeitar opiniões divergentes, saber dialogar e expor seus pontos de vista.


Quando os pais escutam e permitem que os filhos se expressem, os filhos aprendem a elaborar melhor suas angústias e opiniões, e aprendem também a escutar e respeitar o outro.


Do contrário, se a criança é educada para se calar, dificilmente julgará ter capacidade para dar opiniões. Muitas delas crescem sem habilidade de se expressar justamente por conta disso.


Então, se realmente estamos tentando plantar um futuro melhor para os nossos filhos, precisamos fazer o dever de casa!


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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