O pai com 'p' minúsculo ainda não acordou para a vida paterna
Foi-se o tempo em que para ser "Pai", com "P" maiúsculo, bastava ter um filho.
Alguns ainda pagam as contas da casa e por isso se dizem pai. Os que batem e amedrontam, também se dizem pai. Da mesma forma fazem os que pagam a pensão e abandonam os filhos.
Sim, de fato, eles são pais. Mas vamos falar a real: esses pais são "menos pais" que os outros, que acordaram para a função paterna!
Quem diz isso não sou eu, e sim a demanda psicológica que surge de crianças com pais ausentes!
Como diriam os Mamonas, "um tanto quanto másculo, com M maiúsculo", mas, eu acrescentaria, com o "p" minúsculo.
A provocação que faço tem, sim, a ideia de mexer com o ego masculino. Não é só impressão sua!
A ideia do ser pai está, para algumas pessoas, repousada exatamente nessa ideia do homem másculo, que não atua como protagonista na vida do filho, porque, afinal, atuar no cuidado com os filhos sempre foi "coisa de mulher".
É como se as "coisas de mulher" coincidissem com as COISAS menos importantes, dentre elas, cuidar dos filhos.
Essa ideia construída socialmente, e repetida por centenas de anos, perpetua o domínio do masculino sobre o feminino e é, em grande parte, responsável pelo abandono dos pais e pela violência social à qual a mulher foi submetida.
Ser pai com o "p" minúsculo é não se vulnerabilizar, não se dar conta da função paterna, da importância da sua presença na vida da criança, do afeto, e da possibilidade e necessidade humana de amar e ser amado - ver e ser visto.
A vulnerabilidade é a nova virilidade, como disse Malvine Zalcberg.
Ser o pai com "p" minúsculo pode ser até confortável para alguns, mas passar toda a infância, toda a vida de um filho sendo ausente, esgota a todos. Já não cabe, não empolga, não funciona, já não engana mais.
Então vai uma dica: se seu "p" anda menor que seu "M", tem algo a ser melhor elaborado e, para a sua surpresa, é justamente o seu "lado feminino", seu contato com o materno, que pode lhe ajudar!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.