Família

Representar o papel do homem tradicional pode adoecer

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
Representar o papel do homem tradicional pode adoecer

Foto: ilustrativa/Pexels

 


Homem que é homem não tem medo! Trabalha muito! Não chora! É forte! Durão! Não adoece! Não deixa nada faltar em casa!


Fora do machismo convencional e tóxico, existe também uma figura masculina idealizada, que sufoca grande parte dos homens.


Alguns adoecem emocional e psicologicamente na angústia de representar esse papel.


Essa figura de "homem forte", que alguns resolvem representar, esconde, por muitas vezes, o medo, a vulnerabilidade e outras emoções e afetos reprimidos.


A real é que cansa representar esse papel o tempo inteiro.


Conheço muitos homens nessa condição: CANSADOS! Não de serem homens, mas de representar um personagem que precisa ser forte o tempo inteiro para si e para a família.


Na falsa fortaleza se esquecem até que, antes de serem homens, são pessoas, e passam a não conseguir abraçar, amar um filho, ser empático com as pessoas próximas, etc.


Falar sobre si mesmo para um amigo ou terapeuta poderia ajudar bastante, mas essa é uma missão bem difícil quando se convive em um ambiente social em que esse "novo personagem" não é esperado e tolerado.


A repressão desse medo, cansaço, vulnerabilidade e afeto, por vezes acumula e esse cara implode!


Representar esse personagem tão aplaudido socialmente pode virar um grande pesadelo na existência de alguns homens.


A missão, então, para esse novo homem se salvar dessa implosão e se tornar um sujeito mais leve, mais empático, mas saudável e leal aos próprios sentimentos, é lutar contra o personagem que lhe deram pronto e criar um outro lugar mais confortável para viver.


Se recriar enquanto sujeito pode ser a saída para não implodir. A terapia ajuda! A mudança precisa vir de dentro para fora!


Esse texto é dedicado aos meus amigos, pessoas que acompanho e leitores que estão em meio a pensamentos contrários à vida, em depressão, com Síndrome de Burnout ou, simplesmente, cansados...


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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