Há alguns dias, a sociedade brasileira tem assistido a uma enxurrada de denúncias envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), todas personalizadas em nome do atual presidente, Ednaldo Rodrigues, contando inclusive com alguns atores da imprensa esportiva. A fase ruim que vive a Seleção Brasileira e, em paralelo, o final de um dos campeonatos mais disputados da história, tanto na parte superior, quanto inferior da tabela, parece que se tornou o momento ideal para uma investida contra a entidade, onde inevitavelmente as torcidas e a própria sociedade brasileira estão inflamadas.
Até agora, nenhuma acusação foi munida de provas e perdeu a credibilidade quando chegou a público que elas partem de interesses individuais, inclusive de quem foi banido do Futebol Mundial pela FIFA, justamente por corrupção.
Preocupa-me como essa movimentação pode impactar todo o futebol brasileiro, em especial, o trabalho que tem sido desenvolvido de combate à LGBTfobia que passou a ter sinalizações das instâncias da CBF no final de 2021, quando conseguimos ter o primeiro clube do Brasil punido por LGBTfobia no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e desde então, outras ações, medidas e iniciativas foram realizadas.
Desde o surgimento do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, em 2019, tentamos todas as formas de diálogo com a CBF e suas instâncias, mas fomos solenemente ignorados por mais de dois anos, até chegarmos diretamente ao atual presidente, em 2022, em contato feito por mim pessoalmente e a partir daí, a pauta LGBTQ+ passou a aparecer na agenda da CBF e suas instâncias.
Ednaldo Rodrigues é o primeiro presidente negro e nordestino em mais de 100 anos de entidade. Talvez isso explique a amplitude de que as supostas denúncias feitas sem apresentação de provas ganham, mesmo sendo feitas por pessoas sem qualquer credibilidade e repercutidas por alguns jornalistas esportivos e meios de comunicação.
Até aqui, temos conquistas importantes no combate à LGBTfobia e à inclusão da comunidade LGBTQ+ no futebol Brasileiro. Ainda estamos bem distantes de um cenário ideal, mas me preocupa muito a possibilidade de retrocessos nesse campo.
Observo que todos os pontos levantados ao público, como denúncia, têm como foco unilateral a questão financeira e orçamento da CBF, passando distante sobre as demais questões, em especial de governança, gestão, social e a própria seleção. Entendemos que o guia do jogo são as regras e elas precisam ser respeitadas. Falar em afastamento em assembleia geral ou intervenção judicial sem que haja qualquer concretude nas denúncias trazidas à tona é subverter as regras do jogo apenas por interesses individuais e o comunicado da FIFA levanta um alerta vermelho sobre as graves consequências que essa aventura pode resultar.
Precisamos de uma CBF cada vez mais transparente, isenta e com um grande projeto para o futebol nacional, que inclui a comunidade LGBTQ+. Essas movimentações e ataques não são direcionados em nada para isso, e por isso rechaço essas investidas golpistas.
Leia também: <a href="https://aratuon.com.br/esportes/2023-11-20/presidente-da-cbf-e-conselheiro-da-fifa-ednaldo-rodrigues-diz-que-vai-combater-racismo-como-uma-praga/" target="_blank" rel="noopener">Presidente da CBF e conselheiro da Fifa, Ednaldo Rodrigues diz que vai ‘combater racismo como uma praga’</a>
*Artigo publicado originalmente no site de <a href="https://www.onaruda.com.br/post/o-que-est%C3%A1-acontecendo-na-cbf" target="_blank" rel="noopener">Onã Rudá</a>. O material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

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Foto: ilustrativa/Pexels</pre>

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Desde os tempos da escravid&atilde;o no Brasil que a comunidade negra desenvolve uma s&eacute;rie de mecanismos de resist&ecirc;ncia buscando justamente a sobreviv&ecirc;ncia. Com o fim da escravid&atilde;o no Brasil -&nbsp;quando a comunidade negra ficou &agrave; merc&ecirc;, n&eacute;? Sem garantias nenhuma do estado -,&nbsp;esses mecanismos de sobreviv&ecirc;ncia se aprofundaram.&nbsp;Um desses &eacute; o empreendedorismo.

E &eacute; pra falar sobre empreendedorismo que estou&nbsp;aqui, hoje, pra fazer esse convite pra voc&ecirc;s. <a href="https://aratuon.com.br/variedades/noticia/economia/contai-evento-gratuito-para-afroempreendedores-lgbtqiap-reune-ona-ruda-e-monique-evelle-em-salvador" target="_blank">Acontece nesta sexta-feira (18/11), at&eacute; &agrave;s 18h30, no Cerimonial Rainha Leonor, em Salvador, o Conta&iacute; Summit</a>, um evento muito bacana que procura diversas pessoas que s&atilde;o da comunidade LGBT+&nbsp;e negras pra falar de empreendedorismo. Vai ter uma s&eacute;rie de pessoas muito bacanas, mesas, debates, at&eacute; a presen&ccedil;a de diversas marcas importantes.&nbsp;O evento tem patroc&iacute;nio da Meta, do Instituto Avon, da Ambev e voc&ecirc; n&atilde;o pode ficar de fora.

Ent&atilde;o, galera, coloca a&iacute; na agenda! A gente vai ter&nbsp;esse debate e essa conex&atilde;o ancestral para poder falar sobre empreendedorismo, sobre a nossa comunidade e os desafios que &eacute; ser uma pessoa negra e empreender no Brasil,&nbsp;e tamb&eacute;m como que a gente pode montar uma rede de conex&otilde;es potentes que nos ajudem a caminhar, a crescer e aprender uns com os outros. Te espero l&aacute;, em? 
 
Obs.: o v&iacute;deo foi gravado nessa quinta, por isso ele fala &#39;amanh&atilde;&#39;. O&nbsp;evento ocorre nesta sexta (18).

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SERVI&Ccedil;O

Conta&iacute; Summit 
Quando:&nbsp;sexta-feira (18/11), das 9h &agrave;s 18h30 
Onde:&nbsp;Cerimonial Rainha Leonor - Av. Joana Ang&eacute;lica, 79 - Nazar&eacute;, Salvador - BA 
Quanto:&nbsp;gratuito |&nbsp;<a href="https://nhai.com.br/contai/" target="_blank">Mais informa&ccedil;&otilde;es no site oficial do Conta&iacute;</a>

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

<pre style="text-align: justify;">
Foto: divulga&ccedil;&atilde;o/EC Bahia</pre>

 
Pensar a presen&ccedil;a e participa&ccedil;&atilde;o de pessoas LGBTQIAP+ no futebol &eacute; sempre bem&nbsp;complexo por conta do tipo de hist&oacute;rico e cultura nitidamente LGBTf&oacute;bicas que ainda&nbsp;circulam com muita forte dentro do esporte, n&atilde;o s&oacute; no Brasil, mas no mundo inteiro.

Entre o final da d&eacute;cada de 70, invadindo os anos 80, at&eacute; o in&iacute;cio dos anos 90, surgiram as&nbsp;primeiras manifesta&ccedil;&otilde;es potentes dentro do futebol em torno dessa comunidade. Primeiro&nbsp;com o surgimento da Torcida Coligay, do Gr&ecirc;mio, no Rio Grande do Sul, que entre muitas&nbsp;controv&eacute;rsias causadas pela m&iacute;dia,&nbsp;e por uma parcela da torcida do tricolor ga&uacute;cho, inspirou&nbsp;um movimento que impulsionou o surgimento de diversas outras not&iacute;cias como a Flagay, no&nbsp;Flamengo, Mar&eacute; Vermelha, no Inter de Santa Maria, entre&nbsp;outros.

Na arbitragem, o trio MBB&nbsp;(Margarida, Bianca e Borboleta) nomes de guerra dos &aacute;rbitros Jorge Jos&eacute; Emiliano dos&nbsp;Santos, Walter Senra e Paulino Rodrigues da Silva, respectivamente, ganhou destaque&nbsp;nacional ao assumirem publicamente a sexualidade e ganharem espa&ccedil;o na imprensa&nbsp;nacional chegando a participar de programas de audit&oacute;rio e apitando cl&aacute;ssicos importantes.

J&aacute; entre os jogadores, veio da Inglaterra a not&iacute;cia do primeiro atleta que assumiu a identidade&nbsp;sexual:&nbsp;Justin Fashanu, que viu a sua carreira e vida pessoal serem destru&iacute;das ap&oacute;s a&nbsp;revela&ccedil;&atilde;o. No Brasil, foi s&oacute; em 2010 que um jogador do time profissional assumiu a&nbsp;sexualidade. Foi o goleiro Messi, do Palmeira de Goianinha, &agrave; &eacute;poca, jogando a s&eacute;rie D do&nbsp;Brasileir&atilde;o. O arqueiro&nbsp;tamb&eacute;m foi alvo de &oacute;dio, persegui&ccedil;&atilde;o e viol&ecirc;ncias, o que fez com que&nbsp;ele parasse de dar entrevistas e falar sobre o assunto publicamente.&nbsp;

Desde ent&atilde;o, outras experi&ecirc;ncias de torcidas vieram. Algumas que funcionam at&eacute; hoje&nbsp;surgiram no&nbsp;per&iacute;odo dos anos 2000,&nbsp;a exemplo da &quot;Pap&atilde;o Livre&quot;, do Paysandu, e &quot;Palmeiras Livre&quot;, do time paulista. As duas, atualmente, compoem o Coletivo de Torcidas&nbsp;Canarinhos LGBTQ que fundei, mas teve a &quot;Galo Queer&quot;, no Atl&eacute;tico Mineiro, &quot;Bahia Livre&quot;, no tricolor baiano,&nbsp;e outras.

No entanto, situa&ccedil;&otilde;es de homofobia continuaram a permear com muita for&ccedil;a o futebol. A&nbsp;experi&ecirc;ncia do jogador Richarlyson, do S&atilde;o Paulo, &eacute; um exemplo disso. Os discursos de&nbsp;diversos dirigentes e torcidas organizadas tamb&eacute;m. Tudo aconteceu com a mais&nbsp;proeminente omiss&atilde;o e silenciamento sobre o assunto por parte das justi&ccedil;as desportivas&nbsp;regionais e do pr&oacute;prio Superior Tribunal de Justi&ccedil;a Desportiva (STJD).

O que temos hoje? O futebol &eacute; um dos esportes que mais tem rela&ccedil;&atilde;o com a identidade&nbsp;nacional do povo Brasileiro,&nbsp;uma paix&atilde;o inexplic&aacute;vel que &eacute; capaz de mexer at&eacute; com o&nbsp;humor coletivo. Quem n&atilde;o lembra dos 7 a 1? Ou daquele jogo marcante do seu time&nbsp;(mesmo que voc&ecirc; n&atilde;o acompanhe) contra o rival? Entretanto, esse esporte ainda &eacute; 
majoritariamente masculino, cis e h&eacute;tero, onde ainda se reproduz diversas viol&ecirc;ncias&nbsp;machistas, mis&oacute;ginas, e &eacute; um ambiente profundamente LGBTf&oacute;bico. O resultado objetivo &eacute;&nbsp;que essa comunidade n&atilde;o se sente parte do futebol, muitos sequer como pr&aacute;tica esportiva&nbsp;ou atividade f&iacute;sica, tamanho o impacto da masculinidade t&oacute;xica que domina o futebol.

Foi s&oacute; na virada da d&eacute;cada atual que tivemos os primeiros e mais efetivos movimentos&nbsp;dentro do futebol que tem permitido que fa&ccedil;amos de forma concreta a reflex&atilde;o que&nbsp;proponho nesse texto. &quot;Existe lugar para pessoas LGBTQIAP+ no futebol brasileiro?&quot;.&nbsp;A resposta para a pergunta &eacute;: SIM, mas esse lugar precisa ser constru&iacute;do de forma 
respons&aacute;vel e compromissada por todos os agentes e institui&ccedil;&otilde;es do futebol.&nbsp;

Em 2017, surgiram os primeiros clubes (Bahia, Flamengo, Gr&ecirc;mio e Internacional)&nbsp;que se posicionaram em datas simb&oacute;licas e&nbsp;importantes da comunidade LGBTQIAP+, como 17 de maio (Dia internacional de combate &agrave;&nbsp;LGBTfobia), e 28 de junho (Dia do Orgulho LGBTQIAP+).

Em 2019, ap&oacute;s o Supremo Tribunal Federal equiparar a pr&aacute;tica de LGBTfobia ao crime de&nbsp;Racismo, o STJD emitiu a recomenda&ccedil;&atilde;o 01/2019 para que os &aacute;rbitros, auxiliares e&nbsp;delegados das partidas relatem na s&uacute;mula, e/ou documentos oficiais dos jogos, a ocorr&ecirc;ncia&nbsp;de manifesta&ccedil;&otilde;es preconceituosas e de inj&uacute;ria em decorr&ecirc;ncia de op&ccedil;&atilde;o sexual por&nbsp;torcedores ou part&iacute;cipes das competi&ccedil;&otilde;es e que os Clubes e Federa&ccedil;&otilde;es realizem&nbsp;campanhas educativas junto aos torcedores, atletas e demais part&iacute;cipes das competi&ccedil;&otilde;es&nbsp;com o fim de evitar a ocorr&ecirc;ncia de infra&ccedil;&otilde;es desta natureza.

Desde ent&atilde;o tem sido crescente o n&uacute;mero de a&ccedil;&otilde;es e iniciativas promovidas pelos clubes,&nbsp;muitas ainda dentro de uma expectativa de marketing, mas que acabam por promover o&nbsp;debate sobre inclus&atilde;o e diversidade, s&atilde;o mais de 200 clubes que atualmente usam as&nbsp;redes para se pronunciar nessas datas.

No ano de 2019 tamb&eacute;m surgiram diversas torcidas e movimentos LGBTQIAP+ em torno&nbsp;dos clubes, a &quot;Marias de Minas&quot;, do Cruzeiro, a LGBTricolor do Bahia, a &quot;Orgulho Rubro Negro&quot;, no Vit&oacute;ria, a &quot;Fura&ccedil;&atilde;o LGBTQ&quot;, no Athletico Paranaense, e diversas outras, que se juntaram com as que j&aacute; existiam e formam hoje o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ, que&nbsp;busca contribuir de diversas formas para o combate &agrave;&nbsp;LGBTfobia no futebol e para&nbsp;promover diversidade e inclus&atilde;o.&nbsp;

As a&ccedil;&otilde;es do clubes sa&iacute;ram das redes e ganham espa&ccedil;o dentro do campo, das lojas e&nbsp;outros espa&ccedil;os dos clubes que j&aacute; colocaram as cores da diversidade em uniformes dos&nbsp;jogadores, pe&ccedil;as vendidas de forma promocional, faixas no est&aacute;dio, v&iacute;deos institucionais,&nbsp;bandeirolas de escanteio, manifesto, promo&ccedil;&otilde;es e muitas outras iniciativas que tem&nbsp;contribu&iacute;do para o avan&ccedil;o do combate a LGBTfobia. Algumas federa&ccedil;&otilde;es desportivas&nbsp;tamb&eacute;m ensaiam a&ccedil;&otilde;es, ainda de forma t&iacute;mida, j&aacute; a CBF n&atilde;o conseguiu dar passos efetivos&nbsp;nesse sentido.

A justi&ccedil;a desportiva tem avan&ccedil;ado, e em 2021 o Flamengo foi punido pelo STJD com uma&nbsp;multa de 50 mil reais por gritos homof&oacute;bicos da torcida, a den&uacute;ncia foi enviada pela&nbsp;canarinhos LGBTQ e desde ent&atilde;o outros clubes tamb&eacute;m tem sido punidos. Os &aacute;rbitros&nbsp;passaram a registrar mais epis&oacute;dios desse tipo, fazendo com que o tribunal tome&nbsp;conhecimento e possa agir.

BAHIA

Mas &eacute; do&nbsp;Bahia o particular case de sucesso que tem transformado a cultura interna do&nbsp;clube, incluindo pessoas LGBTQIAP+, promovendo a diversidade e assumindo um&nbsp;posicionamento de marca contundente, inovador e sustent&aacute;vel. Existe no clube um N&uacute;cleo&nbsp;de A&ccedil;&otilde;es Afirmativas (NAA) que formula a&ccedil;&otilde;es, campanhas e projetos que contam com a&nbsp;contribui&ccedil;&atilde;o dos mais variados agentes, tanto do clube, quanto da sociedade, como&nbsp;intelectuais, pesquisadores, movimentos sociais e outros.

O Bahia foi pioneiro no trato da tem&aacute;tica LGBTQAIP+ de forma diferenciada e fazendo com&nbsp;que elas tivessem um desdobramento efetivo no dia a dia do clube. Antes mesmo do&nbsp;surgimento da Torcida LGBTricolor, em 2019, o clube j&aacute; tinha feito in&uacute;meras a&ccedil;&otilde;es como a&nbsp;venda de pe&ccedil;a tem&aacute;tica na linha &ldquo;clube do povo&rdquo;, uso das cores LGBTQIAP+ nas&nbsp;bandeirolas de escanteio (foto), estabelecimento do uso de nome social em todas as inst&acirc;ncias&nbsp;do clube e contratando funcion&aacute;rio trans para trabalhar na loja oficial da marca do clube, a&nbsp;Esquadr&atilde;o. Tudo isso estabeleceu um ambiente j&aacute; aprofundado de debate interno e de convencimento de importantes atores e atrizes que contribu&iacute;ram muito para que&nbsp;os avan&ccedil;os fossem efetivos.

TORCIDA LGBTRICOLOR

Com o surgimento da Torcida LGBTricolor, o Bahia foi posto em uma situa&ccedil;&atilde;o em que&nbsp;precisava, de alguma forma, responder se essas a&ccedil;&otilde;es e iniciativas dariam conta de garantir&nbsp;a exist&ecirc;ncia e integra&ccedil;&atilde;o interna de uma torcida composta por pessoas dessa comunidade&nbsp;e a resposta do clube tem sido singular e promovida uma possibilidade de viv&ecirc;ncia e&nbsp;participa&ccedil;&atilde;o de pessoas LGBTQIAP+ que existem em poucos clubes do mundo.

Atualmente, os membros e membras da torcida frequentam jogos do clube no est&aacute;dio sem&nbsp;medo ou receio,&nbsp;t&ecirc;m se associado, consumido produtos, participado ativamente dos&nbsp;processos democr&aacute;ticos internos do clube,&nbsp;em di&aacute;logo respeitoso e amig&aacute;vel com as&nbsp;demais torcidas, os grupos pol&iacute;ticos, conselho, diretoria e etc. Podemos dizer - sem medo -&nbsp;que, no Bahia, os torcedores&nbsp;LGBTQIAP+ est&atilde;o integrados &agrave;&nbsp;din&acirc;mica&nbsp;interna doclube.

Isso &eacute; fruto de um trabalho s&eacute;rio e compromissado de todo mundo que faz o Bahia&nbsp;acontecer. Desde que surgiu, a torcida j&aacute; lan&ccedil;ou manifesto durante elei&ccedil;&atilde;o para o conselho&nbsp;deliberativo, que contou com assinatura de quase todas as chapas, lan&ccedil;ou uma camisa&nbsp;hist&oacute;rica da LGBTricolor que faz muito sucesso nas redes e nas ruas, articulou a&nbsp;participa&ccedil;&atilde;o de uma mulher trans na equipe de animadoras oficiais do Bahia (as&nbsp;Tricol&iacute;deres), levou letreiro contra lgbtfobia no est&aacute;dio, passou a colocar faixa no est&aacute;dio,&nbsp;participou de pe&ccedil;as publicit&aacute;rias do clube, debates, lives sobre a tem&aacute;tica e muito mais e&nbsp;nunca nenhum dirigente do Bahia recuou, sempre defenderam publicamente as a&ccedil;&otilde;es.

&Eacute; poss&iacute;vel replicar em larga escala essa experi&ecirc;ncia exitosa, mas precisamos de mais&nbsp;empenho de todes agentes e institui&ccedil;&otilde;es do futebol brasileiro.

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

<pre style="text-align: justify;">
Foto: M&aacute;rcio Lima/divulga&ccedil;&atilde;o</pre>

<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/xVcNqrXXEng" title="YouTube video player" width="560"></iframe>

Muita gente n&atilde;o sabe, mas Gilberto Gil tentou ser prefeito de Salvador.&nbsp;No retorno &agrave; capital baiana, em 1987, ele se filiou ao MDB e lan&ccedil;ou a ideia. Era o artista negro mais popular do Brasil, com forte ades&atilde;o na cidade, mas os pol&iacute;ticos conservadores barraram a sua candidatura. Ele contou que, em conversa com Waldir Pires, ent&atilde;o governador da Bahia, ele teria dito que a candidatura de Gil &quot;implodiria&quot; o MDB, porque ele era presidente da Funda&ccedil;&atilde;o Greg&oacute;rio de Matos (FGM) e defendia pautas que, na &eacute;poca, n&atilde;o tinham muita ades&atilde;o, como o meio ambiente.&nbsp;

Gil queria compatibilizar a Salvador profunda e hist&oacute;rica&nbsp;com a Salvador moderna. Um equil&iacute;brio entre as duas cidades. Mas, apesar de passar a usar terno e fazer diversas a&ccedil;&otilde;es pol&iacute;ticas, a candidatura a prefeito n&atilde;o aconteceu. Ele lan&ccedil;ou a candidatura a vereador, e no primeiro dia de propaganda na televis&atilde;o, foi exibido um longo clipe da m&uacute;sica que era um verdadeiro &quot;soco&quot; em Waldir Pires.&nbsp;

Confira a letra, abaixo:

Pra prefeito, n&atilde;o 
Pra prefeito, n&atilde;o 
E pra vereador: 
Pode, Waldir? Pode, Waldir? Pode, Waldir?

Prefeito ainda n&atilde;o pode porque &eacute; cargo de chefia 
E na cidade da Bahia 
Chefe!, chefe tem que ser dos tais 
Senhores professores, magistrados 
Abastados, ilustrados, delegados 
Ou apenas senhores feudais 
Para um poeta ainda &eacute; cedo, ele tem medo 
Que o poeta venha p&ocirc;r mais lenha 
Na fogueira de S&atilde;o Jo&atilde;o

Se &eacute; poeta, veta! 
Se &eacute; poeta, corta! 
Se &eacute; poeta, fora! 
Se &eacute; poeta, nunca! 
Se &eacute; poeta, n&atilde;o!

O argumento &eacute; que o momento &eacute; delicado 
E prum pecado desse tipo 
Pode n&atilde;o haver perd&atilde;o 
Mudan&ccedil;a &eacute; arriscado, muda-se o palavreado 
Mas o indicado 
Isso ele n&atilde;o muda, n&atilde;o 
O indicado deve ser do tipo moderado 
Com um mofo do passado 
Pe&ccedil;a do status quo

Se &eacute; poeta, veta! 
Se &eacute; poeta, corta! 
Se &eacute; poeta, fora! 
Se &eacute; poeta, nunca! 
Se &eacute; poeta... oh!

O certo poderia ser o voto no Zelberto 
Mas examinando mais de perto 
Ele tem que duvidar 
A d&uacute;vida de que a Bahia tenha um dia tido a primazia 
De nos dar folia 
De nos afrocivilizar 
Pra ele civiliza&ccedil;&atilde;o &eacute; a Fran&ccedil;a que balan&ccedil;a 
No seu peito de homem direito 
Homem de jeito sutil

Se &eacute; poeta, veta! 
Se &eacute; poeta, corta! 
Se &eacute; poeta, fora! 
Se &eacute; poeta, nunca! 
Se o poeta &eacute; Gil!

Pra prefeito, n&atilde;o 
Pra prefeito, n&atilde;o 
E pra vereador: 
Pode, Waldir? Pode, Waldir? Pode, Waldir? 
<a href="https://youtu.be/yUJiwD6xw1o" target="_blank">🎧 Ou&ccedil;a aqui</a>

REPOSTA

Waldir Pires, que negou ter vetado o nome de Gil, respondeu com uma outra m&uacute;sica: &quot;Quem te viu, quem te v&ecirc;... Se n&atilde;o &eacute; mais Gil, que bicho &eacute; voc&ecirc;?&quot;.

RESULTADO

Gil foi eleito o vereador mais votado da cidade, com 11.111 votos. Passados quatro anos, ele n&atilde;o tentou a reelei&ccedil;&atilde;o, mas voc&ecirc; j&aacute; pensou que sensacional seria ter Gilberto Gil prefeito da capital mais negra do mundo, fora da &Aacute;frica?

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

<pre style="text-align: justify;">
Foto: reprodu&ccedil;&atilde;o/AP</pre>

&nbsp;

<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/LJz8uWsWohA" title="YouTube video player" width="560"></iframe>

&quot;Comunista homossexual que fugiu do servi&ccedil;o militar&quot;. Foi assim que um senador taxou Bayard Rustin, um ativista negro, abertamente gay, e que por conta disso sua hist&oacute;ria acabou sendo pouco difundida, mas ele foi fundamental pra conquista e resist&ecirc;ncia da comunidade negra nos Estados Unidos.

Nascido em 1912, durante a juventude fez diversas campanhas contra as leis discriminat&oacute;rias de Jim Crow Na universidade, tornou-se ativo em v&aacute;rias organiza&ccedil;&otilde;es e foi assim durante toda sua vida.

Em 1942, foi um dos respons&aacute;veis pelo boicote aos &ocirc;nibus de Montgomery, violando a regra que dizia que os negros tinham que sentar na fileira do fundo e ceder lugar pros brancos.

Pacifista, Rustin foi um dos principais respons&aacute;veis pela dissemina&ccedil;&atilde;o do conceito ghandiniano, de resist&ecirc;ncia n&atilde;o violenta. Foi contra a indu&ccedil;&atilde;o ao servi&ccedil;o militar e, por conta disso, voltou &agrave; pris&atilde;o, onde fez manifesta&ccedil;&otilde;es por conta de restaurantes segregados. Anos depois, foi preso por fazer sexo com outro homem, acusado de &quot;vadiagem&quot; e &quot;conduta lasciva&quot;.

Bayard Rustin se tornou um dos principais conselheiros de Martin Luther King e a oposi&ccedil;&atilde;o come&ccedil;ou a atacar o movimento dizendo que os dois tinham um caso. No meio do pr&oacute;prio movimento, ele tamb&eacute;m encontrava resist&ecirc;ncia e boicote por causa da sua sexualidade.

Saiba mais sobre Bayard Rustin no v&iacute;deo acima.

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

<pre style="text-align: justify;">
Foto: reprodu&ccedil;&atilde;o</pre>

&nbsp;

<blockquote class="twitter-tweet">
Primeiro presidente negro do Brasil, Nilo Pe&ccedil;anha n&atilde;o assumia identidade racial 
 
Confira o novo v&iacute;deo de On&atilde; Rud&aacute; (<a href="https://twitter.com/OnaRuda2?ref_src=twsrc%5Etfw">@OnaRuda2</a>) em <a href="https://twitter.com/hashtag/ColunistasOn?src=hash&amp;ref_src=twsrc%5Etfw">#ColunistasOn</a>: <a href="https://t.co/c7NIBs1Hgv">https://t.co/c7NIBs1Hgv</a> <a href="https://t.co/YPoSv26uOu">pic.twitter.com/YPoSv26uOu</a>
&mdash; Aratu On (@aratuonline) <a href="https://twitter.com/aratuonline/status/1524862948040228876?ref_src=twsrc%5Etfw">May 12, 2022</a></blockquote>
<script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>

&Eacute; ano eleitoral e,&nbsp;nas principais candidaturas &agrave; presid&ecirc;ncia, uma das coisas que n&atilde;o passa batida &eacute; a aus&ecirc;ncia de pessoas negras. Em espec&iacute;fico, na presid&ecirc;ncia, uma das poucas vezes - ou a &uacute;nica vez - que uma pessoa negra ocupou esse lugar foi Nilo Pe&ccedil;anha.

Carioca, com experi&ecirc;ncia em pol&iacute;tica, ocupou a presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica ap&oacute;s a morte de Afonso Pena, em 1909, de quem era vice. Com 17 meses no comando do Brasil, criou o primeiro &oacute;rg&atilde;o de prote&ccedil;&atilde;o de ind&iacute;genas e nunca assumiu a sua identidade racial. Mas, a maioria dos ataques que recebia eram de cunho racista.&nbsp;

Ele tamb&eacute;m&nbsp;criou o primeiro movimento pol&iacute;tico personalista. S&oacute; depois da sua morte, aos 56 anos de idade, que seus seguidores, os &quot;niilistas&quot;, levantaram a tem&aacute;tica da sua origem e identidade racial.

Nilo Pe&ccedil;anha&nbsp;chegou a concorrer &agrave; presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica outra vez, mas n&atilde;o ganhou. Dizem que tem outros ex-presidentes que tamb&eacute;m negaram a sua origem racial, mas isso eu conto pra voc&ecirc;s em outro momento.

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

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Onã Rudá

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