Cidadania

Inteligência cidadã é buscar a valorização da hora trabalhada

Paulo Cavalcanti
Colunista On: Paulo CavalcantiEmpresário, advogado e presidente do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia
Inteligência cidadã é buscar a valorização da hora trabalhadaPexels

Vamos falar de inteligência cidadã sem rodeios? Entenda por que moeda fraca empobrece o trabalhador e corrói a dignidade.

O que está esmagando a vida do trabalhador brasileiro não é, neste momento, a quantidade de horas trabalhadas. É a desvalorização brutal da nossa hora trabalhada, causada pela fragilidade da moeda, pela insegurança jurídica, pela má gestão dos gastos públicos e pela ausência de responsabilidade administrativa.

Imagine a seguinte cena: você entra no supermercado com o mesmo dinheiro no bolso. De um lado, consegue comprar cinco pacotes de jujuba. Do outro, compra apenas um. O dinheiro é o mesmo. O que mudou foi o valor dele.

É exatamente isso que acontece hoje no Brasil.

Um dólar vale algo em torno de R$ 5,50. Se o salário mínimo brasileiro tivesse o mesmo poder de compra de um salário mínimo pago em dólar, estaríamos falando de algo próximo a R$ 7.500 ou R$ 8.000 por mês. Não porque o salário nominal é maior, mas porque a moeda vale mais.

Esse é o ponto que muitos fingem não entender.

E aí eu faço a pergunta incômoda:  como falar em dignidade da pessoa humana quando o poder de compra da comida some mês após mês?

Não adianta fazer discurso bonito sobre direitos se o trabalhador vai ao mercado e sai com a sacola cada vez mais vazia. Dignidade não se sustenta com retórica. Dignidade se sustenta com moeda forte, salário valorizado e capacidade real de escolha.

É aqui que entra a inteligência cidadã. A capacidade de não é cair em ilusão confortável. Saber cobrar do governo aquilo que realmente importa: segurança jurídica; eficiência nos gastos públicos; serviços que funcionem; reforma administrativa de verdade; Estado que gaste menos do que arrecada; e o fim da sanha por criar novas taxas sobre quem já não aguenta mais pagar.

 

 

Quando o governo faz isso, o real se fortalece. Quando o real se fortalece, a hora trabalhada vale mais. Quando a hora trabalhada vale mais, o salário rende. E quando o salário rende, a qualidade de vida melhora de verdade.

Isso sim, é dignidade da pessoa humana na prática, não no papel.

Antes de discutir redução de jornada como solução mágica, precisamos enfrentar o problema real. Não queremos “ficar em casa” com uma moeda fraca. Queremos trabalhar e ver nosso esforço valer alguma coisa.

Inteligência cidadã é parar de pedir atalhos e começar a exigir fundamentos. É entender que valorizar a moeda é valorizar o trabalhador. É aprender a observar, comparar e cobrar.

Sem ilusão, sem populismo, com responsabilidade.

Pense nisso.

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Empresário, advogado e presidente do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia

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