SMS nega demora no atendimento de mulher em UPA e divulga cronologia
A Secretaria detalhou que o tempo total de atendimento foi de 1 hora e 8 minutos
Por Bruna Castelo Branco.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Salvador se manifestou após a repercussão da morte de Adnailda Souza Santos, de 42 anos, ocorrida na terça-feira (11), no 16º Centro de Saúde Maria Conceição Imbassahy, localizado no bairro Pau Miúdo, em Salvador. A paciente estava acompanhada do marido, Sidnei Monteiro de Jesus.
A pasta negou as alegações de demora no atendimento e apresentou imagens de câmeras de segurança e uma linha do tempo detalhada dos acontecimentos, desde a chegada de Adnailda à unidade até o momento em que o óbito foi confirmado.
O marido da pastora, que sofria de asma e chegou na unidade de saúde com dificuldades respiratórias, afirma que ela aguardou por cerca de três horas para ser atendida, mesmo em situação crítica. Entretanto, conforme a cronologia divulgada pela SMS, à qual o Aratu On teve acesso, o tempo de atendimento foi de 1 hora e 8 minutos.
Nessa versão, a Secretaria detalhou que "foram 46 minutos de tentativas de ressuscitação. O tempo total de atendimento foi de 1 hora e 8 minutos". Veja o vídeo do momento em que a paciente chegou na UPA:
Apesar disso, a família contesta os horários apresentados pela SMS, reafirmando que a pastora caiu, desacordada, por volta das 20h, cerca de três horas após sua entrada na unidade, e só foi atendida em seguida. Em vídeo gravado pelo marido, é possível ouvir Adnailda solicitando oxigênio: "Eu preciso de oxigênio. (...) Doutor, libera oxigênio aqui".
O caso foi registrado na 2ª Delegacia Territorial, que dará seguimento às investigações.
Confira, abaixo, a cronologia dos eventos segundo a Secretaria Municipal de Saúde:
- 17h23: A paciente chega à unidade e é acolhida por dois maqueiros;
- 17h25: A paciente passa direto na recepção da classificação de risco, é acolhida e conduzida em cadeira de rodas por profissionais da UPA, que orientaram para que um responsável fizesse a ficha de cadastro na recepção. A mesma seguiu direto para a sala de acolhimento sem pegar fila. Já na sala, são colhidas as primeiras informações por uma enfermeira e a paciente recebe pulseira laranja, com prioridade no atendimento. Veja o vídeo que mostra o momento em que ela entra na unidade e vai para a sala de triagem:
- 17h27: O marido chega à sala de classificação;
- 17h29: A paciente é conduzida para antessala do médico, sem passar por fila na recepção devido à pulseira laranja;
- 17h30: Já na antessala do médico, ela continua sendo acompanhada por um preposto na UPA que, segundo a imagens, a auxilia para que ela não caísse da cadeira. Neste momento, o marido já começa a falar alto e reclamar (três minutos após passar pela recepção). Os funcionários explicam que o médico já havia sido acionado e prestaria o atendimento logo, médico este que estava em ligação telefônica intermediando, junto à central estadual de regulação, a transferência de outro paciente grave que também estava na unidade;
- 17h30min55seg: Com 55 segundos em espera, o marido começa a gravar e continua falando alto e reclamando da suposta demora de atendimento, e é alertado pelo preposto sobre a proibição do uso de celular no ambiente interno da UPA. Assista às imagens:
Com 55 segundos de espera, o marido começa a gravar e continua falando alto e reclamando da suposta demora de atendimento. Assista: pic.twitter.com/tgdoGQD5EZ
— Aratu On (@aratuonline) March 13, 2025
- 17h31: O preposto da UPA faz sinal para chamar a enfermeira líder, sinalizando a necessidade de rápida intervenção. O marido continua gravando a cena pelo celular;
- 17h32: O médico solicita a entrada da paciente em consultório. Neste momento, (17h32min28seg), devido às falas em tom elevado do marido da paciente, os policiais chegam para entender a situação, sem uso da força, agressão ou intimidação. Ficam em pé ao lado do homem, observando a situação;
- 17h33: O preposto da unidade tenta adentrar com a paciente no consultório médico ainda na cadeira de rodas. Devido ao estado da paciente, ela é encaminhada diretamente para a sala de estabilização.
- 17h34: Um segundo cilindro de oxigênio é levado para a paciente e o atendimento começa. Quatro minutos e 17 segundos depois, o médico vai atender a paciente. Nesse momento, um policial continua conversando com o marido, juntamente com a assistente social.
- 17h36: Uma enfermeira leva os kits de suporte para o atendimento. Em seguida, outros profissionais adentram a sala portando o carro de emergência com demais materiais para o suporte avançado de vida. Mais enfermeiras chegam para auxiliar no atendimento;
- 17h40: Um novo cilindro de oxigênio é dispensado e o socorro continua;
- 17h56: Mais um cilindro de oxigênio é dispensado. A paciente permanece em parada cardiorrespiratória, mesmo após diversas manobras de estabilização;
- 18h31: Após 46 minutos de tentativas de ressuscitação, o óbito por parada cardiorrespiratória é constatado.
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