Cidade

'PM na entrada do bairro não basta', diz Müller sobre circulação de ônibus

Ônibus pararam de circular na Santa Cruz após ameaças de incêndios

Fonte: Bruna Castelo Branco

A Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) justificou, na manhã desta sexta-feira (24), o motivo de ter suspendido a circulação de ônibus em diversos bairros da capital baiana após tiroteios e cenas de violência em algumas localidades.


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Ônibus param de circular na Santa Cruz após ameaças de incêndios


Ônibus queimado em Salvador, em agosto de 2023. | Foto: Divulgação/Semob

Ônibus queimado em Salvador, em agosto de 2023. | Foto: Divulgação/Semob




Em nota, a pasta repudiou uma fala do comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, que afirmou, na quinta-feira (23), em entrevista à Rádio Sociedade da Bahia, que a suspensão do transporte público prejudica a população e não reflete a realidade. Para Coutinho, retirar os ônibus de circulação se tornou um "procedimento padrão" da Semob:


"Tem segmentos que contribuem muito, e outros que não. Um deles, que não contribui para essa sensação de segurança, é essa secretaria [Semob]. Ela atua de uma forma que me permite dizer: não é sempre da melhor maneira. [...] Infelizmente, eles [Semob] têm feito disso [suspensão da circulação de ônibus em determinados bairros] um procedimento quase que padrão. [...] Não interessa que exista uma viatura dando segurança. Eles primeiro suspendem, para depois de dois, três dias, voltar. A comunidade é prejudicada", apontou o comandante.


Em resposta, a Semob ressaltou que "qualquer suspensão de atendimento por conta de episódio de violência ou atentado ao transporte público ocorre com o objetivo de preservar a vida dos operadores, passageiros e a manutenção do serviço posteriormente na região afetada".


O titular da pasta, Fabrizzio Müller, defendeu que o serviço de transporte público só deve retornar para a localidade quando, de fato, existam garantias de segurança para que isso aconteça. "E não basta a presença da polícia na entrada do bairro. Afinal, em dois anos, 14 ônibus foram perdidos por ações criminosas. Não sei se o Coronel Coutinho sabe, mas, quando um dos ônibus elétricos operados pelo Governo da Bahia foi queimado, o serviço foi suspenso na Avenida Suburbana pela própria gestão estadual durante uma semana", afirmou.


A Semob também detalhou que, quando os coletivos são alvos de ataque, a população também sofre, já que o número de veículos circulando na cidade diminui. "A população é prejudicada com o aumento no tempo de espera nos pontos, já que, por consequência, com menos veículos, são realizadas menos viagens".


Ônibus queimado em Salvador em julho de 2024. | Foto: Divulgação/Semob

Ônibus queimado em Salvador em julho de 2024. | Foto: Divulgação/Semob




Coronel Coutinho e a suspensão de ônibus


Na manhã de quinta-feira (23), a Secretaria de Mobilidade (Semob) suspendeu o transporte público em três bairros de Salvador devido a episódios de violência. A medida afetou as localidades de Santa Cruz, Vila Verde e Coração de Maria, e foi justificada pela Semob como necessária para garantir a segurança dos passageiros e rodoviários.


De acordo com a assessoria da pasta, o atendimento foi interrompido no bairro Santa Cruz por volta das 8h30, após ameaças de incêndio a ônibus. Em Vila Verde, a suspensão ocorreu às 9h, após um tiroteio, e em Coração de Maria a circulação de ônibus segue suspensa desde a noite de quarta-feira (22), também em razão de um tiroteio, com veículos acessando apenas a entrada do bairro.


A decisão foi criticada pelo comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, que questionou o protocolo adotado pela secretaria em situações como essas. Em entrevista à Rádio Sociedade da Bahia, Coutinho afirmou que a suspensão do transporte público prejudica a população e não reflete a realidade da segurança oferecida pela PM.


"Tem segmentos que contribuem muito, e outros que não. Um deles, que não contribui para essa sensação de segurança, é essa secretaria (Semob). Ela atua de uma forma que me permite dizer: não é sempre da melhor maneira. Quando o sindicato dos rodoviários diz que estamos com a Polícia Militar presente e existe suspensão por parte da Semob, isso é feito em tratativa constante através dos comandos regionais, com a direção. Mas, infelizmente, eles (Semob) têm feito disso um procedimento quase que padrão. Houve um ato de oposição e intervenção policial. Não interessa que exista uma viatura dando segurança. Eles primeiro suspendem, para depois de dois, três dias, voltar. A comunidade é prejudicada", disse o comandante.


Coutinho também destacou que as interrupções acontecem mesmo com a presença de reforço policial nas áreas afetadas. "A PM está presente, levando segurança. O comandante local diz: 'Estamos proporcionando segurança. Não vai acontecer absolutamente nada.' Mas isso acontece. Interesses, infelizmente, espúrios levam a essa sensação de insegurança. Porque o ato de oposição à intervenção policial vai acontecer. Se a PM estivesse ausente, teríamos um protocolo institucional. Todas as vezes que isso acontece, existem reforços nessas áreas, através de tropas especializadas.Então, na grande maioria, ou melhor, na totalidade, seria desnecessária essa suspensão", explicou.


O comandante finalizou a entrevista destacando o impacto da suspensão do transporte público. "Mas ecoa na imprensa que houve suspensão em determinado bairro. Isso aí, depois de uma ação em que começamos a cobrar, volta após 24 ou 48 horas. O grande prejudicado, no fim das contas, é a população", concluiu Coutinho.




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