Marcelo Batista é flagrado ao tentar subornar policiais no Presídio
Marcelo Batista, empresário preso no caso do desaparecimento de dois jovens no ferro-velho, foi flagrado ao tentar subornar policiais no Presídio de Salvador
Por Lucas Pereira.
O empresário Marcelo Batista, investigado pelo desaparecimento e morte de dois jovens em novembro de 2024, no chamado “Caso do Ferro-Velho”, foi flagrado ao tentar subornar policiais penais no Presídio de Salvador, no final da tarde de terça-feira (14), conforme apuração da TV Aratu e do Aratu On.
Ele ofereceu cerca de R$ 5 mil para tentar obter benefícios dentro da Cadeia Pública de Salvador, no bairro da Mata Escura. Marcelo Batista teria pedido ainda para integrar a equipe de custodiados que realizam atividades laborais na unidade.
O policial rejeitou à proposta e comunicou Coordenação de Segurança, que acionou a direção do Presídio. O empresário foi levado para a diretoria para prestar esclarecimentos e tentou subornar outro policial no trajeto.
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) confirmou o caso, mas não informou quem era o detento citado. Em nota, a pasta informou que “a direção da Cadeia Pública então determinou, de forma imediata, a condução do interno à Central de Flagrantes para adoção das medidas legais cabíveis e a instauração do procedimento de conduta do apenado.
O interno prestou depoimento e depois foi reconduzido ao Complexo da Mata Escura. O caso seguirá sob investigação”. A reportagem do Aratu Agora, da TV Aratu, flagrou o momento em que Marcelo Batista estava na Central de Flagrantes, para prestar depoimento.
Por fim, a Seap firmou estar“adotando todas as medidas necessárias para preservar a ordem e a integridade do sistema prisional baiano”.
Marcelo Batista e o “Caso do Ferro-Velho”
Marcelo Batista, dono do ferro-velho em que Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz trabalhavam antes de desaparecerem em novembro de 2024, teve a prisão preventiva havia sido decretada em 26 de agosto e cumprida durante uma operação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O empresário foi localizado em um ferro-velho de sua propriedade, no bairro de Pirajá.
A reportagem do Aratu On tentou obter mais informações sobre a soltura junto ao Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), mas o processo corre em segredo de Justiça.
Embora Marcelo Batista seja investigado pelo duplo homicídio de Paulo Daniel e Matusalém, cujos corpos ainda não foram encontrados, o mandado de prisão cumprido em agosto estava relacionado à tentativa de homicídio contra outras três pessoas, incluindo duas ex-funcionárias de sua empresa, que escaparam após serem alvo de disparos de arma de fogo.
Ele foi solto em 11 de setembro, mas tornou a ser preso no dia 4 de outubro, em Jauá, após reversão de uma decisão judicial.
Paulo Daniel e Matusalém foram vistos pela última vez no dia 4 de novembro, flagrados por câmeras de segurança do ferro-velho em que trabalhavam, no bairro de Campinas de Pirajá, em Salvador.
A família de Paulo afirmou que ele chegou a trabalhar normalmente antes de desaparecer, enquanto Matusalém sumiu após sair para almoçar.
As vítimas teriam sido amarradas e torturadas com pauladas antes de serem mortas. À ocasião, Marineide Pereira, mãe de Paulo, contou que, dias antes do desaparecimento, o filho havia sido acusado pelo dono da empresa de roubar um gerador do local, mas não houve registro na Polícia.
No dia seguinte ao desaparecimento (5 de novembro), o Corpo de Bombeiros iniciou as buscas pelos rapazes. Foram usados cães farejadores no terreno do ferro-velho, confirmando que Paulo e Matusalém estiveram no local. Uma meia e um tênis de Paulo também foram encontrados.
A Polícia Civil identificou vestígios de sangue em um recipiente de lixo. Além disso, o sistema de câmeras de segurança, composto por mais de 50 equipamentos, estava destruído. "Cabe destacar que praticamente todo o monitoramento foi inutilizado, e possivelmente continha imagens da tortura e execução das vítimas", apontaram os policiais em relatório da investigação.
Os corpos dos jovens continuam desaparecidos. Em março, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) havia revogado um mandado de prisão contra Marcelo Batista.Nesta mesma decisão do TJ, outros dois homens, investigados por participação no crime, Marcelo Durão Costa e Clóvis Antônio Santana Durão Júnior, tiveram liberdade provisória concedida. A decisão que beneficiou a dupla foi proferida em 25 de fevereiro, pelo juiz Vilebaldo José de Freitas Pereira.
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