"A forma de se manifestar não é essa", diz tenente da PM após ação truculenta da Rondesp durante protesto em São Cristóvão
A ação denunciada pelos manifestantes teria ocorrido com a chegada da Rondesp Atlântico, que jogou bombas de efeito moral.
Após acusação de abordagem truculenta para encerrar um protesto na Avenida Aliomar Baleeiro, no bairro de São Cristóvão, em Salvador, o tenente da PM, R. Filho, da 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/São Cristóvão), falou sobre a situação.
"A gente sabe e compreende a demanda da população, mas a gente tem que ter ciência de que existe lei. As pessoas também precisam transitar. A forma de se manifestar não é essa", disse, em entrevista, ao vivo, à repórter Lorena Dias, da TV Aratu.
Uma viatura da 49ª CIPM já estava acompanhando, de forma pacífica, o protesto, cujo objetivo era chamar a atenção pelo desaparecimento de Paulo Henrique Conceição de Jesus, de 26 anos. A ação denunciada pelos manifestantes teria ocorrido com a chegada da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp Atlântico), que jogou bombas de efeito moral.
Quando a repórter perguntou ao tenente se os agentes da Rondesp deveriam ter conversado com as pessoas no protesto, R. Filho comentou: "As pessoas ficam contestando as ações da polícia, mas a polícia tem que fazer preponderar a lei. A forma de se manifestar, da população, em qualquer demanda, não é ocupando via. Agora, evidentemente, os prepostos policiais têm um procedimento técnico. Se eles utilizaram esse procedimento, é porque foi cabível".
Sobre o desaparecimento de Paulo Henrique, o tenente disse que não é possível afirmar - como dizem os familiares - de que foram policiais os responsáveis pelo sumiço do jovem, mas concordou que alguns agentes cometem, sim, práticas ilícitas. "Tudo, agora, querem dizer que foi a polícia. A polícia está aqui para fazer o que é certo. Isso é preponderante", pontuou.
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PROTESTO
Na manhã desta quarta-feira (6/7), a equipe do Grupo Aratu flagrou a ação dos agentes, na Avenida Aliomar Baleeiro. Os militares chegaram a jogar uma bomba de efeito moral para dispersar os amigos e familiares de Paulo Henrique que bloqueavam o trânsito, com madeiras e pedras.
"Eu não sou vagabunda. Meu marido trabalha com aluguel de som. Eles não têm necessidade de chegar assim, 'metendo' bomba", disse a mulher de Paulo, que não se identificou formalmente.
CASO
Paulo desapareceu no dia 30 de junho e a família acusa policiais militares da 49ª CIPM - que estavam a bordo de um Ford Ka - pelo crime, conforme mostrado pela reportagem do Grupo Aratu na sexta-feira (1/7). Buscas já foram feitas em vários pontos, inclusive da Região Metropolitana de Salvador, mas o jovem não foi localizado.
A ação de busca é capitaneada por Celidalva Conceição. Já chorosa, ela relembrou como tudo aconteceu. "Meu filho estava almoçando. Quando chegou aqui, o Ford Ka preto parou e pegou ele. Paulo estava com o celular dele e o da minha nora. Colocaram ele dentro do carro e ainda deram dois tiros para cima. Desapareceram com meu filho", disse, na oportunidade.
Foram vizinhos e outros familiares que identificaram a viatura despadronizada. "Esse Ford Ka é da 49ª CIPM. Esse carro é sempre visto aqui. Faltou a gente anotar uma letra da placa, mas está quase completa. O carro está com o lado todo arranhado. Sabemos que o policial estuda. Respeitamos os que trabalham correto. Sabemos quando é bandido que faz abordagem. Eles estavam de colete e bem trajados", denunciou o cunhado de Paulo, de prenome Alfredo.
A 49ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) é, realmente, a responsável pelo policiamento no bairro de São Cristóvão.
A mesma equipe que teria levado Paulo Henrique já se envolveu em um outro desaparecimento muito parecido. Em outubro de 2014, o garoto Davi fiúza, de 16 anos, sumiu durante uma operação policial na localidade conhecida como Jardim Vila Verde, na Estrada Velha do Aeroporto. O local também é patrulhado 49ª CIPM.
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