Estivador morto no Porto de Salvador é enterrado; esposa diz que não pôde ver o marido e pede justiça
O colega que acionou o Samu, Adailson Marques de Santana, estivador, que estava presente no momento do acidente, disse que "foi tudo muito rápido".
O enterro do estivador Adalto Assis Oliveira, de 66 anos, gerou muita comoção na manhã desta terça-feira (28/6), no cemitério Campo Santo, no bairro da Federação. Ele morreu na noite de domingo (26/6), após ser atingido por uma pá carregadeira em um navio no porto de Aratu, em Candeias.
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Adalto já era aposentado, mas seguia trabalhando para complementar a renda da família. A vítima foi chamada para terminar de descarregar um navio, que tinha chegado com carregamento de fertilizantes. Um colega de trabalho, que estava com ele no momento do acidente, contou que Adalto estava de costas quando a máquina engatou uma marcha à ré e colidiu com ele, que caiu desacordado. Adalto chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
A viúva, Luciana Oliveira, disse que foi impedida de ver o marido e não pôde ter acesso ao local do acidente. Muito emocionada, ela não se conforma com a morte do marido e disse, em entrevista à TV Aratu, que quer saber como tudo aconteceu. Ela convivia com Adalto há 20 anos e juntos tem um filho de 10 anos.
ACIDENTE
O colega que acionou o Samu, Adailson Marques de Santana, estivador, que estava presente no momento do acidente, disse que "foi tudo muito rápido". Ele acredita que Adalto não foi imprensado, mas que a máquina deve ter apenas encostado em no profissional. Ele alega que o maquinário pesa muitas toneladas e se tivesse imprensado o corpo do estivador, teria estraçalhado o colega, o que, segundo conta, não aconteceu.
Adailson explicou que 6 homens fazem o trabalho de limpeza nos galpões, especialmente retiram o lixo dos cantos onde as carregadeiras não chegam, para em seguida, as máquinas pegarem.
Ele disse que o motorista que estava dirigindo a máquina carregadeira que matou Adalto não teve culpa e que está muito abalado, fazendo uso de medicamentos. O que impossibilitou de estar presente no enterro de Adalto.
Outro operador de máquinas e colega da vítima, Carlos Alfredo, disse à equipe da TV Aratu que nem todos os carros que fazem o serviço no porto tem sensor de ré. Ele relata também que existem pontos cegos que dificultam o operador ter total visibilidade. Além disso, os galpões são barulhentos, nem sempre se consegue ouvir o sensor de ré das máquinas.
O presidente do Sindicato da Estiva de Salvador e região metropolitana, João Carlos, estava presente na última homenagem ao colega vítima do acidente e reclamou da categoria não tera uxílio de insalubridade - mesmo trabalhando em condições especiais com acesso a diversos materiais, inclusive químicos, como fertilizantes.
INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que instaurou um inquérito na segunda (27/5) para apurar as circunstâncias do acidente. A entidade explicou também que a Superintendência Regional do Trabalho (SRT-BA) também deverá produzir um laudo técnico que deverá ser solicitado para compor o inquérito. O caso é investigado pela Polícia Civil.
A empresa TGST Estivador, da qual Adalto era funcionário, informou, em nota, que lamenta o ocorrido e que os parentes estão recebendo toda a assistência necessária. A empresa informou também que as causas “estão sendo apuradas pelas autoridades competentes com absoluta cooperação do operador portuário e do órgão gestor de mão de obra do trabalho portuário (OGMOSA) e a TGS acompanha as investigações sobre o acidente”.
A Companhia de Docas da Bahia, que administra o porto de Salvador, também emitiu uma nota e disse lamentar o ocorrido. Segundo a empresa, a CS Infra (CS Brasil), arrendatária responsável pelo terminal, está adotando todas as providências e a autoridade portuária segue fiscalizando o ocorrido.
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