MP-BA denuncia líder e mais de 20 suspeitos por tráfico de aves no país
Quadrilha investigada por tráfico de aves conta com 14 fornecedores, dos quais 10 atuam na Bahia
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou Weber Sena de Oliveira, conhecido como “Paulista”, preso em setembro no município de Mascote, no sul do estado. Ele é apontado como líder de uma quadrilha especializada no tráfico de aves silvestres em todo o Brasil. A ação também mira outros 23 integrantes do grupo.
A operação investiga a atuação da quadrilha em uma rede criminosa dedicada ao tráfico de animais silvestres, inclusive espécies ameaçadas de extinção. Outros crimes, como lavagem de dinheiro, receptação qualificada e maus-tratos, são investigados.

Denúncias recentes
Cinco denúncias foram ajuizadas contra a organização, quatro delas entre 29 de outubro, quando foi deflagrada a segunda fase da operação, e 10 de novembro, período que coincidiu com o início da COP30, em Belém do Pará. Segundo o ICMBio, o Brasil tem atualmente 1.254 espécies e subespécies animais reconhecidas como ameaçadas de extinção.
Entre os denunciados estão fornecedores, receptadores e transportadores da quadrilha liderada por “Paulista”. A rede criminosa atua principalmente na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com ramificações no Espírito Santo. Conforme as denúncias, o grupo é composto por 14 fornecedores (dez deles na Bahia), cinco receptadores, três transportadores e uma operadora financeira.
Lavagem de dinheiro
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), quase R$ 500 mil foram movimentados, em apenas seis meses, entre fevereiro e agosto de 2023, nas contas de Ivonice Silva e Silva, companheira de “Paulista”.
Ela é apontada como a operadora financeira da quadrilha, responsável por receber pagamentos pelas “encomendas”, que chegavam a superar mil pássaros de uma só vez, e repassar o dinheiro aos fornecedores da Bahia e de Minas Gerais. Parte significativa dessas transferências teria sido feita a partir de terminais de autoatendimento em Magé (RJ), cidade onde mora Valter Nélio, o “Juninho de Magé”, também denunciado por lavagem de dinheiro.

Espécies como estevão, canário, chorão, papa-capim, trinca-ferro, azulão e pássaro-preto eram capturadas por meio de armadilhas e redes de até 20 metros, capazes de apreender até 500 aves em um único dia. Há registros de vendas que chegavam a R$ 80 mil.
Os animais eram mantidos em cativeiros provisórios, em condições precárias e com alimentação insuficiente, aguardando a chegada de “Paulista”, responsável por transportar as aves em carros de passeio e caminhões rumo principalmente ao Rio de Janeiro e a Salvador. A promotora regional do Meio Ambiente, Aline Salvador, lembra que, segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 90% dos animais capturados morrem durante o transporte, vítimas de maus-tratos, estresse e condições inadequadas.
Resgate de aves
Equipes da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) resgataram 105 aves silvestres, em 26 de outubro deste ano, em Dias d’Ávila e Camaçari, municípios da RMS.
Na primeira ação do dia, os policiais militares empregados atuaram na feira municipal de Dias D'Ávila, sendo encontradas 28 aves: 10 cardeais, oito canários da terra, quatro brechais, três tico-ticos, dois coleiros e um curió.
Santo Amaro
Já em setembro, a COPPA apreendeu aves silvestres, durante uma ação de fiscalização e combate a crimes ambientais realizada na manhã de sábado (13), em Santo Amaro, na Bahia. Ao chegar à feira livre do município, foram apreendidos 27 pássaros que estavam sendo comercializados no local. Os infratores conseguiram fugir.
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).