Importunação sexual: análise do caso do tenente dos Bombeiros e riscos sociais

Ênio Alcantara, tenente do Corpo de Bombeiros, foi preso e liberado no último sábado (27), na cidade baiana de Ipirá

Por Juana Castro.

O recente episódio envolvendo um tenente-coronel do Corpo de Bombeiros preso por importunação sexual jogou luz ao assunto sobre condutas sexuais inadequadas. O caso ganhou repercussão depois de registros anteriores envolvendo o mesmo militar, como denúncias de 2018 por importunação e flagrantes recentes, incluindo masturbação em local público e ocorrências em transporte coletivo.

Tenente Ênio Alcantara, do Corpo de Bombeiros, foi preso e liberado no último sábado (27), em Ipirá, Bahia | Foto: Divulgação/CBMBA

Para entender mais sobre esses comportamentos, se são captáveis com antecedência e quais medidas necessárias, o Aratu On entrevistou a psicóloga Paula Magalhães. Conforme a profissional, as condutas do tenente-coronel despertam atenção especial “porque envolvem comportamentos sexuais inadequados, reincidentes e com impacto direto sobre as vítimas”.

Do ponto de vista clínico, explica Paula, a psicologia e a sexologia apontam diferentes hipóteses para compreender comportamentos desse tipo. Entre elas estão transtornos do controle de impulsos — quando a pessoa tem dificuldade significativa em resistir a determinados comportamentos, mesmo sabendo das consequências — e parafilias, padrões de excitação sexual atípicos que, quando direcionados a contextos inadequados ou praticados sem consentimento, configuram delito.

A psicóloga também cita a possibilidade de compulsão ou vício sexual, caracterizados por busca repetitiva e descontrolada por estímulos sexuais, com perda da capacidade de regular impulsos e exposição a riscos pessoais, sociais e legais.

“É importante reforçar que nenhuma dessas hipóteses justifica a conduta, mas ajudam a compreender que se trata de um comportamento que muitas vezes precisa de intervenção profissional especializada”, ressalta Paula Magalhães.

Sinais de alerta e medidas possíveis em casos de condutas sexuais inadequadas

Ela destaca sinais de alerta que podem aparecer antes da escalada para casos mais graves: desrespeito reiterado a limites, comportamentos de risco em ambientes sociais, histórico de denúncias e comentários inapropriados de cunho sexual. “Esses indícios podem apontar para padrões que não devem ser ignorados”, afirma.

Para a especialista, a ajuda necessária inclui psicoterapia especializada em sexualidade e avaliação psiquiátrica, quando há suspeita de transtornos associados. “Também é importante pensar em políticas públicas que ofereçam espaços de reeducação e acompanhamento terapêutico voltados especificamente para autores de violência sexual, justamente para prevenir a reincidência”, conclui.

Psicologa Paula Magalhaes comenta caso do tenente dos Bombeiros preso por importunação sexual | Foto: reprodução/Instagram

Psicóloga Paula Magalhães no Instagram: @psi.paulamagalhaes

Caso do tenente-coronel preso

O Tenente-Coronel Ênio Alcantara Diz, do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA), preso em flagrante após mostrar o pênis para uma mulher dentro de um ônibus intermunicipal, foi liberado após passar por audiência de custódia no último sábado (27). O caso aconteceu na cidade de Ipirá, na Bahia, e o auto de prisão em flagrante foi registrado na Delegacia Territorial de Itaberaba.

Ao Aratu On, o CBMBA informou que o militar já foi afastado das atividades operacionais e permanecerá em serviço administrativo enquanto seguem as investigações.

A reportagem apurou ainda que a vítima chegou a apresentar uma foto que comprovaria o ato cometido pelo Tenente-Coronel. O suspeito teria chegado a encostar o órgão sexual na jovem, que levantou e pediu ajuda para um policial que estava dentro do ônibus intermunicipal.

O suspeito foi abordado no Terminal Rodoviário de Itaberaba, sendo levado para a delegacia da região, onde foi preso. Por ser militar, ele foi "enviado à unidade competente para custódia e permanece à disposição da Justiça".

Importunação sexual em 2018

Ênio Alcantara foi acusado, em outubro de 2018, de praticar ato sexual dentro de uma loja de roupas esportivas no Shopping Estrada do Côco, em Lauro de Freitas. Na ocasião, ele era major.

Na época, o Aratu On teve acesso ao Boletim de Ocorrência registrado por uma das funcionárias do estabelecimento. Segundo o documento, Ênio pediu para experimentar uma peça de roupa e dirigiu-se ao provador. Minutos depois, ele estaria com os órgãos genitais expostos, se masturbando enquanto olhava para a atendente.

Ambos foram encaminhados à 23ª Delegacia Territorial (DT/Lauro de Freitas), onde a queixa foi formalizada.

Ênio Alcântara era subcomandante do Grupamento de Bombeiros Militares localizado no Iguatemi.

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