Delegado Nilton Tormes nega desvio de armas e execuções de informantes

Delegado Nilton Tormes quebra silêncio e fala sobre investigações realizada contra ele, dizendo que "causa estranheza esse tipo de insinuação"

Por Anna Caroline Santiago.

O delegado Nilton Tormes, exonerado  do cargo de coordenador do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), em março deste ano, sob suspeita de desviar fuzis e de envolvimento na execução de dois informantes durante uma operação em 2024, falou pela primeira vez à TV Aratu, em meio às investigações, e negou qualquer envolvimento nos crimes.

Delegado exonerado nega desvio de armas e execuções de informantes.Foto: TV Aratu

A ação sob investigação ocorreu no bairro do Caji, em Lauro de Freitas, em um ponto usado por traficantes para esconder armas e drogas. Na ocasião, seis fuzis foram apresentados oficialmente ao Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), então chefiado por Tormes. No entanto, uma denúncia apontou que o arsenal real chegava a pelo menos 20 armas.

“Causa estranheza esse tipo de insinuação. A gestão superior tinha ciência da operação, e todo o material foi catalogado, filmado e encaminhado para os superiores, ainda no local”, afirmou o delegado no programa Alô Juca, da TV Aratu. 

Denúncia e investigados

A apuração foi iniciada pela Corregedoria da Polícia Civil, à época chefiada por Heloísa Brito, e contou também com participação da Polícia Militar. Além de Tormes, foram denunciados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA):

  • Roque de Jesus Dórea (capitão Dórea), do Departamento Pessoal da PM, atualmente preso no Batalhão de Choque;

  • Jorge Adisson Santos da Cruz, ex-policial militar expulso por participação em crime de extorsão seguido de morte em 2015;

  • Ernesto Nilton Nery Souza, soldado da PM lotado na 37ª CIPM/Liberdade.

Dos investigados, Tormes afirma ter tido contato apenas com Dórea, que sabia onde estava o esconderijo das armas. Dórea foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia por homicídio qualificado, extorsão, além de outros crimes. Hoje ele cumpre pena no Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas. 

A investigação também apura as mortes de Jeferson Sacramento Santos e Josenal (ou Joseval) Santos Souza, que, segundo denúncia, teriam sido sequestrados e mortos como parte de uma “queima de arquivo”.

Fuzis, supostamente desviados, foram apreendidos em Lauro de Fritas. Foto: Divulgação | Ascom-PC

Ligações com outros crimes

A esposa de uma das vítimas procurou a Delegacia Antissequestro, alegando extorsão por parte de policiais militares. A partir daí, o caso foi ampliado para as corregedorias das polícias Civil e Militar.
Em 29 de agosto de 2024, um capitão da PM, um soldado da 37ª CIPM e um policial da reserva foram presos em operação que cumpriu mandados em Brotas, Nova Brasília, Itapuã e no Caji.

O delegado Adailton Adam, responsável pela investigação da morte de Joseval, citou a existência de uma carta atribuída ao capitão Dórea sobre o desvio de pistolas. No entanto, o documento desapareceu. Tormes afirma já ter ouvido falar sobre o papel, mas nega ter tido acesso: “Eu estava no local e não apreendemos pistolas, apenas munições e armas de grosso calibre”, disse à TV Aratu.

Nilton Tormes nega envolvimento com informantes

Sobre as mortes dos dois supostos informantes, Tormes diz que não conhecia as vítimas e que, durante a operação, só havia policiais no local. “A Polícia Civil trabalha com indícios e provas, não com especulação”, declarou.

O delegado evita falar em perseguição, mas garante estar à disposição para esclarecimentos. “Mantenho minha versão para o delegado Adam e para a Justiça. Estou tranquilo”.

Assista a entrevista completa: 

A operação no Caji

A ação contou com a Coordenação de Recursos Especiais (Core). Durante a madrugada e sob chuva, os agentes percorreram uma área de mata até localizar um tonel com armas, munições e drogas.

O material foi colocado no porta-malas de uma viatura do Core, mas nenhum policial soube informar a quantidade exata de armas apreendidas.

Leia também: Werner cita investigação contra Tormes e que fará 'atuação necessária'

 

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