Só de ver alguém doente, o corpo reage como se fosse se infectar, diz estudo
Os resultados indicam que, mesmo sem estar doente, o corpo pode simular a resposta que teria diante de uma infecção real
Por Bruna Castelo Branco.
Um estudo inédito publicado nesta segunda-feira (28) na revista Nature Neuroscience sugere que observar uma pessoa doente pode acionar, no cérebro humano, mecanismos capazes de ativar células imunológicas da linha de frente. Os resultados indicam que, mesmo sem estar infectado, o corpo pode simular a resposta que teria diante de uma infecção real.
A pesquisa foi conduzida por cientistas do Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça. Em entrevista à Nature, o neurocientista Andrea Serino, autor do estudo, afirmou: “Os resultados ilustram o poder do cérebro de prever o que está acontecendo e selecionar a resposta adequada para lidar com o problema”.
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Experimento em realidade virtual
Para evitar riscos à saúde dos voluntários, os pesquisadores utilizaram o Oculus Rift — óculos de realidade virtual — para simular interações com pessoas infectadas. Durante as sessões, os participantes foram expostos a avatares com sintomas de gripe, como erupções na pele e tosse. A cada nova simulação, os avatares se aproximavam mais do participante, embora sem qualquer contato físico.
Um segundo grupo, sem contato com os avatares, recebeu uma dose da vacina contra a gripe — uma exposição controlada ao vírus inativado. A intenção era comparar os efeitos de uma ameaça visual com os de uma ativação real do sistema imunológico.
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Cérebro em alerta
Os pesquisadores constataram que a aproximação dos avatares doentes ativou regiões cerebrais associadas à percepção do espaço pessoal e à chamada “rede de saliência” — responsável por detectar estímulos relevantes e acionar respostas a possíveis ameaças. Essa ativação levou ao aumento de células linfoides inatas, componentes fundamentais da defesa imunológica inicial.
Surpreendentemente, o nível dessas células foi maior nos participantes expostos aos avatares infecciosos do que nos que receberam a vacina. Isso indica que o simples ato de ver uma ameaça pode preparar o corpo para combatê-la.
Potencial para novas estratégias
Segundo os autores do estudo, os achados abrem caminho para inovações na área de imunização. Eles sugerem que a realidade virtual poderia ser utilizada para potencializar a resposta imunológica induzida por vacinas, aumentando sua eficácia por meio da ativação cerebral.
O estudo reforça a ideia de que o cérebro não apenas interpreta o ambiente, mas também prepara o organismo de forma proativa para lidar com ameaças, mesmo quando elas são apenas percebidas virtualmente.
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