Ronco pode ser sinal de apneia do sono, que afeta saúde cardiovascular e cognitiva

O ronco pode representar o primeiro sinal de um distúrbio respiratório relevante: a apneia obstrutiva do sono

Por Bruna Castelo Branco.

Frequentemente tratado como algo inofensivo ou motivo de brincadeiras, o ronco pode representar o primeiro sinal de um distúrbio respiratório relevante: a apneia obstrutiva do sono. A condição, mais comum do que se imagina, provoca interrupções repetidas da respiração durante a noite, comprometendo o descanso e afetando progressivamente a saúde física e cognitiva. Com informações da Agência Einstein.

Embora nem todo indivíduo que ronque apresente apneia, o ronco persistente é considerado o principal sintoma noturno da doença. Na apneia obstrutiva, a via aérea superior sofre estreitamentos ou bloqueios temporários, o que leva a pequenas pausas respiratórias.

Frequentemente tratado como algo inofensivo ou motivo de brincadeiras, o ronco pode representar o primeiro sinal de um distúrbio respiratório. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Diante da redução momentânea de oxigênio, o corpo reage com microdespertares — despertares tão breves que a pessoa não percebe ter acordado — para restabelecer a respiração. Essa fragmentação do sono explica por que muitos indivíduos despertam com a sensação de cansaço, mesmo após uma noite aparentemente adequada.

As quedas de oxigenação e a ativação repetitiva do sistema adrenérgico podem causar variações bruscas na pressão arterial e na frequência cardíaca. Com o tempo, aumentam os riscos de infarto, acidente vascular cerebral (AVC), arritmias e diabetes, além de afetarem memória e concentração.

É comum que pessoas com apneia relatem irritabilidade, dificuldade de foco e sonolência excessiva, quadro muitas vezes confundido com simples “cansaço acumulado”.

Na apneia obstrutiva, a via aérea superior sofre estreitamentos ou bloqueios temporários, o que leva a pequenas pausas respiratórias. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Fatores de risco começam cedo

A apneia não está restrita ao envelhecimento, embora a idade possa agravar o quadro. Indivíduos jovens também podem apresentar o distúrbio, especialmente quando fatores de risco se associam, como obesidade; características anatômicas, como rinite crônica, amígdalas aumentadas, arcada dentária estreita e respiração bucal; e alterações estruturais da via aérea.

Tratamento

O manejo da apneia varia conforme a gravidade e as necessidades do paciente. Entre as principais estratégias estão:

1. Mudanças comportamentais — Evitar álcool antes de dormir, preferir dormir de lado, manter rotina regular de sono e não ir para a cama excessivamente cansado podem ajudar a reduzir o ronco típico da apneia.

2. CPAP — Nos casos moderados a graves, o método mais efetivo é o uso do Continuous Positive Airway Pressure (CPAP), aparelho que envia ar pressurizado por uma máscara nasal para manter a via aérea aberta. O tratamento reduz riscos cognitivos e cardiovasculares associados à doença.

3. Aparelhos intraorais — Indicado para quadros leves ou para pacientes que não se adaptam ao CPAP, o dispositivo avança levemente a mandíbula, reposicionando a língua e liberando a passagem de ar.

4. Cirurgias e fortalecimento muscular — Procedimentos cirúrgicos direcionados à via aérea ou intervenções esqueléticas faciais são opções em casos específicos. Exercícios para fortalecimento da musculatura da faringe podem complementar o tratamento.

Diante da redução momentânea de oxigênio, o corpo reage com microdespertares. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Uma doença séria, mas tratável

Mesmo silenciosa, a apneia obstrutiva do sono pode trazer consequências significativas e tende a se agravar quando não diagnosticada. Há, porém, diversas abordagens terapêuticas eficazes e acessíveis.

A recomendação é direta: o ronco não deve ser normalizado. Ao perceber o sintoma, especialmente quando acompanhado de cansaço intenso, sonolência diurna ou boca seca ao acordar, é essencial buscar avaliação especializada e garantir um sono realmente reparador.

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