Saúde

Mutirão, caminhada e corrida marcam ações do 'Março Amarelo' em Salvador

As ações do Março Amarelo buscam orientar e conscientizar a população para o problema da endometriose

Por Lucas Pereira

Mutirão, caminhada e corrida marcam ações do 'Março Amarelo' em SalvadorCréditos da foto: divulgação
Fazendo parte da programação do Movimento Brasileiro de Conscientização da Endometriose (MovEndo), em Salvador, diversas ações como mutirão de consultas e exames na sede da Associação Bahiana de Medicina (ABM), caminhada e corrida na orla do Jardim de Alah, lives temáticas e uma sessão especial no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) buscam a conscientização sobre a endometriose.
A doença, que afeta cerca de 8 milhões de mulheres no Brasil, pode causar dor intensa durante o ciclo menstrual, dor pélvica crônica e dificuldade para engravidar. Antecipar o diagnóstico e o início do tratamento é de fundamental importância para as pacientes.
Por isso, uma ação na sede da ABM (Rua Baependi, 162, Ondina) confirmada para o dia 23 de março (sábado), das 7h às 12 h, vai atender 200 mulheres com suspeita ou diagnóstico de endometriose. Além de participar de palestras com diversos especialistas e de receber camisas, panfletos e lanche, as mulheres selecionadas a partir de uma avaliação médica receberão vouchers para realização de exames (ultrassonografia e ressonância magnética) e de consultas com nutricionistas. As senhas para participar do mutirão serão entregues na sexta-feira (22/3), das 9h às 16h, ou enquanto houver disponibilidade.
Os procedimentos serão realizados gratuitamente em instituições parceiras: Hospital da Bahia e Clínicas ⁠Amo, Geus e Delfin. Todas as participantes terão acesso à aferição de pressão arterial e dosagem de glicemia capilar, oferecidas pelo Laboratório Jaime Cerqueira.
No sábado seguinte (30), das 6h às 9h, para reforçar o Março Amarelo, o MovEndo vai realizar uma caminhada (3 Km) e uma corrida (5 Km) na orla do Jardim de Alah. O público-alvo, integrado por 300 pessoas, entre pacientes, familiares, médicos e apoiadores da causa, receberá camisa, kit lanche, hidratação e assessoria esportiva. A camisa será entregue no local do evento, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível, que será destinado ao Lar Vida. A programação das lives temáticas e da sessão especial no TJ-BA será divulgada em breve.
Este ano, a “madrinha” do MovEndo 2024 será a empresária e bailarina Catharina Paiva (34), que recebeu o diagnóstico de endometriose em 2020. Desde então, ela mudou radicalmente seus hábitos alimentares e não abre mão da prática regular de atividade física, conforme orientação de médicos e nutricionista. Além de se livrar das dores, o tratamento adequado lhe permitiu engravidar de dois filhos. “As ações de conscientização do MovEndo são muito importantes principalmente porque nós, mulheres, crescemos acolhendo dores como algo muito natural (...). Contudo, a dor é um indicativo de que algo está errado e de que precisamos procurar ajuda especializada”, resumiu.
A DOENÇA
De acordo com o cirurgião ginecológico especialista em endometriose, Marcos Travessa, diretor do Centro de Endometriose da Bahia e do núcleo de ginecologia do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR), a endometriose é uma condição médica complexa e dolorosa que ocorre quando o tecido que normalmente reveste o útero, conhecido como endométrio, cresce fora do útero. “Este tecido deslocado pode se fixar em outros órgãos pélvicos, como ovários, trompas de falópio e revestimento da pelve”, explicou.
Os sintomas mais comuns são: dor pélvica intensa durante o ciclo menstrual, desconforto durante relações sexuais, dor ao urinar e problemas gastrointestinais. “O diagnóstico muitas vezes requer avaliação clínica; exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética; e, em alguns casos, laparoscopia, procedimento cirúrgico minimamente invasivo no qual um pequeno tubo é inserido na cavidade abdominal para visualizar e diagnosticar a extensão da endometriose”, afirmou Travessa.
Para o tratamento da doença, podem ser indicados medicamentos que aliviam a dor e reduzem a inflamação, além de terapias hormonais que suprimem o crescimento do tecido endometrial fora do útero. Segundo a coloproctologista do IBCR, Gabrielli Tigre, em casos mais graves, a cirurgia é inevitável.
“A cirurgia robótica, em especial, oferece uma abordagem menos invasiva, permitindo ao cirurgião maior precisão e controle durante a remoção do tecido endometrial excessivo. Suas vantagens incluem recuperação mais rápida, menor tempo de internação e cicatrizes menores, proporcionando uma opção eficaz e menos impactante para as mulheres que enfrentam a endometriose”, destacou a especialista em coloproctologia.
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