Gatos são as principais vítimas da esporotricose; veja como proteger seu pet
Gatos com acesso à rua têm mais propensão a pegar a doença; veterinários recomendam: caso você seja o tutor de um gato, o melhor é criá-lo dentro de casa
Este mês, o Ministério da Saúde divulgou que, em 2023, a Bahia registrou um aumento de 22,4% nos casos de esporotricose em humanos. A doença atinge gatos, cães e pessoas que entrem em contato com objetos, terra e outros animais infectados com o fungo Sporothrix brasiliensis. Neste ano, até então, 492 casos em pessoas já foram notificados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) ao Ministério da Saúde.
Porém, diferentemente do que muita gente acredita, as principais vítimas dessa infecção não são as pessoas, e sim, os gatos — vistos popularmente como um vetor da doença. Este ano, aliás, o número de gatos infectados caiu de 930 em 2022 para 770 em 2023.
O próprio Aratu On, ao postar os dados da Sesab, não esclareceu esta informação suficientemente. Questionado por internautas e pessoas que tiveram contato com a informação, nossa equipe de reportagem decidiu voltar ao tema para, então, não deixar dúvidas sobre o tema que envolve os queridos, mas também estigmatizados bichanos.
A médica-veterinária Taís Bahia, especialista em felinos, já atendeu dezenas de gatinhos infectados pelo fungo, e explica:
"Antigamente, essa doença era chama de 'doença do jardineiro' ou da 'roseira'. Esse fungo é ambiental, reside em matéria orgânica em decomposição, no solo, em madeiras velhas, cascas de árvore... geralmente, as pessoas que se infectavam trabalhavam diretamente com o solo".
Como a transmissão acontece a partir do contato com locais contaminados, é importante, como ressalta a veterinária, evitar pegar na terra em espaços públicos e pracinhas, por exemplo. "Tem que ter cuidado ao pegar diretamente no solo, cavar, deixar as crianças brincando. É importante ressaltar que a esporotricose não é a doença do gato, o gato não é o vilão, é apenas uma vítima da doença. O gato pode ser infectado, o cão pode ser infectado, e o ser humano também".
[caption id="attachment_259061" align="alignnone" width="740"] Antes e depois de Amarelinho, gato tratado por Taís. | Foto: Arquivo Pessoal[/caption]
Porém, caso seja arranhado ou mordido por um animal doente, as pessoas também podem ser contaminadas. Gatos com acesso à rua têm mais propensão a pegar a doença. Por isso, a veterinária recomenda: caso você seja o tutor de um deles, o melhor é criá-lo dentro de casa, bem longe de possíveis zonas de risco.
"Gatos criados dentro de casa não contraem esporotricose. A maior parte dos casos acontece com gatos semidomiciliados, ou que estão em situação de rua. E isso acontece devido aos hábitos da própria espécie. O gato gosta de afiar as unhas. Então, se ele afia as unhas em madeiras velhas, em árvores, acaba contraindo o fungo. O hábito de enterrar as fezes também faz com que essa seja a espécie mais acometida do que os cães, por exemplo, que também são mais resistentes à doença".
Além disso, como aponta a profissional, os felinos têm maior sensibilidade ao fungo — por isso, caso não sejam tratados, a doença pode ser fatal para eles. "A doença tem várias fases. Além da fase cutânea, que é quando aparecem os ferimentos, tem a fase da pneumonia fúngica. Quando chega nesse ponto, pode levar à morte do gato e do humano também, quando há o avanço da doença. Então, essa é a preocupação".
TRATAMENTO
Entre os gatinhos que Taís já tratou, tem Amarelinho, Mimosa e Guerreiro. Eles três, e muitos outros, se recuperaram e estão completamente curados. O tratamento, de acordo com ela, é tranquilo e deve ser realizado com o uso de antifúngicos:
"Tem tratamento e cura. A única questão é que o tratamento é um pouco demorado. Em média, dura de três a quatro meses, podendo se estender a depender da resposta do gato. A prevenção é bem simples, mas, devido à falta de conhecimento da população, os tutores deixam os gatos terem acesso livre à rua. Por isso, estamos vivendo uma epidemia dessa doença".
Além da Bahia, Amazonas, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo foram analisados pelo Ministério da Saúde e estão em alerta para a doença. De acordo com o órgão, a esporotricose já se tornou um problema à saúde pública.
[caption id="attachment_259062" align="alignnone" width="740"] Antes e depois de Mimosa, gata tratado por Taís. | Foto: Arquivo Pessoal[/caption]
Para prevenir, como detalha a veterinária, é necessário telar portas e janelas, manter a casa fechada e limitar o acesso do animal à rua. "Além de evitar a esporotricose, evita também outras doenças".
Caso suspeite de uma infecção ou conheça alguém que está infectado, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza medicamentos como itraconazol e formulações lipídicas de anfotericina B para ajudar na recuperação de pessoas contaminadas.
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