Dormir pouco aumenta risco de depressão e ansiedade, alertam especialistas
A relação entre dormir pouco, depressão e ansiedade tem sido amplamente estudada pela ciência nas últimas décadas
Por Bruna Castelo Branco.
A relação entre sono e transtornos mentais tem sido amplamente estudada pela ciência nas últimas décadas. Do ponto de vista neurobiológico, o sono exerce papel fundamental na regulação emocional, na consolidação da memória e no equilíbrio dos sistemas de neurotransmissores. Com informações da Agência Einstein.
Quando o descanso noturno é interrompido de forma recorrente, no entanto, ocorre uma disfunção que afeta mecanismos hormonais, cognitivos e comportamentais, acelerando, inclusive, o envelhecimento do cérebro, segundo estudo publicado na revista científica Neurology. Esses desequilíbrios aumentam de forma significativa o risco de transtornos como depressão e ansiedade, condições que já atingem mais de 1 bilhão de pessoas em no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Em muitos casos, o problema segue um padrão semelhante. Ao anoitecer, surge uma tensão antecipatória, e o horário de dormir deixa de ser associado ao descanso para se tornar sinônimo de preocupação. A pessoa se deita, mas não consegue adormecer. O tempo passa, a frustração aumenta e o sono não vem.
Esse processo contribui para a criação de um condicionamento psicológico negativo, no qual a mente passa a associar a cama a sentimentos de fracasso, medo e vigilância. A proximidade da hora de dormir passa a despertar ansiedade, que, por sua vez, dificulta o adormecimento, formando um ciclo que pode ser difícil de interromper.
Entre os fatores mais frequentes associados à insônia está o pensamento excessivo. Nesse estado, o cérebro revisita acontecimentos do dia, antecipa problemas futuros e produz emoções como culpa, raiva, frustração ou apreensão.
Essas emoções ativam o sistema nervoso autônomo, elevam a liberação de adrenalina e catecolaminas e mantêm o organismo em estado de alerta, quando o esperado seria um processo gradual de desaceleração. Com o tempo, noites mal dormidas deixam de ser episódicas e podem evoluir para um quadro persistente de insônia.

Via de mão dupla
Estudos científicos indicam que a relação entre insônia e depressão é bidirecional. Alterações no ciclo sono-vigília fazem parte dos critérios diagnósticos dos transtornos depressivos. Pessoas com depressão frequentemente relatam despertares noturnos prolongados, sono leve e fragmentado, despertar precoce e dificuldade para iniciar o sono.
Por outro lado, quando a privação de sono se torna crônica, ocorre sobrecarga emocional e redução da resiliência psicológica. O cérebro passa a ter menor capacidade de regular emoções, o que aumenta a vulnerabilidade ao desenvolvimento de quadros depressivos.
Mesmo após a melhora de sintomas como humor, energia e motivação, a insônia pode persistir de forma isolada. Por esse motivo, especialistas defendem que, em muitos casos, o distúrbio do sono deve ser tratado como uma condição independente, ainda que esteja associado a transtornos de humor.

Quebrando o ciclo
A adoção de um ritual pré-sono é apontada como uma das estratégias mais eficazes para recondicionar o cérebro ao descanso. Entre as práticas mais recomendadas estão a redução da exposição à luz e a telas próximo ao horário de dormir, a realização de atividades relaxantes, como leitura leve ou banho quente, e o estabelecimento de horários regulares para deitar e acordar, inclusive nos fins de semana.
Evitar discussões, preocupações ou tarefas estimulantes durante a noite também é considerado um passo importante para facilitar o início do sono e reduzir o impacto da ansiedade noturna.
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