Dor crônica? Células-tronco mostram eficácia em artrose e hérnia de disco
A medicina regenerativa avança como alternativa no tratamento de doenças articulares e musculoesqueléticas por meio do uso de células-tronco
Por Bruna Castelo Branco.
A medicina regenerativa avança como alternativa no tratamento de doenças articulares e musculoesqueléticas por meio do uso de células-tronco, capazes de reparar tecidos e estimular a regeneração natural do organismo. Antes restrita ao ambiente de pesquisa, a técnica já é aplicada em clínicas especializadas e tem se destacado entre pacientes com dor crônica, inflamações ou desgaste articular.
As células-tronco atuam como elementos versáteis, com potencial para se diferenciar em diversos tipos celulares, como cartilagem, osso e músculo, conforme o local de aplicação. Também liberam substâncias que reduzem processos inflamatórios e aceleram o reparo tecidual. “O princípio é estimular o próprio corpo a se regenerar, oferecendo um tratamento mais fisiológico e menos invasivo do que as opções cirúrgicas tradicionais”, afirma a reumatologista Emanuela Pimenta, da Clínica Ceder, em Salvador.

Na prática clínica, predominam as células-tronco mesenquimais adultas, geralmente coletadas do próprio paciente, o que reduz o risco de rejeição ou reações adversas. As fontes mais comuns são a medula óssea e o tecido adiposo. No caso da medula, o material é obtido por aspirado — geralmente da pelve — e pode ser concentrado para formar o BMAC (Bone Marrow Aspirate Concentrate), composto por células regenerativas e fatores de crescimento.
O tecido adiposo, por sua vez, origina dois derivados: microfat e nanofat. O microfat reúne células-tronco e tecido adiposo íntegro, indicado para regiões que demandam sustentação e regeneração simultâneas. O nanofat passa por processo de filtragem até se tornar uma solução líquida rica em fatores bioativos, utilizada na regeneração de tecidos moles, articulações menores, tendões e cicatrizes dolorosas. “O procedimento de coleta é simples, feito por lipoaspiração leve, e a aplicação pode ser realizada em ambiente ambulatorial, com anestesia local e alta no mesmo dia”, explica a médica.

A terapia com células-tronco tem sido empregada no tratamento de artrose, artrite, tendinites, bursites, fasciítes e lesões musculares ou ligamentares. Também tem sido utilizada em casos de dor lombar crônica e hérnia de disco, com melhora da mobilidade e redução da dor. “Muitos pacientes que antes dependiam de medicamentos contínuos ou aguardavam por cirurgias invasivas conseguem retomar a qualidade de vida com um tratamento que atua na causa da dor, a degeneração tecidual”, destaca Pimenta.
Entre os benefícios da terapia estão o curto tempo de recuperação, a segurança do procedimento e o baixo risco de complicações. Como utiliza células autólogas, a rejeição é considerada improvável. A característica minimamente invasiva permite a realização fora do ambiente hospitalar e favorece o retorno precoce às atividades diárias.

Para Emanuela Pimenta, a expansão dessa abordagem exige informação adequada e acompanhamento especializado. “Ainda há muitos mitos e expectativas irreais em torno das células-tronco. É importante que o paciente busque centros especializados e profissionais habilitados, que utilizem protocolos baseados em evidências científicas”, ressalta. “A medicina regenerativa não é uma promessa futura: ela já é uma ferramenta concreta no combate à dor e na restauração da função articular”.
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