Vídeo flagra Leo Prates ligando votação da dosimetria a atraso de emendas
Conversa flagrada no plenário mostra Leo Prates e deputados irritados com decisão de votar PL da Dosimetria após atrasos na liberação de emendas pelo governo
Por Matheus Caldas.
Deputados demonstraram irritação com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após a decisão de colocar em votação o PL da Dosimetria. Dentre eles, estava o deputado federal baiano, Leo Prates (PDT), presidente da Comissão de Trabalho da Casa.
Segundo eles, a escolha ocorreu em meio à insatisfação com o atraso no pagamento de emendas parlamentares. O O Globo divulgou o vídeo com a conversa nesta quarta-feira (10).
Nas imagens, é possível ouvir o diálogo após o anúncio de que a proposta seria votada mais tarde. Parlamentares do PDT, entre eles Leo Prates, relatam cobranças da oposição pela liberação dos recursos.
A conversa aconteceu no plenário, pouco antes de Glauber Braga ocupar interinamente a cadeira da presidência. Os deputados exibem contrariedade com a pauta anunciada.
No diálogo, Leo Prates afirma que a insatisfação aumentou depois de o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, reclamar que apenas 58% das emendas haviam sido pagas.
“Você não viu a narrativa de quando veio a pauta (na reunião de líderes)? O Sóstenes disse que pagou 58% das emendas. O Hugo Motta veio e disse: ‘Eu preciso da ajuda para pagar’. Aí o Lindbergh (Farias) e o (José) Guimarães (líder do governo) disseram: ‘Até 30 de dezembro paga’. Aí veio essa pauta”, diz Prates.
Veja diálogo de Leo Prates com deputados
O deputado continua: “Eu sabia que vinha esculhambação. São quatro cassações e a dosimetria. Isso é pra trocar”.
Prates também afirma que líderes da oposição estavam insatisfeitos com o atraso no pagamento das emendas, geralmente liberadas no fim do ano pelo Executivo. Ele cita risco de impacto na votação do Orçamento de 2026.
Outro deputado diz no vídeo: “Ele (Motta) falou: ‘Ou destrava, ou a Casa não anda’”.
Alguns parlamentares comentam ainda que poderiam votar a favor do PL da Dosimetria, o que beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro, para demonstrar pressão ao Planalto.
Leo Prates esteve ausente na votação. Mauro Benevides (PDT-CE) e Leônidas Cristino (PDT-CE), que participavam da conversa, votaram contra.
A tensão sobre liberação de recursos não é nova. Em junho, Hugo Motta declarou publicamente estar “fazendo cobranças” ao Planalto.
O texto foi aprovado por volta das 2h da manhã, com 291 votos a favor, 148 contra e uma abstenção. A proposta segue agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

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