Operação Overclean: confira o que se sabe até o momento
Realizada em duas oportunidades, a ação prendeu diversos políticos, empresários e membros operacionais envolvidos no esquema que desviou R$ 1,4 bilhões
A Operação Overclean, deflagrada em dezembro deste ano, investiga uma organização criminosa que desviava recursos públicos vindos de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), e convênios com empresas, que giram em torno R$ 1,4 bilhões.
Realizada em duas oportunidades, a ação prendeu diversos políticos, empresários e membros operacionais envolvidos no esquema. Confira um resumo das duas fases da operação e o que se sabe até o momento:
Primeira Fase e 'Rei do Lixo'
Deflagrada no dia 10 de dezembro, a primeira fase da Overclean cumpriu 42 mandados de busca e apreensão, além de 17 mandados de prisão preventiva (sendo 16 executados e apenas uma pessoa não localizada) na Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
Além do sequestro de R$ 162,3 milhões em ativos, a operação ainda apreendeu uma aeronave, imóveis de luxo, barcos e veículos, ligados ao grupo.
Segundo apuração do Aratu On, os presos na operação foram divididos entre "líderes" e "membros operacionais", sendo alguns dos cabeças o empresário do setor de limpeza urbana José Marcos de Moura, conhecido como "Rei do Lixo", e Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-coordenador do DNOCS na Bahia.
Além deles, o esquema era organizado por:
- Alex Rezende Parente (líder da organização, responsável por financiar e gerenciar atividades ilícitas), responsável pelas empresas Allpha Pavimentações, Larclean Ambiental e Qualymulti Serviços EIRELI
- Fabio Rezende Parente: Executor financeiro, realizava transferências bancárias, pagamentos de propinas e movimentações financeiras por meio de contas de terceiros.
Também foram detidos na operação:
Clebson Cruz de Oliveira: Apoio logístico, responsável por entregas de propinas e saques vultuosos.
Flávio Henrique de Lacerda Pimenta: Servidor da Secretaria de Educação de Salvador, fornecia informações privilegiadas para beneficiar o grupo. Ele foi exonerado pela prefeitura após a prisão.
Orlando Santos Ribeiro: Secretário de Governo de Itapetinga/BA, facilitava pagamentos de contratos fraudulentos.
Francisco Manoel do Nascimento Neto, o Francisquinho Nascimento: Ex-secretário executivo de Campo Formoso/BA, favoreceu interesses das empresas dos irmãos Parente.
Kaliane Lomanto Bastos: Servidora da Prefeitura de Jequié/BA, recebeu propinas para liberar pagamentos retidos.
Claudinei Aparecido Quaresemin: Secretário de parcerias público-privadas do Tocantins, beneficiou a Larclean em licitações.
Fábio Netto do Espírito Santo: Facilitou contratos para a Qualymulti com a Prefeitura de Senador Canedo/GO, além de ocultar recursos em contas de terceiros.
Ailton Figueiredo Souza Júnior: Facilitou pagamentos à PAP Saúde Ambiental na Prefeitura de Lauro de Freitas.
Diego Queiroz Rodrigues: Vereador de Itapetinga/BA, atuou em favor da organização criminosa no município.
Evandro Baldino do Nascimento: Empresário, apoiou logisticamente a organização e participou de fraudes licitatórias.
Geraldo Guedes de Santana Filho: Funcionário de Alex Parente, executa funções administrativas e foi flagrado destruindo provas.
Iuri dos Santos Bezerra: Envolvido na destruição de provas a mando de Alex Parente.
Itallo Moreira de Almeida: Servidor da Secretaria de Educação do Tocantins, favoreceu as empresas de Alex Parente em troca de vantagens ilícitas. Este último é o único que ainda não foi preso e segue foragido da Justiça.
Soltura de envolvidos
No dia 19 de dezembro, a desembargadora Daniele Maranhão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), determinou por meio de decisão liminar que os 16 presos na Operação Overclean fossem soltos. Todos devem usar tornozeleira de monitoramento eletrônico e 11 deles prestaram depoimento antes da liberação.
Segunda fase e novas prisões
Realizada nesta segunda-feira (23), a segunda fase da Overclean cumpriu quatro mandados de prisão além de 10 mandados de busca e apreensão, em Salvador, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista. Entre os detidos por envolvimento no esquema está o vice-prefeito de Lauro, Vidigal Cafezeiro (Republicanos).
Além dele, foram presos Lucas Moreira Marins Dias, secretário de mobilidade e ex-chefe de gabinete de Vitória da Conquista (BA) e o policial federal Rogério Magno Almeida Medeiras, que havia atuado como superintendente de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) durante as gestões de Jaques Wagner e Rui Costa (PT). Magno foi homenageado honraria que reconhece contribuições dos profissionais na inteligência de segurança pública. Um operador do grupo, identificado como Carlos André, também foi preso na segunda.
Uma servidora pública da cidade de Vitória da Conquista, identificada como Lara Betânia Lelis Oliveira alvo de mandado de busca e apreensão, tendo sido afastada das funções.
Documentos obtidos pela investigação mostram que Rogério Medeiros, identificado como "MAG" em planilhas analisadas, recebia R$ 6 mil mensais por supostos "serviços de dedetização". Contudo, as apurações indicam que os pagamentos estavam relacionados ao fornecimento de informações sigilosas.
A conexão de Medeiros com Alex Rezende, um operador do grupo, levantou suspeitas e foi o ponto de partida para investigá-lo. Segundo os investigadores, os encontros frequentes entre os dois tinham como objetivo viabilizar o repasse dessas informações.
Bens e recursos da organização
Até o momento, a operação quantificou os seguintes valores ligados ao grupo criminoso: R$ 3.403.521,90 em espécie; 23 carros de luxo; três barcos de luxo; três aeronaves (incluindo o avião de Marcos Moura); seis imóveis de alto padrão; 38 relógios de luxo (alguns que custam cerca de R$ 800 mil); joias. Juntos, o material totaliza cerca de R$ 162.379.373,30.
Avião pertencente à empresa MM Limpeza Urbana Ltda, empresa de Marcos Moura, o 'Rei do Lixo'
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