O que causa os soluços de Bolsonaro? Entenda a condição rara e persistente
Bolsonaro enfrenta um quadro de soluço incoercível, condição rara e persistente
Por Bruna Castelo Branco.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou, no último sábado (27), por um bloqueio anestésico do nervo frênico, procedimento indicado para tratar um quadro de soluços recorrentes. A intervenção foi realizada no hospital DF Star, em Brasília.
De acordo com o cardiologista Brasil Caiado, que acompanha o ex-presidente, o bloqueio foi feito no lado direito do nervo frênico. Um segundo procedimento, no lado esquerdo, está previsto para a esta segunda-feira (29).

O nervo frênico é localizado na região cervical com auxílio de ultrassom. Segundo o médico Matheus Saldanha, radiologista intervencionista do hospital, o objetivo é bloquear o nervo responsável por comandar o movimento do diafragma, interrompendo o mecanismo que provoca o soluço.
Durante o procedimento, o paciente permanece sedado e monitorado. Os médicos acompanham a frequência cardíaca e a saturação de oxigênio ao longo da intervenção, conforme explicou Saldanha em entrevista coletiva.
A intervenção tem duração média entre 40 minutos e uma hora e pode apresentar efetividade de até três meses. O bloqueio do nervo frênico costuma ser indicado quando outras abordagens clínicas não produzem resultado.
O nervo frênico é responsável por controlar os movimentos do diafragma durante a respiração. Quando sua ativação ocorre de forma irregular, o músculo pode entrar em espasmo, desencadeando o soluço. A irritação desse nervo é apontada como a causa mais comum do sintoma.

Soluço incoercível
Bolsonaro enfrenta um quadro de soluço incoercível, condição rara e persistente que, segundo seu relatório clínico, não responde aos tratamentos tradicionais. Em casos mais graves, o problema pode demandar exames invasivos e até intervenção cirúrgica.
O soluço é caracterizado por espasmos involuntários do diafragma e costuma ser provocado por fatores como distensão do estômago, consumo de bebidas alcoólicas, exposição a substâncias irritantes ou mudanças bruscas de temperatura. Na maioria dos casos, o sintoma é passageiro e desaparece espontaneamente.
Quando o quadro se torna persistente, pode estar associado a refluxo gastroesofágico, obstrução intestinal ou ao período pós-operatório de cirurgias abdominais e torácicas.
Pacientes submetidos a múltiplas intervenções na região abdominal, como Bolsonaro desde a facada sofrida em 2018, apresentam maior risco de desenvolver aderências intestinais. Essas alterações podem provocar episódios de obstrução parcial do intestino, além de sintomas como dor, náuseas e vômitos, e favorecer a ocorrência de soluços persistentes, especialmente após refeições volumosas ou de digestão difícil.
Primeira cirurgia
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou, na manhã da última quarta-feira (24), a carceragem da Polícia Federal, em Brasília, para ser encaminhado ao Hospital DF Star, onde passará por uma cirurgia. A transferência, autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, ocorreu em trens de veículos da PF, e o ex-presidente já permanece internado na unidade de saúde.
Antes, a PF havia enviado a Moraes um laudo médico sobre a saúde de Jair Bolsonaro. Os peritos tinham confirmado que o ex-presidente é portador de hérnia inguinal bilateral, necessitando de uma cirurgia com urgência.
Moraes permitiu que apenas a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro acompanhasse o ex-presidente durante o período de internação.

Mesmo sem autorização formal para atuar como acompanhante, o ex-vereador Carlos Bolsonaro comparou ao hospital e declarou à imprensa que “o local é público”. A defesa também havia solicitado que Carlos e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pudessem atuar como acompanhantes secundários, em caráter eventual, mas Moraes determinou que qualquer visita deveria ser previamente autorizada pelo STF.
Na decisão, o ministro atribuiu um conjunto de regras para a saída temporária de Bolsonaro da prisão. O transporte e a segurança do ex-presidente deverão ser realizados pela PF de forma discreta, com desembarque diretamente na garagem do hospital.
Moraes também determinou que a Polícia Federal mantenha um esquema de vigilância e fiscalização contínua. Pelo menos dois agentes deverão permanecer na porta do quarto, além de equipes posicionadas nas áreas interna e externa do hospital, garantindo monitoramento 24 horas.
Bolsonaro cumpre pena definitiva de 27 anos e três meses de prisão, após condenação na ação penal que apurou a trama golpista. Na ocasião, a condenação virou manchete em jornais de todo o mundo.
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