Política

Mandioca movimenta R$ 500 milhões por ano na Bahia, mas estado é último em produtividade

Encontro contou com a participação de produtores rurais, representantes de entidades da agricultura familiar e especialistas na produção de mandioca, além de deputados

Por João Brandão

Mandioca movimenta R$ 500 milhões por ano na Bahia, mas estado é último em produtividadeEmbrapa
A Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) realizou nesta terça-feira (12/9) uma audiência pública para debater a baixa produção e importação de mandioca no estado. O encontro contou com a participação de produtores rurais, representantes de entidades da agricultura familiar e especialistas na produção de mandioca, além de deputados. Na Bahia, a mandioca movimenta R$ 500 milhões por ano, 95% dos municípios cultivam (392 dos 417 do estado). Esse faturamento pode quadruplicar se houver investimento na produtividade. A Bahia é o segundo estado em área colhida, o sexto em produção e último em produtividade.
Na década de 1970, o Brasil produzia 29 milhões de toneladas por ano, hoje produz 18 milhões. A mandioca é o oitavo maior produto agrícola do país - os outros sete não são brasileiros. Ou seja, dentre os produtos tipicamente brasileiros, a mandioca é a maior mercadoria do país.
O encontro foi proposto pela deputada estadual Claudia Oliveira (PSD), que destacou que a mandioca é um alimento que está na maioria das casas do país. “Da mandioca são produzidos mais de 600 produtos, a exemplo de fécula para a produção de celulose, cervejas, aguardentes, entre outros. Em 2021 o Brasil ocupou a quinta posição em produção mundial. A Bahia possui a menor produtividade do Brasil, com 7,1 toneladas por hectare. Entretanto, possuímos a maior área plantada do Nordeste e a terceira maior do Brasil”, salientou ela.
O deputado Manuel Rocha (União Brasil), presidente da Comissão de Agricultura, ressaltou a necessidade de avançar para além do debate e apresentar resolutividade para fortalecer a mandiocultura. Ele cobrou do governo do estado maior apoio técnico aos produtores. “Constamos que um dos grandes gargalos na Bahia se dá pela pouca ou ineficiente assistência técnica aos produtores rurais. Precisamos cobrar do governo para que eles possam fornecer essa assistência técnica e disponibilizar de informação para aumentar a produtividade”, afirmou.
“Outro gargalo é o crédito ao pequeno produtor, que é realmente quem mais precisa de acesso ao crédito, é aquele que alavanca a agricultura familiar, que precisa da terra para alimentar sua família e gerar renda para os pequenos municípios. Esperamos que possamos ter resultados práticos para a população, principalmente para os produtores”, complementou o parlamentar.
A agrônoma Jeilly Viviane, presidente da Sociedade Brasileira de Mandioca, contou que há hoje uma gama de oportunidades para se trabalhar com a mandioca, para além da produção de farinha e fécula. Há produtos como cerveja e vinho de mandioca e madeira sustentável a partir da raspa. Ela manifestou preocupação com a queda da produção nos últimos anos.
“A gente vem caindo tanto do ponto de vista de área plantada quanto de produção. Saímos de 29 milhões de toneladas em 1970 para 18 milhões em 2021. A mandioca continua ainda como o sexto em valor de produção e o oitavo produto agrícola do país, sendo que os outros sete não são brasileiros. Ela movimenta na Bahia mais de R$ 500 milhões. A gente tem condição de aumentar muito mais com a mesma área plantada, aumentando produtividade a gente consegue praticamente quadruplicar esse valor”, afirmou.
O agrônomo Carlos Estevão, pesquisador da Embrapa, salientou que a Bahia ainda é o maior mercado consumidor de farinha do país, representando aproximadamente 25% do consumo. “A saída é buscar mais eficiência, qualidade, diferenciação, buscar novos padrões de consumo. É uma oportunidade dos chamados nichos de mercado, com processo de certificação. Não adianta investir na qualidade se o consumidor não tiver certeza que aquela farinha é um produto diferenciado”, frisou.
O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Jeandro Ribeiro, contou que as regiões do Baixo Sul, Sudoeste, Litoral Norte e parte do Sertão Produtivo representam cerca de 67% da produção de mandioca na Bahia. Ele destacou que há uma expectativa positiva de ampliar o acesso ao crédito aos produtores por meio do Agroamigo.
Agrônomo da Embrapa, Helton Fleck disse que a mandiocultura pode gerar uma nova dinâmica econômica. “Temos oportunidade para inovações constantes e que podem trazer grandes resultados para facilitar, dinamizar e dar mais renda aos produtores e mais sustentabilidade. Essa atividade é capaz de gerar uma nova dinâmica econômica, com novos atores. A certificação tem que ser a espinha dorsal”, ressaltou.
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