Itamaraty: Ernesto Araújo atuou para garantir cloroquina através de telegramas
As informações foram obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo.
O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, mobilizou o Itamaraty para garantir o abastecimento de cloroquina ao Brasil, mesmo após a interrupção nos testes clínicos por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) em decorrência dos efeitos colaterais e ineficácia apresentada.
As informações são do jornal A Folha de S.Paulo, que teve acesso aos telegramas diplomáticos enviados por Ernesto.
Os documentos mostram e-mails trocados pelo menos desde março, quando começou a pandemia, entre o diplomata Elias Luna Santos, da embaixada do Brasil em Nova Délhi, capital da Índia, com empresas indianas.
Em uma das conversas, Elias Santos trata de um acordo em que empresas indianas forneceriam ingredientes de hidroxicloroquina a empresas brasileiras que, em contrapartida, venderiam comprimidos da substância à Índia.
"Esta proposta garantiria continuidade da produção em ambos os países e ajudaria a manter os fluxos de comércio bilateral no setor farmacêutico neste momento de crise, o que pode ser benéfico para Brasil e Índia agora e no futuro", diz o diplomata em um dos e-mails.
Ainda de acordo com o jornal, a corrida do Itamaraty atrás da cloroquina começou pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falar em "possível cura para a doença" em suas redes sociais, em 21 de março de 2020.
Na época, a Prevent Senior e o hospital de elite Albert Einstein, em São Paulo, haviam anunciado que tinham iniciado estudos com a droga. Segundo o jornal, em declaração durante reunião do G-20, em 26 de março, relatada em telegrama, Bolsonaro apontou para “testes bem-sucedidos".
"Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com Covid-19. Agora há pouco os profissionais do hospital Albert Einstein me informaram que iniciaram um protocolo de pesquisa para avaliar a eficácia da cloroquina nos pacientes com Covid-19", escreveu Ernesto.
O documento mostra ainda que o Itamaraty teria pedido à Organização Pan-Americana de Saúde que entrasse em contato com o governo indiano para conseguir a liberação de um lote de milhões de doses de hidroxicloroquina. Já no dia 24 de abril, o ministério pediu apoio para uma farmacêutica brasileira importar hidroxicloroquina.
A reportagem do Folha de S.Paulo afirmou que tentou entrar em contato com o Itamaraty através de email e por telefone para obter um posicionamento sobre o caso, mas não tiveram respostas.
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