Governo rejeita texto e reforça defesa pelo fim da escala 6x1
Ministros criticam parecer que mantém a escala 6x1 e defendem que redução para 40 horas semanais venha acompanhada de mudanças no regime de trabalho
Por Ananda Costa.
O governo federal voltou a defender, nesta terça-feira (2), o fim da escala 6x1 ao comentar o parecer do deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que propõe reduzir a jornada semanal para 40 horas, mas mantém o atual regime de escalas. A proposta será votada nesta quarta (3) em uma subcomissão da Câmara.

Ministros das Relações Institucionais e da Secretaria-Geral da Presidência afirmaram que o parecer não atende às reivindicações de melhoria das condições de trabalho. Segundo Gleisi Hoffmann, é preciso garantir que a redução da jornada venha acompanhada de mais qualidade de vida. Ela destacou que, sem alterar a escala, os trabalhadores não terão tempo adequado para lazer, cuidados pessoais e responsabilidades familiares.
A posição foi reforçada pelo ministro Guilherme Boulos, que classificou o relatório como uma surpresa e afirmou que o governo seguirá defendendo o fim da escala 6x1, sem redução salarial. Ele citou pesquisas que mostram apoio de mais de 70% da população à mudança.
Se aprovado na subcomissão, o texto seguirá para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Fim da escala 6x1

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Atualmente, em muitas empresas do país - como fábricas, lojas, restaurantes e supermercados -, os trabalhadores seguem o modelo 6x1. Isso significa que eles trabalham seis dias seguidos e têm apenas um dia de folga. Esse sistema é baseado em uma lei que permite até 44 horas de trabalho por semana e até oito horas por dia.
Mas um movimento chamado 'Vida Além do Trabalho', fundado pelo ex-balconista de farmácia Rick Azevedo, atualmente vereador pelo PSol no Rio de Janeiro, tem ganhado força e adeptos nos últimos dias, principalmente nas redes sociais. A ideia é reduzir a carga horária semanal para 36 horas, para que o trabalhador tenha mais qualidade de vida e possa aproveitar mais momentos de lazer e em família, que o deixaria mais motivado.
Mudança pode custar 18 milhões de empregos no país
A proposta de redução da jornada de trabalho e o possível fim da escala 6×1 pode impactar fortemente a economia brasileira. É o que aponta estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), que revela um cenário de aumento de custos para as empresas, perda de competitividade, elevação da informalidade e um potencial fechamento de até 18 milhões de postos de trabalho no país.
De acordo com o levantamento, a redução da jornada sem o correspondente aumento da produtividade pode comprometer até 16% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com uma queda de até R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos.
Segundo o estudo, no cenário hipotético analisado — que considera a redução da carga horária contratada para até 40 horas semanais, sem ganhos de produtividade — o país poderá perder até 18 milhões de empregos e ter uma redução de até R$ 480 bilhões na massa salarial. A análise parte do princípio de que a diminuição das horas de trabalho impacta diretamente a produção e, consequentemente, o número de postos de trabalho disponíveis.
Já em um cenário moderado, com aumento de 1% na produtividade, as perdas de empregos podem chegar a 16 milhões, com impacto negativo de R$ 428 bilhões na renda dos trabalhadores.
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