Eunápolis: ex-diretora de presídio lucrou R$ 1,5 milhão com facção

MP-BA aponta esquema de regalias, fuga milionária e lavagem de dinheiro de ex-diretora de presídio

Por Matheus Caldas.

A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, é acusada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) de ter lucrado cerca de R$ 1,5 milhão ao se associar ao Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), facção que domina o extremo sul do estado. O valor inclui pagamentos por regalias a presos e pela facilitação da fuga em massa de 16 detentos em dezembro de 2024.

De acordo com a denúncia, à qual o Aratu On obteve acesso, “a intermediação de Joneuma nas atividades criminosas em benefício dos membros do PCE lhe rendeu valores próximos de R$ 1,5 milhão. Só para ajudar na fuga em Eunápolis, segundo o MP, há relatos de que Joneuma teria recebido aproximadamente R$ 800 mil.

+ Vídeo mostra o momento exato em que detentos fogem do presídio de Eunápolis; assista

Joneuma Silva Nere era diretora do presídio de Eunápolis | Foto: arquivo pessoal

O Ministério Público detalha que Joneuma se aproximou do líder do PCE, Ednaldo Pereira Souza, o “Dada”, com quem manteve relacionamento afetivo. Ela recebia ordens diretas dele para garantir regalias dentro do presídio de Eunápolis, como “acesso irrestrito a freezers, refeições especiais (moquecas de camarão, lasanhas, chesters), equipamentos sonoros, caixas de som e visitas íntimas dentro dos pavilhões.”

A ex-diretora também autorizou a entrada de um caixão na unidade para que Sirlon Rizério, outro líder da facção, velasse a avó dentro do presídio. O MP afirma que seu comportamento reforçava que “Dada controlava todas as atividades no âmbito do Conjunto Penal de Eunápolis".

Na fuga, Joneuma, o coordenador de segurança Welington Oliveira Sousa e “Dada” teriam planejado cada detalhe. Eles facilitaram a entrada de equipamentos ilícitos, como a furadeira usada para abrir o teto da cela 44, por onde os detentos escaparam. A operação de fuga teria custado R$ 2 milhões à facção.

Foto: arquivo pessoal

Para lavar parte do dinheiro, Joneuma usava uma identidade falsa – “Barbara Thais de Jesus Ramos” – e uma empresa aberta em nome de um aliado da facção. Quando foi presa, ela tinha R$ 8.171,75, apontado pelo MP como parte do valor que usaria para fugir para o Rio de Janeiro e se esconder com “Dada”, hoje foragido sob proteção do Comando Vermelho.

O inquérito também revela ligações políticas. A ex-diretora intermediou encontros entre “Dada” e o ex-deputado federal Uldurico Jr. Como moeda de troca, entregava “eleitores cativos” – presos e familiares que recebiam R$ 100,00 para votar em políticos que dessem apoio à manutenção dela na direção.

O caso tramita na 1ª Vara Criminal de Eunápolis. Joneuma, Welington e “Dada” respondem por associação criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro e facilitação de fuga. Nenhum dos acusados apresentou defesa pública até agora.

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