Cotas para nordestinos causa revolta no governador de Santa Catarina
Cotas para nordestinos gerou reação do governador de Santa Catarina, que se manifestou nas redes sociais e classificou a decisão como “um absurdo”
Por Rosana Bomfim.
A ideia de cotas para nordestinos transformou a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em alvo de críticas do governador Jorginho Mello (PL). A reação veio após a publicação de um edital que previa cotas para estudantes oriundos de instituições de ensino superior das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ao tomar conhecimento da medida, o gestor público se manifestou nas redes sociais e classificou a decisão de “um absurdo”.
O governador disse ter ficado “surpreso” com a inclusão das cotas regionais e encaminhou um ofício ao reitor da Udesc cobrando explicações.
O documento, de número 50, foi lançado em dezembro de 2024 e oferecia oportunidades para cursos de mestrado e doutorado em Música no Centro de Artes, Design e Moda (Ceart), com ingresso previsto para o segundo semestre deste ano.
Além das cotas já consolidadas para pessoas negras, indígenas, quilombolas, trans e com deficiência, o edital incluía uma modalidade de reserva destinada a “alunos oriundos de IES das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste ou profissionais vinculados a IES dessas regiões”.
Cotas para nordestinos: reação do governador
“Por mais que a Udesc tenha autonomia universitária, ela é mantida com o dinheiro do estado, ou seja, do catarinense. É só o que falta, dinheiro do catarinense ter cota para quem é de fora. Já não basta a gente mandar o nosso dinheiro para Brasília e voltar uma migalha. Já vou avisando que não concordo. Nós não vamos aceitar esse absurdo com dinheiro do catarinense”, afirmou.
A publicação de Jorginho nas redes sociais, feita na última quarta-feira (1), ultrapassou 500 mil visualizações em menos de 24 horas.
Posição da Udesc
Em nota oficial, a Udesc confirmou a inclusão da modalidade de cota no edital, mas destacou que a medida “não corresponde a uma política institucional da Udesc e não deverá constar em futuros processos seletivos da Universidade”.
A instituição reforçou ainda o compromisso com a legalidade e com a oferta de ensino público de qualidade. “A Udesc mantém seu compromisso com a educação pública de excelência e com o embasamento legal que orienta todas as suas ações institucionais”, informou o comunicado.
Com a repercussão, a expectativa é de que a universidade se posicione mais detalhadamente sobre os critérios que levaram à adoção das cotas regionais no edital específico do Ceart. Até o momento, a instituição não informou se haverá anulação ou retificação do documento.
Recentemente, o vereador Mateus Batista (União), de Joinville, Santa Catarina, gerou controvérsia ao defender um projeto de lei que pretende restringir a migração de pessoas vindas do Norte e do Nordeste para o município.
Em março deste ano, o vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, foi expulso do Patriota. O movimento veio após o político fazer declarações xenofóbicas contra trabalhadores da Bahia, que estavam em situação análoga à escravidão em uma vinícola do Rio Grande do Sul. Além da penalidade, o partido divulgou uma nota contra a conduta do vereador.
Fantinel pediu que os produtores da região "não contratem mais aquela gente lá de cima", se referindo a trabalhadores vindos da Bahia e afirmou que "a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor"
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