A cada cinco baianos, ao menos um sofreu violência sexual, física ou psicóloga em 2019, segundo o IBGE
Esse sofrimento foi mais comum entre as mulheres que se declaravam pretas, jovens e com menor renda domiliciar
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, entre os anos de 2018 e 2019, um em cada cinco adultos na Bahia foi vítima de algum tipo de violência, fosse psicológica, física ou sexual. Em outras palavras, 21,8% da população de 18 anos ou mais de idade sofreu de um destes crimes - a terceira maior população do país, representando 2,4 milhões de pessoas.
A maioria, cerca de 56,6%, eram mulheres. Na Bahia, a 23,3% do total de mulheres moradoras do estado informaram ter sido vítimas, enquanto nos homens chegou a 20,1%, o segundo maior percentual entre os estados. Sergipe (24,9%) e Roraima (22,3%) foram os únicos estados com percentuais maiores que os da Bahia.
PRETO E POBRE
Esse sofrimento foi mais comum entre as pessoas que se declaravam pretas (27,5% informaram, maior percentual do Brasil) do que entre as pardas (19,5%) e as brancas (20,1%). Era mais frequente ainda entre as pessoas com menor renda domiciliar per capita (27,2% na faixa de sem rendimento até 1/4 do salário mínimo).
Também era mais frequente entre os jovens: 35,6% das pessoas de 18 a 29 anos respoderam que sofreram alguma agressão, enquanto nos idosos de 60 anos ou mais o número caiu ao menor patamar, de 14,0%.
Pouco mais de 1 em cada 10 pessoas que sofreram algum tipo de violência na Bahia, entre 2018 e 2019, deixou de realizar suas atividades habituais em decorrência disso: 14,3% das vítimas ou cerca de 349 mil pessoas, em números absolutos.
TIPOS
Dentre os tipos de violência, a psicológica foi a mais informada tanto na Bahia quanto no Brasil. Cerca de 20,4% dos baianos, ou um em cada cinco moradores do estado informaram ter sofrido violência psicológica. Esse foi o terceiro maior percentual no Brasil;
A violência psicológica também foi mais informada pelas mulheres: 22,3% das entrevistadas baianas sofreram, contra 18,3% dos homens. O perfil também se repete, foi as vítimas foram, em sua maioria, jovens (31,1% das pessoas entre 18 e 29 anos, frente a 9,9% dos idosos); pelas pessoas pretas (25,6% frente a 18,2% das pardas e 19,2% das brancas) e por quem tinha menor renda domiciliar per capita (25,9% daquele sem rendimento ou com até 1/4 de salário mínimo).
Sobre a violência física, a Bahia teve a maior proporção de vítimas desse tipo de agressão no país entre 2018 e 2019. Segundo o IBGE, 6,1% das pessoas 18 anos ou mais de idade na Bahia informaram ter sofrido violência física. Isso representava 681 mil adultos. A Bahia teve ainda o segundo maior número absoluto de vítimas (681 mil), abaixo apenas do verificado em São Paulo, onde 1,5 milhão de adultos sofreram violência física.
Já a violência sexual foi a menos informada na pesquisa. Entre 2018 e 2019, 1,1% das pessoas de 18 anos ou mais de idade na Bahia (cerca de 121 mil) disseram ter sido vítimas desse tipo de agressão. Mesmo assim, a proporção no estado é um pouco acima da nacional (0,8%) e ficava em quarto lugar no ranking de estados
Na Bahia, em 2019, 7,0% das pessoas de 18 anos ou mais de idade afirmaram ter sofrido violência sexual alguma vez na vida (776 mil). Era o quinto maior percentual entre os estados.
Se considerando apenas as mulheres, 1 em cada 10 já foi vítima de violência sexual alguma vez na vida. É possível destacar, ainda, que muitas delas não chegam a prestar queixa. Daqueles que responderam que sofreram violência sexual, 71,5% se identificava com o sexo feminino, ou seja, 7 em cada 10 pessoas que, alguma vez na vida, sofreram violência sexual na Bahia eram mulheres.
A violência sexual também atingia predominantemente os jovens (11,5% das pessoas de 18 a 29 anos informaram ter sido vítimas), pessoas com nível superior completo (8,3% foram vítimas) e quem declarava cor preta (9,3% foram vítimas). No Brasil, sobretudo se a vítima é mulher, principal agressor(a) é cônjuge/companheiro(a)/namorado(a), e local de violência é a própria casa
TRÂNSITO
Outro tipo de violência que impacta de forma importante a saúde das pessoas é a ocorrida no trânsito, que pode ter sua gravidade reduzida ou ser evitada com comportamentos como uso do cinto de segurança. Na Bahia, 35,9% dos adultos nem sempre usavam cinto de segurança ao dirigir e quase 6 em cada 10 (56,9%) não usavam no banco de trás
Em 2019, na Bahia, quase 9 em cada 10 pessoas de 15 anos ou mais de idade ocupadas precisavam sair de casa e se deslocar no trânsito para trabalhar (86,8% ou 5,8 milhões de trabalhadores). Nesse deslocamento, gastavam, em média, 4,7 horas por semana. Porém, quatro em cada 10 pessoas baianos de 15 anos ou mais e idade ocupadas gastavam 1 hora ou mais por dia no deslocamento para trabalhar - o que equivale a no mínimo 5 horas por semana.
Dentre essas, perto de 1 milhão passavam 2 horas ou mais no trânsito diariamente para trabalhar, ou seja, gastavam pelo menos 10 horas por semana nesse deslocamento - mais que o dobro da média.
A capital, Salvador, era, em 2019, a terceira capital com maior tempo médio de deslocamento semanal para trabalhar: 6,9 horas. Ficava abaixo apenas de São Paulo/ SP (7,8 horas semanais em média) e do Rio de Janeiro/RJ (7,4h).
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