Celebridades

Klara Castanho fala sobre processo de adoção após gravidez por estupro: "Pensando em resguardar a vida e o futuro da criança"

A criança foi entregue direto para a adoção logo após o parto, em conformidade com Lei da entrega voluntária para adoção, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) desde 2017

Por Da Redação

Klara Castanho fala sobre processo de adoção após gravidez por estupro: "Pensando em resguardar a vida e o futuro da criança"divulgação/Redes Sociais | @klarafgcastanho

Depois de ver o nome ganhar as redes sociais por causa de um boato sobre uma gravidez no último sábado (25), a atriz Klara Castanho, 21, publicou uma carta aberta esclarecendo que engravidou após ter sido vítima de violência sexual. Assim, como explica a atriz, a criança foi entregue direto para a adoção logo após o parto, em conformidade com Lei da entrega voluntária para adoção, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) desde 2017.


A história foi exposta contra a vontade de Klara após o colunista Léo Dias, do site Metropoles, e a atriz Antonia Fontenelle, pré-candidata a Deputada Federal pelo Republicanos no Rio de Janeiro, soltarem informações sobre o assunto nas redes sociais.


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Além de expor a história de Klara, o colunista de fofoca Léo Dias ainda divulgou o sexo da criança, o nome do hospital em que ela nasceu, o peso e o horário do parto, violando o sigilo do processo de adoção e expondo o bebê, a família do bebê e a própria Klara Castanho. Horas depois da publicação, após uma enxurrada de denúncias, a matéria foi retirada do ar. As informações foram ilegalmente vazadas para o colunista por uma enfermeira do hospital.


Após ter sido criticada por expor a história da atriz, a influenciadora Antonia Fontenelle, que chamou Klara Castanho de "desumana", fechou os comentários do perfil dela em uma rede social e comentou: "Como eu sei que futuramente ninguém vai vir aqui me pedir desculpas pelos ataques, desativei os comentários dos donos da razão".



Fontenelle chegou a chamar a entrega voluntária para adoção, direito garantido pela Lei 13.509 (Lei da Adoção), de "abandono de incapaz". "Parir uma criança e não querer ver e mandar desovar para o acaso é crime, sim, só acha bonitinho essa história de adoção quem nunca foi em um abrigo, ademais quando se trata de uma criança negra. O nome disso é abandono de incapaz".


CARTA ABERTA


Na carta aberta, Klara Castanho lamenta a exposição indevida, tanto dela quanto da criança, e desabafa: "Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que eu sofri. Eu fui estuprada".


A atriz conta que foi vítima de estupro em outra cidade, sozinha, longe da família e amigos, e optou por não prestar boletim de ocorrência na época. "Tive muita vergonha, me senti culpada (...). As únicas coisas que tive forças para fazer foram: tomar a pílula do dia seguinte e fazer alguns exames. (...) Deixei de dormir, deixei de confiar nas pessoas, deixei uma sombra apoderar-se sobre mim".






Meses depois, Klara conta que começou a sentir um mal-estar e, com suspeita de problemas como gastriste, hérnia estrangulada ou mioma, a atriz decidiu realizar uma tomografia. No meio do exame, o procedimento foi interrompido às pressas após a equipe perceber que ela estava grávida.


"Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso e nem barriga", relata ela, que também conta que o parto aconteceu poucos dias após a descoberta da gravidez. "Sim, eu estava quase no término da gestação quando eu soube".


Na consulta médica, a jovem relata que sofreu outra violência: mesmo após informar ao médico de que ficou grávida após ter sido vítima de estupro, o profissional a obrigou a escutar o coração do bebê, disse que 50% do DNA era dela e que ela seria obrigada a amá-lo.


No dia do parto, a atriz foi ameaçada por uma enfermeira que, depois de fazer perguntas, disse: "Imagina se tal colunista decobre essa história". Assim que saiu da sala de parto e foi para o quarto, ainda anestesiada, Klara Castanho recebeu mensagens de um colunista, que já tinha todas as informações do bebê, mas ainda não sabia que a atriz havia sido vítima de estupro. "Ele prometeu não publicar", aponta ela na carta. Dias depois, ela foi procurada por outro colunista, que também acabou não divulgando a história na época.


No fim, a atriz relembra: "Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei. A criança merece ser cuidada por uma família amorosa, devidamente habilitada à adoção, que não tenha as lembranças de um fato tão traumático. E ela não precisa saber que foi resultado de uma violência tão cruel".


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