Aqualuz: invenção de baiana para acesso à água pode virar política pública

A cientista baiana Anna Luísa Beserra, de 27 anos, revelou em entrevista à rádio Antena 1 Salvador que sua tecnologia de purificação de água, o Aqualuz, pode em breve se tornar uma política pública na Bahia. A startup SDW, fundada por ela, está em negociação com o governo para um projeto piloto que pode abrir caminho para a expansão da solução em todo o estado.

Nesta quarta-feira (27), Beserra participou do programa Linha de Frente, conduzido pelo jornalista Pablo Reis, e falou sobre sua trajetória na biotecnologia. A inspiração para o trabalho surgiu aos 15 anos, após a leitura do livro "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. Ela ficou "profundamente tocada" com a realidade da seca no Nordeste e decidiu usar a ciência para criar o Aqualuz, uma tecnologia que purifica a água usando apenas a radiação ultravioleta do sol.

Apesar de o Aqualuz ter um custo de produção acessível, a jovem cientista destacou que o maior obstáculo não é a viabilidade econômica, mas a burocracia estatal. "Pra gente sair de uma tecnologia para uma política pública existe muito a ser feito e a gente precisa ficar 'na cola' dos políticos", disse ela. No entanto, o cenário parece promissor. "É o que começamos a fazer no início deste ano e estamos com a expectativa de ter um piloto com o governo no final deste ano. E no ano que vem, quem sabe, com esse piloto", completou.

A empreendedora ressaltou que a tecnologia não precisa de mais comprovaçõe e, em 12 anos de desenvolvimento, conta com extensas análises laboratoriais e mais de 10 mil beneficiários. 

Confira a entrevista completa:

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A entrevista acontece pouco antes de Anna Luísa Beserra ser condecorada com a Comenda Dois de Julho, a mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), no dia 4 de setembro. "Hoje, essa comenda simboliza que cada vez que escolhi continuar valeu a pena e que muitas portas ainda vão se abrir”, disse.

Reconhecimento internacional pelo Aqualuz

Em 2019, Anna Luísa Beserra, então com 21 anos, tornou-se a primeira brasileira a vencer o prêmio global da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA). À época, o Aqualuz distribuía água potável para 265 pessoas.