Política

'Crime de responsabilidade', diz presidente do TSE após Bolsonaro falar que eleições de 2022 podem não acontecer

Por Da Redação

'Crime de responsabilidade', diz presidente do TSE após Bolsonaro falar que eleições de 2022 podem não acontecerRoberto Jayme/Ascom/TSE

"A fraude está no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]" e "corremos o risco de não termos eleições em 2022". Essas foram algumas das declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), nesta sexta-feira (9/7), quando falava sobre uma suposta fraude no sistema eleitoral, que envolve urnas eletrônicas. O ex-PSL é defensor do voto impresso.


Em resposta, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, emitiu um comunicado oficial chamando as falas do presidente de "lamentáveis" e disse que o mesmo já foi oficiado para que apresente provas dessa suposta fraude. Quanto à declaração de não acontecer eleições em 2022, lidas pelo TSE como uma ameaça, foi reforçado, na nota, que "qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade".


LEIA, ABAIXO, A NOTA NA ÍNTEGRA:


Tendo em vista as declarações do Presidente da República na data de hoje, 9 de julho de 2021, lamentáveis quanto à forma e ao conteúdo, o Tribunal Superior Eleitoral esclarece que:


1. Desde a implantação das urnas eletrônicas em 1996, jamais se documentou qualquer episódio de fraude. Nesse sistema, foram eleitos os Presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. Como se constata singelamente, o sistema não só é íntegro como permitiu a alternância no poder.


2. Especificamente, em relação às eleições de 2014, o PSDB, partido que disputou o segundo turno das eleições presidenciais, realizou auditoria no sistema de votação e reconheceu a legitimidade dos resultados.


3. A presidência do TSE é exercida por Ministros do Supremo Tribunal Federal. De 2014 para cá, o cargo foi ocupado pelos Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso. Todos participaram da organização de eleições. A acusação leviana de fraude no processo eleitoral é ofensiva a todos.


4. O Corregedor-Geral Eleitoral já oficiou ao Presidente da República para que apresente as supostas provas de fraude que teriam ocorrido nas eleições de 2018. Não houve resposta.


5. A realização de eleições, na data prevista na Constituição, é pressuposto do regime democrático. Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade.


EM TEMPO


Na tarde desta sexta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que não serão admitidos "retrocessos" nas eleições. "Nesta manhã, tive uma conversa com o ministro da Defesa, General Braga Netto. Ressaltamos a importância do diálogo e do respeito mútuo entre as instituições, base do Estado Democrático Direito, que não permite retrocessos", escreveu ele no Twitter.


Em coletiva de imprensa, ele reforçou que não é o presidente da República quem decide se ocorrem, ou não, as eleições, visto que é algo previsto pela constituição. O formato pode ser discutido no Congresso.


Pouco depois das falas de Pacheco e da nota do TSE, Jair Bolsonaro compartilhou uma foto com cadetes da Aeronáutica.


PESQUISA ELEITORAL


Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na quinta-feira (8), o presidente Bolsonaro tem, neste momento, a pior avaliação desde que assumiu a presidência, em janeiro de 2019: 51% dos ouvidos o consideram ruim ou péssimo, número que vem crescendo desde dezembro. A aprovação está estável em 24% em relação ao levantamento de maio, e o índice dos que o consideram regular caiu para 24%.


Foram ouvidas 2.074 pessoas com mais de 16 anos em todo o Brasil, de forma presencial. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


O senador baiano Otto Alencar, integrante da CPI da Pandemia, falou sobre essa fase de Bolsonaro, nesta sexta, quando usou as redes sociais para prestar solidariedade ao ministro Luís Roberto Barroso e demais membros do TSE "pelas agressões feitas pelo presidente Bolsonaro".


"Sentindo-se isolado, acuado e sem respostas ao deputado Luís Miranda, fala ao seu modo, sem compostura, palavras chulas, ignóbeis e sem credibilidade", escreveu Otto. O senador, incluisve, foi diagnosticado com Covid-19 nesta sexta, mas afirmou estar bem e sendo acompanhando por um médico infectologista. Ele já recebeu as duas doses da vacina e não apresenta sintomas graves.


LEIA MAIS: Pesquisa mostra que maioria dos brasileiros acha Bolsonaro desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário e pouco inteligente


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