Senhor do Bonfim terá espadódromo e regras para a guerra de espadas

Senhor do Bonfim deverá implantar um espadódromo com distanciamento rigoroso de hospitais, escolas, residências e postos de combustíveis

Por Dinaldo dos Santos.

A tradicional “guerra de espadas” do São João de Senhor do Bonfim, no norte da Bahia, poderá voltar a ser realizada a partir de 2026 em um espaço exclusivo, espadódromo, e sob regras técnicas específicas de segurança.

No último mês de outubro, a cidade de Senhor do Bonfim discutiu, em parceria com a Associação Cultural dos Espadeiros (ACESB), a possibilidade de regulamentar a fabricação e realização de Guerra de Espadas na cidade, prática proibida desde 2017.

Senhor do Bonfim vai ter espadódromo. Foto: Reprodução | Redes Sociais

Espadódromo em Senhor do Bonfim

O município deverá implantar um espadódromo — área isolada, ainda a ser definida — com distanciamento rigoroso de hospitais, escolas, residências e postos de combustíveis.

As medidas constam em acordo firmado nesta sexta-feira (19) entre o Ministério Público da Bahia (MP-BA), o Município e a Associação Cultural dos Espadeiros de Senhor do Bonfim.

O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) estabelece critérios rígidos para a realização do evento, buscando conciliar a preservação da manifestação cultural com a proteção à vida e à integridade física da população.

Apenas “espadas” certificadas, produzidas conforme normas técnicas do Exército Brasileiro, poderão ser utilizadas. A associação deverá apresentar o Certificado de Registro (CR) do fabricante e submeter os artefatos a vistoria prévia.

Pelo acordo, caberá ao município garantir o isolamento do perímetro com barreiras de concreto ou grades, além de assegurar iluminação de emergência, rotas de fuga sinalizadas, brigadistas, pontos de primeiros socorros e unidades de saúde em estado de alerta. O descumprimento injustificado de qualquer cláusula poderá resultar em multa diária de R$ 20 mil ao município ou à associação.

Espadódromo nasce de acordo histórico

O coordenador da Promotoria Regional de Senhor do Bonfim, promotor Felipe Pazzola, afirmou que o TAC representa um marco histórico, fruto de estudos técnicos e da atuação de um grupo de trabalho interinstitucional. Segundo ele, a iniciativa buscou adequar a tradição às normas de controle de produtos perigosos, sem comprometer a segurança pública.

O grupo de trabalho contou com a participação dos promotores de Justiça Isabela Santana dos Santos e Leonardo Rodrigues da Silva, além de representantes dos poderes Executivo e Legislativo, da Polícia Militar e da Associação Cultural dos Espadeiros.

Para Pazzola, o acordo foi construído com base no paradigma do gerenciamento científico de riscos. “O trabalho reflete o papel do Ministério Público como indutor de soluções complexas, ao buscar equilíbrio entre o direito à manifestação cultural e o dever de proteger a integridade física das pessoas e o patrimônio”, afirmou.

Foto: Ilustração

Perigos na guerra de espadas

Anualmente, o Corpo de Bombeiros publica alertas sobre os perigos na produção das espadas e outros explosivos, que é artesanal, e realizada, muitas vezes, em locais improvisados, como barracões e depósitos. Este ano, apesar da proibição, moradores do bairro de Periperi, em Salvador, foram filmados promovendo Guerras de Espadas na região.

No último 23 de junho, véspera de São João, ninguém foi preso pela atividade no município. Em nota publicada no período junino, a Prefeitura de Senhor do Bonfim reforçou a "importância de celebrar com responsabilidade e respeito às leis", e destacou que a Guerra de Espadas "representa riscos reais à vida e à segurança de todos e é considerada crime, conforme previsto na Lei Federal nº 10.826/2003".

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