Estudo aponta que redes sociais não têm solução simples para polarização

Simulação com perfis artificiais indica que redes sociais não têm solução para problemas como polarização, bolhas ideológicas e incentivo ao sensacionalismo

Por Ananda Costa.

Um estudo da Universidade de Amsterdã concluiu que redes sociais não têm solução simples para conter a polarização, a formação de bolhas ideológicas e a priorização de conteúdos sensacionalistas.

Redes sociais não têm solução? Veja o que diz estudo. Foto: Pexels

Segundo os pesquisadores, essas distorções não decorrem apenas de decisões estratégicas, mas de aspectos estruturais das plataformas.

Como funcionou a pesquisa que diz que as redes sociais não têm soluções simples?

Foto: Freepik

Os pesquisadores criaram uma simulação com 500 perfis artificiais cujo comportamento, cliques, curtidas, compartilhamentos, foi modelado por inteligência artificial para refletir padrões reais de usuários. Desde os primeiros momentos da simulação, surgiram bolhas ideológicas e polarização entre os perfis. 

Mesmo com as estratégicas, nenhuma das medidas conseguiu interromper a polarização e formação de bolhas, nem neutralizar a preferência por postagens sensacionalistas. 

De acordo com os autores, tais problemas não derivam apenas de decisões estratégicas das plataformas, mas de características fundamentais de seu funcionamento, o que dificulta, segundo o estudo, a correção dessas tendências.

Perigos das redes sociais

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Excesso de informações

O que antes era especulação se tornou fato científico. Segundo o estudo "Sharing Without Clicking on News in Social Media" (Compartilhar sem Clicar em Notícias nas Redes Sociais), publicado na revista Nature de novembro, 75% das pessoas compartilham notícias sem ler.

A pesquisa, realizada pela Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, analisou dados de mais de 35 milhões de publicações na rede social Facebook entre 2017 e 2020.

O estudo, que contou com o apoio da Meta e do consórcio de pesquisa do Instituto de Ciências Sociais Quantitativas da Universidade de Harvard, apontou que a cada 10 pessoas, 7 compartilham notícias sem ler de fato o conteúdo.

O viés político das notícias também foi considerado, verificando-se que as pessoas de ambas as pontas ideológicas não se deram ao trabalho de ler o que compartilharam.

Na prática, os leitores de esquerda ou de direita apenas leram o título, independentemente do teor do conteúdo, compartilhando-o nas redes para aumentar o engajamento.

Um dos principais motivos de comportamento, segundo o estudo, é o fato de as pessoas serem bombardeadas e sobrecarregadas com informações, sem parar para refletir sobre o conteúdo e, muito menos, fazendo uma verificação primária das notícias, o que acaba gerando desinformação de forma involuntária.

Impactos psicológicos

Uma pesquisa da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, revelou os impactos psicológicos de um comportamento cada vez mais comum nas redes sociais: a autocomparação social.

O termo, cunhado por pesquisadores da instituição, refere-se ao ato de comparar a própria aparência com versões digitalmente aprimoradas de si mesmo — geralmente criadas com filtros que alteram traços físicos, como afinar o rosto ou emagrecer a silhueta.

A investigação teve origem no TikTok, após a estudante de pós-graduação Makenzie Schroeder observar usuários postando selfies com filtros de emagrecimento, acompanhadas de frases como “minha motivação”. Diferente do que costuma ser visto com celebridades e influenciadores, os conteúdos analisados eram produzidos por pessoas comuns que publicavam versões idealizadas de si mesmas.

Vício entre crianças e adolescentes

O uso indiscriminado de celulares por crianças e adolescentes tem preocupado especialistas nos últimos anos. Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2019, antes da pandemia de covid-19, 83% dos jovens brasileiros entre 9 e 17 anos já tinham celular.

Que a tecnologia pode trazer diversos benefícios, como, por exemplo, o acesso fácil à informação, a gente já sabe. Mas, para os pesquisadores, é preciso relembrar que o uso exagerado de telas e de redes sociais também traz riscos à saúde física e mental dos mais jovens.

Primeiramente, de acordo com a pesquisa, o uso excessivo de celulares desestimula os usuários a praticarem atividades físicas regulares, o que pode, com o tempo, acarretar doenças circulatórias e levar ao sedentarismo e, por consequência, à obesidade.

Por isso, problemas de postura e dores na coluna começaram a se tornar mais frequentes nessa geração. Outra questão preocupante é a qualidade do sono: quanto mais expostos à luz azul ficamos durante a noite, mais difícil é pegar no sono.

Uma pesquisa feita em Flandres, na Bélgica, apontou que o uso de celular à noite é uma prática cada vez mais comum entre estudantes de 13 a 17 anos, o que está diretamente relacionado ao aumento do nível de cansaço e indisposição desses adolescentes na escola.

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