Bahia tem 95% das cidades com desenvolvimento baixo ou crítico, diz estudo
Segundo o IFDM 2025, apesar de melhora nos últimos 10 anos, Bahia apresenta desempenho inferior à média nacional, com maioria das cidades em situação socioeconômica alarmante
Por Matheus Caldas.
Um retrato alarmante da desigualdade socioeconômica na Bahia foi exposto na edição 2025 do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). O estudo revelou que 95,4% dos 417 municípios baianos estão classificados como de desenvolvimento baixo ou crítico — uma proporção superior à média nacional de 47,3%.
Conforme a publicação, 90,4% dos municípios baianos apresentam desenvolvimento baixo e 5% estão em situação crítica. Apenas 4,6% das cidades atingiram nível moderado e nenhuma alcançou grau alto de desenvolvimento.
Em números absolutos, o levantamento mostra que 10,4 milhões de baianos (70,5%) vivem em municípios com desenvolvimento considerado crítico ou baixo, o que coloca o estado como o pior do Brasil nesse quesito, superando inclusive Maranhão e Pará. A Firjan destaca: "A Bahia é o estado onde mais pessoas vivem em municípios situados nessas condições de desenvolvimento."
Apesar do cenário desfavorável, houve evolução no IFDM baiano entre 2013 e 2023: o índice estadual passou de 0,2966 para 0,4920, uma alta de 65,9% (veja abaixo). O principal motor desse avanço foi a área de Educação, com crescimento de 130,9%, seguida por Saúde (+69,2%) e Emprego & Renda (+22,6%).
Educação melhora, mas segue em níveis preocupantes
O IFDM Educação subiu de 0,2127 para 0,4910 em uma década. Ainda assim, a maioria dos municípios segue em situação crítica ou baixa: 71,2% com desenvolvimento baixo, 16,5% com desenvolvimento crítico, apenas 12,2% alcançaram desenvolvimento moderado e nenhum atingiu grau alto.
Saúde é a melhor área, mas só um município tem grau alto
Na vertente da Saúde, o índice médio saltou de 0,3321 para 0,5620, ficando 6,4% abaixo da média nacional. O município de Maetinga foi o único a atingir grau de desenvolvimento alto nessa área. Mesmo assim: 61,4% dos municípios têm desenvolvimento baixo, 34,1% moderado, 4,3% seguem em grau crítico.
Emprego e renda seguem como grande gargalo
O menor avanço foi registrado em Emprego & Renda, com crescimento de apenas 22,6% no período. A média do estado ficou em 0,4230, com predominância de classificações negativas: 54,9% dos municípios com desenvolvimento crítico, 35% com desenvolvimento baixo, 9,6% moderado e apenas dois municípios (0,5%) com grau alto.
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Os destaques positivos e negativos do ranking
O município de Luís Eduardo Magalhães lidera o ranking estadual de 2023, com IFDM de 0,6865. Salvador aparece em 7º lugar, com nota 0,6442. Outros destaques incluem Mata de São João, Irecê e Brumado. Segundo o estudo: "Luís Eduardo Magalhães foi o único, dentre os dez, a atingir grau de desenvolvimento alto na vertente Emprego & Renda."
Por outro lado, Pilão Arcado ocupa a última colocação no estado, com IFDM de apenas 0,2986. Cidades como Iramaia, Paratinga e Taperoá também estão entre os piores desempenhos. Um caso emblemático é o de Buritirama, que perdeu 81 posições no ranking estadual, mesmo com crescimento nas três áreas. A Firjan explica: "Embora a cidade tenha evoluído em todas as vertentes, o fato de ter crescido abaixo da média do estado nos dois últimos indicadores fez com que fosse ultrapassada por outros municípios."
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Quadro exige políticas públicas urgentes
Apesar de avanços pontuais, a análise deixa claro que o desenvolvimento socioeconômico da Bahia ainda é precário. A ausência de municípios com grau alto em qualquer uma das áreas avaliadas demonstra a necessidade urgente de políticas públicas estruturantes.
"Mesmo com evolução generalizada, a média do indicador do estado se situa abaixo da média nacional", conclui o estudo.
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