Caso Juliana acende alerta sobre segurança em turismo de aventura
Após tragédia na Indonésia, com a brasileira Juliana, especialista alerta: planejamento, preparo físico e apoio profissional são indispensáveis em trilhas e turismo de aventura
Por João Tramm.
A recente morte da brasileira Juliana Marins durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, reacendeu o debate sobre os riscos do turismo de aventura e a importância da segurança em roteiros que envolvem esforço físico, altitude, clima extremo e terrenos acidentados. O próprio governador da província de West Nusa Tenggara, admitiu falhas no resgate da turista e reconheceu a necessidade de aperfeiçoar os protocolos para estrangeiros em locais de difícil acesso.
Diante da comoção e das lacunas reveladas pelo caso, profissionais da área reforçam a importância de uma preparação adequada e do acompanhamento especializado. É o que aponta o turismólogo Mateus Bispo, bacharel em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Estado da Bahia, que atua como guia de turismo regional, nacional e também na América do Sul.
“É fundamental entender o que é turismo de aventura. A maior parte das atividades exige intensidade física e emocional, como foi o caso da Juliana, que estava fazendo uma trilha do tipo trekking, ou seja, de longa duração, com terreno acidentado e demanda de equipamentos de segurança e localização”, explica Mateus. Segundo ele, a primeira medida para evitar tragédias é avaliar se o viajante tem condições físicas e psicológicas para enfrentar aquele desafio, além de estar com exames de saúde em dia.
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O turismólogo também chama atenção para o desconhecimento de muitos brasileiros sobre as normas técnicas que já existem no país, como as da ABNT para o turismo de aventura. “Essas normas detalham os tipos de trilha, os equipamentos adequados e os cuidados com geolocalização, por exemplo. O que falta, muitas vezes, é o reconhecimento da importância do guia e do planejamento profissional da viagem”, destaca.
No Brasil, o potencial para esse tipo de turismo é imenso. Parques nacionais, estaduais e municipais, como a Chapada Diamantina, oferecem experiências únicas. No entanto, segundo Bispo, o poder público ainda precisa apoiar mais os voluntários que atuam em resgates e investir em brigadas de emergência. “Tem muito resgate feito com a ajuda da sociedade civil, porque o acesso de helicópteros é complicado em muitos pontos da Chapada. O governo precisa olhar com mais atenção para isso.”
Aprendizados com a tragédia de Juliana
Ainda com pontos a serem esclarecidos, o caso de Juliana Marins aponta uma série de alertas. Para Mateus, conhecer bem o destino e sua estrutura é essencial. “É um país com atendimento médico fácil? Tem equipe para resgate em caso de emergência? São questões que precisam ser pesquisadas antes da viagem”, afirma.
Outro ponto indispensável é o seguro viagem. “Ele não cobre só extravio de bagagem. Pode incluir remoção médica, internação, transporte de familiar em caso de acidente grave e até repatriação do corpo em caso de morte. É duro falar, mas é necessário”, alerta.
A presença de um guia capacitado também é, segundo o especialista, um diferencial decisivo. “Mesmo em trilhas consideradas simples, o guia sabe ler o terreno, prever mudanças climáticas, prestar socorro e decidir se aquela atividade pode ou não ser realizada naquele dia. Ele garante que você entre e saia em segurança.”
O que levar e como se preparar
Na prática, planejamento é sinônimo de prevenção. “Saber o grau de dificuldade da trilha é o primeiro passo. Depois, preparar o corpo, a mente e os equipamentos certos: tênis com boa aderência, roupas apropriadas, mochila leve, água, alimentação adequada e itens de primeiros socorros”, orienta Mateus.
Ele reforça que o apoio de um guia facilita toda essa organização. “O profissional ajuda a definir o roteiro, avaliar as capacidades do grupo, montar o kit ideal e orientar sobre imprevistos. Isso transforma uma experiência arriscada em uma aventura segura.”
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