RIO DE JANEIRO: ?Preto e mulato não são raça”, afirmou pedagoga em ofensa racista contra mulher em praia carioca; Veja o vídeo
RIO DE JANEIRO: ?Preto e mulato não são raça”, afirmou pedagoga em ofensa racista contra mulher em praia carioca; Veja o vídeo
O ‘ataque racista’ que a agente de viagens Sulamita Mermier, de 31 anos, sofreu no último domingo (28/8), ganhou as páginas dos principais veículos do país e tem gerado bastante revolta nas redes sociais. O jornal carioca o Globo acompanhou todo o caso.
Segundo matéria publicada no periódico, Sulamita teria planejado um dia de folga perfeito com a irmã e uma amiga. Mas, segundo ela, logo após esticar sua canga na areia, na praia do Recreio, começou a ouvir palavras de teor racista, vindas de uma mulher sentada a poucos centímetros de sua barraca.
No começo, Sulamita ficou na dúvida, não sabia se era o alvo dos xingamentos. Mas, quando a senhora de meia idade, loura, insistiu em dizer que ?não entendia porque mulata pegava sol?, ela teve certeza de que estava sendo vítima de racismo.
Ontem (31/8), por volta das 15h30m, imagens da acusada, gravadas pela câmera do celular de Sulamita e compartilhadas nas redes sociais, já tinham 2,7 milhões de visualizações. O episódio revoltou internautas e entidades que lutam contra a discriminação.
A mulher que aparece no vídeo foi identificada como Sonia Rebello Fernandez, uma pedagoga de 54 anos. Encaminhada por policiais militares para a 16ª DP (Barra), ela foi presa em flagrante no domingo (28/8) e indiciada por injúria racial, com pena prevista de reclusão de um a três anos e multa. Após pagar fiança de R$ 500, a acusada foi solta e responderá em liberdade.
Sulamita conta que já foi vítima de xingamentos racistas no passado, mas nunca imaginou que isso aconteceria numa praia carioca, que deveria ser um ambiente democrático. ” Eu não fiz nada. Estava com minha irmã e minha amiga, que são brancas. Ela falava, olhando para mim: ?Hi, Hitler?. ?Preto e mulato não são raça, são sub-raça?. ?Não entendo porque preto pega sol?. ?Esses cabelos duros? “, disse Sulamita, acrescentando:
“Ela estava com o marido, uma senhora e duas garotas. Quando começou a falar, essa senhora saiu, disse que não era racista e não concordava com as agressões verbais”. Segundo a agente de viagens, a mulher dizia que ?pagava um condomínio caro? e que ?suburbanos deveriam procurar outra praia?. Após minutos aguentando a agressão verbal, Sulamita conta que começou a gravar a cena.
A amiga, chorando, ligou para a polícia. Segundo Sulamita, a confusão começou por volta de 13h30m e durou até umas 16h30m, quando a PM chegou. “Virou um show. Ela falou: pode gravar mesmo, tenho dinheiro e isso não vai dar em nada”
O vídeo foi compartilhado nas redes sociais por um amigo da vítima. Num dos trechos, Sonia diz: ?Sorry, você é mulata. Você é uma complexada, por ter cabelo duro?. Ela também desafia a vítima: ?Grava essa m… A gente vai para a delegacia e tu vai pagar mico. Porque eu não sei quem você é, eu sei quem eu sou. Você eu nunca vi?.
Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ e Coordenador Nacional de Comunicação do Movimento Negro Unificado, Marcelo Dias diz que as cenas mostram uma atitude racista. Ele ficou chocado com o fato de a acusada ser pedagoga e lamentou que a maioria dos casos de crime de racismo ainda seja enquadrada como injúria, que prevê fiança baixa.
* Com informações do O Globo