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Protagonismo de diretor da Anvisa mexe com Bolsonaro e emperra decisão sobre exigência de exame da Covid-19 depois de desembarque

Uma das possibilidades é exigir que o viajante contrate o exame quando ainda estiver fora do Brasil, apresentando o comprovante de agendamento e de pagamento às autoridades na entrada do país.

Por Da Redação

Protagonismo de diretor da Anvisa mexe com Bolsonaro e emperra decisão sobre exigência de exame da Covid-19 depois de desembarqueTânia Rêgo/Agência Brasil

O Governo Federal estuda alternativas para o passaporte da vacina a estrangeiros, ideia recomendada de forma enfática pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas que enfrenta a resistência do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme publicou nesta segunda-feira (6/12) o jornal Folha de São Paulo.


A principal medida analisada seria exigir que viajantes fizessem exame para Covid-19 nas primeiras 24 horas em que estiverem no Brasil.


Ainda de acordo com a publicação, com isso, os passageiros precisariam de dois exames para circular livremente: o primeiro deles seria feito nas 72 horas anteriores do embarque para o país –exigência que já está em vigor. O segundo seria feito no primeiro dia em que a pessoa já estivesse em solo brasileiro.


Uma das possibilidades, segundo a Folha, é exigir que o viajante contrate o exame quando ainda estiver fora do Brasil, apresentando o comprovante de agendamento e de pagamento às autoridades na entrada do país. Com isso, seria possível descobrir passageiros que fazem o teste 72 horas antes, têm resultado negativo –mas mesmo assim estão infectados.


A publicação ressaltou, ainda, que foi exatamente o que aconteceu com o primeiro brasileiro que chegou da África do Sul infectado pela variante Ômicron: ele fez um exame antes da viagem, o resultado deu negativo –e só um segundo teste, feito no Brasil, confirmou que ele estava com Covid.


Depois do surgimento da variante Ômicron, a Anvisa vem reforçando de forma enfática a recomendação para que o Brasil adote o passaporte da vacina. A Agência de Vigilância Sanitária afirma que o país pode virar destino turístico antivacinal sem o controle, atraindo pessoas de outros países que se recusam a tomar o imunizante.


IRA DO PRESIDENTE


A medida defendida pela Anvisa irritou Bolsonaro e colocou o diretor-geral da Anvisa, Barra Torres, no centro da ira do chefe de Estado, segundo o Blog da Andréia Sadi, do Portal G1. A publicação aponta que o presidente da República vem se incomodando com o protagonismo do chefe da agência.


Na última segunda, Bolsonaro ordenou, em cima da hora, o cancelamento de uma reunião com técnicos da Anvisa que debateria, entre outros assuntos, a adoção do passaporte de vacina para estrangeiros. 


O motivo oficial do cancelamento não foi informado. Mas, segundo auxiliares do presidente, ele mandou cancelar a reunião assim que soube que a agência comandada por Torres “iria apresentar novas medidas de restrição”. Nos bastidores, Bolsonaro vem criticando o dirigente da Anvisa – cuja indicação foi feita por ele mesmo, em 2020. 


A expectativa do governo era que Torres adotasse diretrizes alinhadas com a gestão do presidente no que se refere à gestão da crise sanitária. O chefe da Anvisa é militar, e Bolsonaro tinha o intuito que ele tivesse perfil similar ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que evitava adotar medidas técnicas. No caso da agência, isto não aconteceu.


Apesar da irritação, afirmam aliados, o problema é que Bolsonaro não pode demitir o diretor – já que se trata de um cargo com mandato -. Então, o presidente demonstra sua insatisfação com o trabalho da agência com decisões como a da última segunda, cancelando o encontro com a agência.


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